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Ritalina: Revelando os Segredos por Trás do Tratamento Mais Popular Para TDAH


Esse estudo investigou os efeitos da Ritalina na atividade cerebral de crianças com TDAH, usando ressonância magnética funcional. Os resultados mostraram que o Ritalina aumentou a atividade espontânea no núcleo accumbens (NAc) nas redes de controle cognitivo em crianças com TDAH, resultando em atenção sustentada mais estável. 


O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica caracterizada por sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade, que afetam principalmente crianças, mas também podem persistir na vida adulta. Esses sintomas podem interferir nas atividades cotidianas e no desenvolvimento social e acadêmico. 


O tratamento para o TDAH geralmente envolve medicamentos. O metilfenidato (MPH), também conhecido pelo nome comercial de Ritalina, é um medicamento amplamente utilizado no tratamento do TDAH em crianças e adolescentes. 


Ele age aumentando os níveis de dopamina e norepinefrina no cérebro, ajudando a melhorar a atenção e reduzir a impulsividade e hiperatividade. Ele tem se mostrado eficaz em aliviar os sintomas, mas os mecanismos exatos de como o medicamento age no cérebro ainda não são completamente compreendidos.


Estudos indicam que entre 5% e 10% das crianças em idade escolar são diagnosticadas com TDAH, e uma grande proporção delas é tratada com metilfenidato, tornando-o uma das opções de primeira linha mais prescritas para esse transtorno. 

A principal teoria sobre os efeitos terapêuticos do metilfenidato envolve a dopamina, um neurotransmissor importante para funções como motivação, atenção e controle de impulsos. 


Indivíduos com TDAH apresentam uma menor disponibilidade de receptores de dopamina em certas áreas do cérebro, como o núcleo accumbens (NAc). O NAc está ligado ao sistema de recompensa do cérebro, ajudando a controlar a motivação e o comportamento orientado a objetivos. O metilfenidato age aumentando os níveis de dopamina nessas regiões, ajudando a melhorar a atenção e reduzir a impulsividade. 


Porém, apesar do uso generalizado do medicamento, os detalhes sobre como ele afeta a atividade cerebral e como isso se relaciona aos sintomas do TDAH ainda são incertos.


No cérebro, diferentes redes estão envolvidas no controle cognitivo, como a rede de saliência (SN), a rede frontoparietal (FPN) e o modo padrão de rede (DMN). Estas redes ajudam a regular a atenção e o comportamento, sendo cruciais para a adaptação a diferentes tarefas cognitivas e o processamento de informações relevantes.

Estudos anteriores mostraram que, no TDAH, o funcionamento dessas redes pode ser alterado, contribuindo para déficits de atenção e controle cognitivo. O metilfenidato, ao afetar a dopamina, pode melhorar a conectividade e a atividade dessas redes, resultando em uma atenção mais estável.


Um estudo recente investigou como o metilfenidato afeta a atividade cerebral em crianças com TDAH. O estudo foi conduzido em um ensaio clínico duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, um tipo de experimento considerado altamente confiável para testar a eficácia de tratamentos.


No ensaio, um grupo de crianças com TDAH foi submetido a sessões de ressonância magnética funcional (fMRI), uma técnica de imagem que permite observar a atividade cerebral em tempo real.


Durante essas sessões, as crianças foram divididas aleatoriamente em dois grupos: um que recebeu o medicamento metilfenidato (MPH), e outro que recebeu um placebo (substância sem efeito terapêutico). 


Nem as crianças nem os pesquisadores sabiam quem estava tomando o MPH ou o placebo, o que garante que os resultados não sejam influenciados por expectativas ou viés.

Ao comparar os efeitos do MPH e do placebo, os pesquisadores puderam analisar como o metilfenidato altera a atividade cerebral, especificamente nas regiões relacionadas à atenção e ao controle cognitivo, como o núcleo accumbens e as redes de saliência e modo padrão. 


Isso permitiu identificar de forma mais precisa os mecanismos cerebrais subjacentes aos efeitos terapêuticos do medicamento no tratamento do TDAH.


Os resultados mostraram que o metilfenidato aumentou a atividade cerebral no NAc e nas redes de saliência e modo padrão. Essas mudanças na atividade neural estavam associadas a melhorias no desempenho da atenção sustentada das crianças, ou seja, uma maior capacidade de manter a atenção por períodos prolongados, o que significa que o medicamento ajudou a melhorar a concentração.


O fato de que esses resultados foram observados em mais de um estudo independente dá ainda mais confiança de que o metilfenidato realmente tem esses efeitos positivos no cérebro e no comportamento das crianças com TDAH.

Esses achados fornecem uma visão mais clara de como o metilfenidato pode atuar no cérebro para melhorar os sintomas do TDAH. Aumentar a atividade em áreas-chave do cérebro, como o NAc, e em redes de controle cognitivo, pode ser o mecanismo responsável por melhorar a atenção e reduzir a impulsividade. 


Essa compreensão mais aprofundada abre caminho para o desenvolvimento de biomarcadores que possam ajudar a personalizar o tratamento para cada paciente e avaliar melhor os resultados do tratamento com metilfenidato.


Esse estudo contribui para o entendimento de como medicamentos como o metilfenidato podem afetar o cérebro de crianças com TDAH e oferece novos insights para o aprimoramento do tratamento dessa condição.



LEIA MAIS:


Methylphenidate Enhances Spontaneous Fluctuations in Reward and Cognitive Control Networks in Children With Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder

Yoshifumi Mizuno, Weidong Cai, Kaustubh Supekar, Kai Makita, Shinichiro Takiguchi, Timothy J. Silk, Akemi Tomoda, Vinod Menon

Biological Psychiatry: Cognitive Neuroscience and Neuroimaging.Volume 8, Issue 3, Pages 271-280


Abstract:


Methylphenidate, a first-line treatment for attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD), is thought to influence dopaminergic neurotransmission in the nucleus accumbens (NAc) and its associated brain circuitry, but this hypothesis has yet to be systematically tested. We conducted a randomized, placebo-controlled, double-blind crossover trial including 27 children with ADHD. Children with ADHD were scanned twice with resting-state functional magnetic resonance imaging under methylphenidate and placebo conditions, along with assessment of sustained attention. We examined spontaneous neural activity in the NAc and the salience, frontoparietal, and default mode networks and their links to behavioral changes. Replicability of methylphenidate effects on spontaneous neural activity was examined in a second independent cohort. Methylphenidate increased spontaneous neural activity in the NAc and the salience and default mode networks. Methylphenidate-induced changes in spontaneous activity patterns in the default mode network were associated with improvements in intraindividual response variability during a sustained attention task. Critically, despite differences in clinical trial protocols and data acquisition parameters, the NAc and the salience and default mode networks showed replicable patterns of methylphenidate-induced changes in spontaneous activity across two independent cohorts. We provide reproducible evidence demonstrating that methylphenidate enhances spontaneous neural activity in NAc and cognitive control networks in children with ADHD, resulting in more stable sustained attention. Our findings identified a novel neural mechanism underlying methylphenidate treatment in ADHD to inform the development of clinically useful biomarkers for evaluating treatment outcomes.

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