Resumo:
Usando técnicas de aprendizado de máquina em um grande conjunto de dados de informações pré-natais e perinatais, os pesquisadores identificaram 17 de 40 fatores potenciais que são notavelmente fortes preditores de sintomas de TDAH em crianças. Ao focar em dados coletados durante a gravidez e o parto — como saúde materna, uso de substâncias, complicações durante o parto e métricas de nascimento — o estudo teve como objetivo entender como esses fatores iniciais da vida podem influenciar o desenvolvimento de sintomas de TDAH mais tarde na infância.
Um estudo recente, publicado por pesquisadores do departamento de Psiquiatria da Royal College of Surgeons in Ireland, explora se fatores pré-natais e perinatais (aqueles que ocorrem antes e logo após o nascimento) podem ajudar a prever sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na infância.
Ele também analisa se a precisão desse tipo de previsão varia entre diferentes subgrupos de uma população ampla, usando como base o banco de dados da coorte ABCD (Adolescent Brain Cognitive Development), dos Estados Unidos, que inclui quase 10.000 crianças entre 9 e 10 anos de idade.
Para começar, é útil entender o que são fatores pré-natais e perinatais. Esses fatores incluem uma variedade de informações relacionadas ao período de gestação e ao parto, como o uso de substâncias pela mãe durante a gravidez, complicações durante o parto, peso e condições de saúde do recém-nascido, além de fatores demográficos como idade dos pais e status socioeconômico.
Neste estudo, 40 dessas variáveis conhecidas desde o nascimento foram analisadas como potenciais indicadores do desenvolvimento futuro de sintomas de TDAH.
O TDAH é caracterizado por sintomas de desatenção, impulsividade e, em alguns casos, hiperatividade, que podem afetar negativamente a capacidade da criança de se concentrar, organizar e controlar seus impulsos.
Muitos estudos sugerem que uma combinação de fatores genéticos e ambientais contribui para o desenvolvimento do TDAH. No estudo atual, os pesquisadores queriam verificar se essas variáveis ambientais e biológicas relacionadas ao nascimento poderiam prever com alguma precisão o surgimento desses sintomas.
Para testar essa hipótese, os pesquisadores usaram um método estatístico chamado "regressão de rede elástica" com validação de cinco vezes. Esse método ajuda a identificar quais variáveis pré-natais e perinatais têm mais força para prever sintomas de TDAH.
A análise estatística mostrou que, entre as 40 variáveis, 17 delas se destacaram como preditores consistentes para sintomas de TDAH.
No entanto, a capacidade do modelo para prever sintomas foi moderada, explicando cerca de 8,13% da variação nos sintomas de TDAH entre as crianças (com uma margem de confiança de 95%).
Além disso, os pesquisadores dividiram o modelo por diferentes subgrupos para verificar se a precisão do modelo variava. A precisão preditiva mostrou diferenças marcantes dependendo de fatores como gênero, raça/etnia, renda familiar e histórico de problemas de saúde mental dos pais.
Especificamente, os fatores pré-natais e perinatais pareciam ser mais relevantes para alguns grupos de renda, e certos preditores apresentaram variação entre meninos e meninas.
Essa análise aprofundada sugere que os fatores de risco pré-natais e perinatais podem desempenhar papéis distintos em diferentes grupos populacionais.
Por fim, o estudo sugere que, embora seja possível prever os sintomas de TDAH na infância a partir de dados obtidos ao nascimento, essa previsão ainda é limitada e precisa ser aprimorada.
Para confirmar e possivelmente melhorar a precisão dessas descobertas, o estudo recomenda replicar a pesquisa com um acompanhamento prospectivo dos dados pré-natais e perinatais.
Ou seja, coletar informações dos fatores ao longo do tempo, desde a gravidez até os primeiros anos de vida, para entender de forma mais detalhada como esses fatores podem afetar o risco de TDAH.
Isso pode ajudar a desenvolver intervenções e estratégias de apoio mais personalizadas para crianças em risco, possibilitando um acompanhamento precoce e uma assistência mais eficaz ao longo do desenvolvimento infantil.
Preditores pré/perinatais robustos de sintomas de TDAH, em ordem de força (coeficiente B médio) na amostra completa em mulheres gravidas: sexo masculino, uso de drogas, fumante, UTI durante a gravidez, uso de medicamentos, anemia, raca e etnia, uso de drogas (nao Cannabis), complicacaoes no parto, nausea severa na gravidez, complicacoes na gravidez, idade materna jovem, idade paterna jovem, outras complicacoes, maes etnia pretas, maes etnia asiatica, parto de mais de uma crianca.
LEIA MAIS:
Predicting childhood ADHD-linked symptoms from prenatal and perinatal data in the ABCD cohort
Niamh Dooley, Colm Healy, David Cotter, Mary Clarke and Mary Cannon
Development and Psychopathology, Volume 36 Issue 2, 2023
Abstract:
This study investigates the capacity of pre/perinatal factors to predict attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD) symptoms in childhood. It also explores whether predictive accuracy of a pre/perinatal model varies for different groups in the population. We used the ABCD (Adolescent Brain Cognitive Development) cohort from the United States (N = 9975). Pre/perinatal information and the Child Behavior Checklist were reported by the parent when the child was aged 9–10. Forty variables which are generally known by birth were input as potential predictors including maternal substance-use, obstetric complications and child demographics. Elastic net regression with 5-fold validation was performed, and subsequently stratified by sex, race/ethnicity, household income and parental psychopathology. Seventeen pre/perinatal variables were identified as robust predictors of ADHD symptoms in this cohort. The model explained just 8.13% of the variance in ADHD symptoms on average (95% CI = 5.6%–11.5%). Predictive accuracy of the model varied significantly by subgroup, particularly across income groups, and several pre/perinatal factors appeared to be sex-specific. Results suggest we may be able to predict childhood ADHD symptoms with modest accuracy from birth. This study needs to be replicated using prospectively measured pre/perinatal data.
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