Solução Prática e Eficaz: Injeção Semanal Pode Mudar Rotina De Pacientes Com Parkinson
- Lidi Garcia
- 16 de jul.
- 5 min de leitura

A doença de Parkinson afeta os movimentos do corpo porque o cérebro para de produzir dopamina, uma substância importante para o controle motor. O principal tratamento é a levodopa, mas ela precisa ser tomada várias vezes ao dia, o que pode ser difícil para muitos pacientes, principalmente os idosos. Por isso, cientistas estão desenvolvendo uma nova forma de aplicar o remédio: um tipo de injeção que forma um pequeno implante dentro do corpo e libera o medicamento aos poucos durante uma semana. Esse novo método pode facilitar o tratamento, reduzir os efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida de quem tem Parkinson.
A doença de Parkinson é uma condição crônica e progressiva do cérebro que prejudica os movimentos do corpo. Isso acontece porque os neurônios que produzem dopamina, um mensageiro químico essencial para o controle motor, vão morrendo aos poucos. Ela é a segunda doença neurológica mais comum no mundo, afetando cerca de 8,5 milhões de pessoas.
Embora ainda não exista cura, o tratamento atual foca no alívio dos sintomas. O principal medicamento usado é a levodopa, que repõe a dopamina no cérebro e melhora os movimentos. Para funcionar melhor, ela é combinada com outra substância chamada carbidopa, que evita que a levodopa seja quebrada fora do cérebro antes de fazer efeito.
A levodopa age rapidamente no corpo, mas como sua ação dura pouco tempo, os pacientes precisam tomá-la várias vezes ao dia. Isso pode ser um problema, principalmente para pessoas idosas ou com dificuldades de engolir comprimidos.

Além disso, essas doses repetidas causam oscilações nos níveis do medicamento no sangue, o que pode levar a efeitos colaterais e instabilidade nos sintomas. Por isso, pesquisadores têm buscado maneiras de tornar o tratamento mais constante e menos trabalhoso.
Uma dessas alternativas são os injetáveis de longa duração, que liberam o remédio de forma lenta e contínua no corpo por vários dias. Eles ajudam a manter os níveis do medicamento mais estáveis, reduzindo a quantidade de doses e os efeitos colaterais.
Entre as técnicas estudadas, está o uso de implantes que se formam dentro do corpo, chamados de sistemas in situ. São substâncias líquidas aplicadas com uma pequena agulha, que se transformam em um tipo de gel ou implante sólido quando entram em contato com os fluidos do corpo, liberando o medicamento aos poucos.

Neste estudo, os cientistas desenvolveram um sistema desse tipo para administrar levodopa e carbidopa de maneira controlada por até uma semana. Eles usaram dois tipos de polímeros biodegradáveis: PLGA, que já é muito usado em medicamentos de liberação prolongada, e Eudragit L-100, que ajuda a ajustar o tempo e a forma como o remédio é liberado.

Essa imagem mostra como foi desenvolvido e testado um novo tipo de injeção semanal para tratar a Doença de Parkinson. Na parte A (à esquerda), vemos o processo de preparo: os pesquisadores misturaram dois polímeros (PLGA e Eudragit) com dois medicamentos (levodopa e carbidopa), que são os mais usados para tratar os sintomas da doença. Essa mistura foi aquecida e depois resfriada, formando uma formulação líquida pronta para ser injetada. Na parte B (à direita), são mostrados os testes feitos com essa formulação. Eles avaliaram a liberação do medicamento ao longo do tempo em laboratório (in vitro), a espessura do líquido (viscosidade), se ele é seguro para as células (teste de viabilidade celular), e fizeram previsões de como ele funcionaria no corpo humano. O objetivo é que essa injeção libere o remédio de forma controlada por até uma semana, evitando que o paciente precise tomar vários comprimidos por dia, o que facilitaria muito o tratamento do Parkinson.
A fórmula escolhida apresentou bons resultados: conseguiu liberar quase todo o medicamento ao longo de sete dias, manteve boa viscosidade (facilitando a aplicação com seringa) e mostrou ser segura para as células.
Os testes mostraram que a nova formulação libera 34% da levodopa e 37% da carbidopa nas primeiras 24 horas, e cerca de 90% no total após uma semana. Além disso, o implante praticamente se desfez no corpo ao fim desse período.
As simulações feitas em laboratório e em ambiente semelhante ao corpo humano indicaram que os níveis do remédio no sangue seriam suficientes para o efeito terapêutico esperado. Isso sugere que esse novo sistema pode ser uma forma promissora e mais prática de tratar a doença de Parkinson no futuro, oferecendo mais conforto e regularidade aos pacientes.

Microscopia eletrônica de varredura (MEV) do implante coletado a partir de amostras. As imagens mostram amostras de implante coletadas no Dia 1, Dia 3 e Dia 9. Diferenças notáveis foram observadas na porosidade da superfície das amostras coletadas em diferentes momentos. A amostra do Dia 1 apresentou uma estrutura compacta na superfície, bem como na seção transversal. Portanto, a liberação do fármaco nas primeiras 8 horas pode ter ocorrido a partir da superfície do implante. Com o passar do tempo, houve a formação de uma estrutura porosa. No Dia 3, poros começaram a se formar na superfície do implante, com uma estrutura menos compacta na seção transversal. Além disso, o inchaço da estrutura interna foi observado no Dia 3, o que pode ser a característica do aumento da liberação do fármaco do implante via difusão em direção ao meio de liberação. No Dia 7, foi observada liberação de até 90% do fármaco, a superfície tornou-se muito porosa com a erosão da estrutura do polímero destacada no círculo vermelho.
LEIA MAIS:
Development of an in-situ forming implant system for levodopa and carbidopa for the treatment of parkinson’s disease.
Deepa D. Nakmode, Sadikalmahdi Abdella, Yunmei Song, and Sanjay Garg
Drug Deliv. and Transl. Res. 07 June 2025
Abstract:
Long-acting injectables have gained attraction as a system for treating chronic conditions due to their increased efficacy, safety, and patient compliance. Currently, patients with Parkinsons need to administer oral medications multiple times a day which imposes the significant risk of non-compliance. This study aimed to design an in-situ implant-forming system for controlled delivery of levodopa and carbidopa for up to 1 week which will reduce the need for multiple dosing. The combination of poly-lactic-co-glycolic acid (PLGA 50:50) and Eudragit L-100 was used to prepare the implants and the formulation was optimized to achieve a controlled release over 7 days. The optimized formulation containing 26% PLGA and 6% Eudragit L 100 displayed a favorable release profile and injectability with low viscosity. The optimized formulation in vitro release study revealed an initial burst of 34.17% and 37.16% for levodopa and carbidopa in the first 24 h and about 92% and 81% release within 7 days. A good correlation was observed between the in-vitro drug release data and ex-vivo drug release with a correlation coefficient of 0.91 for levodopa and 0.90 for carbidopa. Viscosity analysis showed the Newtonian behavior of the formulation. Syringeability analysis of the formulation showed that the maximum force required for expelling the formulation was 32.98 ± 0.72 N using a 22 G needle. The in-vitro degradation studies revealed 81.89% weight loss of implant in 7 days. The prepared formulation was assessed for in-vivo performance using a convolution modeling technique using a convolve function in R software. The predicted AUC 0-∞ h for the in-situ forming implant was 26505.5 ng/ml with Cmax, 399.3 ng/ml, and Tmax 24 h assuming 100% bioavailability. The results justify that the prepared in-situ implant forming system can be a promising system for the delivery of levodopa and carbidopa for Parkinson’s patients.



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