top of page

Um Passo à Frente: Exame De Sangue Detecta Câncer 3 Anos Antes Dos Sintomas

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 16 de jun.
  • 4 min de leitura
ree

Cientistas descobriram que é possível detectar sinais de câncer no sangue até três anos antes de a doença dar sintomas. Com um exame de sangue avançado, chamado MCED, eles encontraram pequenas mutações no DNA liberado por tumores muito antes do diagnóstico. Isso abre caminho para identificar o câncer mais cedo e aumentar as chances de tratamento e cura.


Cientistas estão desenvolvendo formas cada vez mais precisas de identificar o câncer antes mesmo que a pessoa sinta qualquer sintoma ou que a doença seja visível em exames tradicionais. Um estudo recente mostrou que isso já é possível em alguns casos.


Pesquisadores da Johns Hopkins Medicine analisaram amostras de sangue de pessoas que participaram de um grande estudo sobre doenças cardiovasculares chamado ARIC (Risco de Aterosclerose em Comunidades). 


Eles escolheram 26 pessoas que mais tarde foram diagnosticadas com câncer e compararam com 26 pessoas saudáveis, com idade e outras características parecidas. O objetivo era descobrir se sinais do câncer já estavam presentes no sangue dessas pessoas antes do diagnóstico.

ree

O teste usado no estudo se chama MCED, que é a sigla em inglês para detecção precoce de múltiplos cânceres (Multi-Cancer Early Detection). Ele é feito a partir de uma simples amostra de sangue, ou seja, é um exame que parece muito com o que as pessoas fazem em laboratórios para medir colesterol, glicose ou outras coisas no sangue. 


Mas o que esse teste procura é muito mais específico: ele busca pequenos pedaços de DNA tumoral circulante, que são fragmentos de material genético liberados por células cancerosas na corrente sanguínea.


Quando as células de um tumor começam a se multiplicar, algumas delas morrem e liberam esse DNA no sangue. O teste MCED é capaz de “caçar” esses pedacinhos de DNA e identificar se existem alterações ou mutações genéticas que são características de células cancerosas.

ree

Célula cancerigena morrendo


Para conseguir isso, os cientistas usam tecnologias muito avançadas de sequenciamento genético. Imagine uma máquina que consegue “ler” as letras do nosso DNA (A, T, C, G, que são os códigos genéticos) e comparar com o DNA normal esperado. O aparelho procura por erros ou mudanças nesse código que são típicas de um câncer. 


São usados equipamentos de alta precisão, chamados sequenciadores de nova geração (em inglês, Next-Generation Sequencing, ou NGS), que são capazes de analisar bilhões de pedaços de DNA em uma única amostra de sangue.

ree

Maquina Next-Generation Sequencing


Mas como o DNA tumoral circulante aparece em quantidades muito pequenas, especialmente quando o câncer ainda está no começo, o teste precisa ser extremamente sensível. Por isso, além dos sequenciadores, os laboratórios usam programas sofisticados de bioinformática (software que analisa dados genéticos) para detectar até as menores alterações no meio de milhões de pedaços de DNA saudável.


O mais impressionante foi que, em quatro desses casos, as mutações já estavam lá em amostras de sangue colhidas mais de três anos antes do diagnóstico oficial. 


Para se ter uma ideia, no estudo, quando os cientistas analisaram o sangue coletado anos antes do diagnóstico, o DNA tumoral estava em concentrações de 8 a 79 vezes menores do que na amostra mais próxima ao momento em que o câncer foi descoberto. Isso mostra o poder do teste em identificar algo tão minúsculo e precoce. Isso indica que o câncer pode estar presente e crescendo em silêncio por anos até causar sintomas.

ree

Os pesquisadores destacaram que essa descoberta abre uma nova janela de oportunidade para identificar e tratar o câncer em estágios muito iniciais, quando há mais chances de cura.


Eles reforçam que essa linha de pesquisa pode mudar a forma como fazemos o rastreamento da doença, permitindo intervenções muito antes de o câncer se espalhar ou se tornar mais difícil de tratar. 


Os cânceres identificados com o teste de detecção precoce (MCED, multi-cancer early detection) foram principalmente tipos sólidos, já que esses liberam mais material genético tumoral (DNA tumoral circulante, ou ctDNA) na corrente sanguínea. 

ree

Embora o estudo tenha sido pequeno (com 26 pessoas que desenvolveram câncer), os tipos de câncer detectados incluíram: Câncer de pulmão, de pâncreas, de intestino (colorretal), de ovário, e de fígado.


Esses tipos foram mencionados porque são conhecidos por liberar mutações detectáveis no sangue e geralmente são difíceis de diagnosticar precocemente pelos métodos tradicionais.


No entanto, eles também alertam que ainda é preciso estudar como agir depois que um teste desses dá positivo, para evitar tratamentos desnecessários e oferecer as melhores opções a cada paciente. Esses avanços mostram como a ciência está tentando transformar o diagnóstico e o combate ao câncer em algo mais precoce, preciso e menos invasivo.



LEIA MAIS:


Detection of cancers three years prior to diagnosis using plasma cell-free DNA 

Yuxuan Wang, Corinne E. Joshu, Samuel D. Curtis, Christopher Douville, Vernon A. Burk, Meng Ru, Maria Popoli, Janine Ptak, Lisa Dobbyn, Natalie Silliman, Josef Coresh, Eric Boerwinkle, Anna Prizment, Chetan Bettegowda, Kenneth W. Kinzler, Nickolas Papadopoulos, Elizabeth A. Platz, and Bert Vogelstein 

Cancer Discov (2025)


Abstract:


To explore how early can cancers be detected prior to clinical signs or symptoms, we assessed prospectively collected serial plasma samples from the Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) study, including 26 participants diagnosed with cancer and 26 matched controls. At the index time point, eight of these 52 participants scored positively with a multicancer early detection (MCED) test. All eight participants were diagnosed with cancer within 4 months after blood collection. In six of these 8 participants, we were able to assess an earlier plasma sample collected 3.1 to 3.5 years prior to clinical diagnosis. In four of these six participants, the same mutations detected by the MCED test could be identified, but at 8.6 to 79-fold lower mutant allele fractions. These results demonstrate that it is possible to detect circulating tumor DNA more than three years prior to clinical diagnosis, and provide benchmark sensitivities required for this purpose.

 
 
 

Comentários


© 2020-2025 by Lidiane Garcia

bottom of page