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O Trauma Não é O Único Culpado: Entenda o Que Causa o Transtorno De Estresse Pós-Traumático

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 28 de ago.
  • 4 min de leitura
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O transtorno de estresse pós-traumático é uma condição que pode surgir após experiências muito difíceis, como acidentes, violência ou doenças graves. Ele faz a pessoa reviver o trauma, ter medo constante, sentir tristeza e evitar situações que lembram o que aconteceu. Um estudo mostrou que o risco de desenvolver esse transtorno não depende só do trauma em si, mas também da idade, do apoio social, da saúde física, da história de vida e até da genética. Ter família e amigos por perto, além de apoio profissional, pode ajudar muito a reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida.


O transtorno de estresse pós-traumático é uma condição psicológica que pode surgir após uma experiência de grande impacto emocional, como guerras, acidentes, catástrofes naturais, violência, terrorismo ou doenças graves. Pessoas com esse transtorno sofrem com lembranças recorrentes do trauma, evitam situações que recordem o ocorrido, apresentam alterações de humor e podem viver em constante estado de alerta. Esse quadro não afeta apenas a vida do paciente, mas também a de sua família e de toda a rede social ao redor.


Apesar de já se saber muito sobre o transtorno, os tratamentos ainda não oferecem resultados plenamente satisfatórios. Além disso, o número de pessoas que desenvolvem a doença é muito alto: estima-se que cerca de 13 milhões de pessoas por ano em todo o mundo recebam esse diagnóstico. Isso torna o transtorno de estresse pós-traumático não apenas um problema pessoal de saúde mental, mas também um desafio de saúde pública global. 


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Um dos pontos mais importantes discutidos pela ciência é que o desenvolvimento do transtorno não depende apenas do evento traumático em si, mas também de diversos outros fatores que interagem entre si. Entre eles estão a intensidade e a gravidade do trauma, a história pessoal do indivíduo, experiências traumáticas anteriores, idade, gênero, condições de saúde física, nível de escolaridade, apoio social disponível e até predisposições genéticas e biológicas. 


Alterações no funcionamento do cérebro, especialmente em áreas como a amígdala e o hipocampo, e mudanças na regulação dos hormônios do estresse também foram associadas ao transtorno.


Para compreender melhor como todos esses fatores se relacionam, uma pesquisadora realizou duas etapas complementares. A primeira foi uma revisão de estudos científicos já publicados em bases de dados internacionais como PubMed, Scopus e UpToDate. 


Nessa fase, foram analisados artigos publicados desde 2010 que investigavam não apenas o transtorno de estresse pós-traumático em si, mas também fatores de risco como violência doméstica, traumas na infância, condições de saúde prévias e ausência de apoio social. Essa revisão permitiu reunir o que já havia sido descoberto pela ciência sobre a doença. 


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A segunda etapa envolveu uma pesquisa prática com 250 adultos de 21 a 55 anos, atendidos em ambientes de saúde. Para garantir que apenas novos casos fossem analisados, pessoas com diagnósticos psiquiátricos anteriores ou com doenças graves em andamento não foram incluídas. O histórico médico de cada participante foi conferido em prontuários. 


Todos responderam a um questionário padronizado de 20 perguntas que investigava sintomas típicos do transtorno, como reviver o trauma em pensamentos ou sonhos, evitar lembranças dolorosas, apresentar humor muito negativo e viver em estado constante de tensão. A pontuação obtida nesse questionário foi comparada com critérios médicos estabelecidos para confirmar ou não o diagnóstico.


Os resultados chamaram a atenção: 76% dos participantes, ou seja, 190 pessoas, apresentaram sintomas intensos suficientes para serem diagnosticados com o transtorno. Os casos mais graves foram encontrados em indivíduos acima de 40 anos e naqueles que haviam sofrido lesões físicas mais sérias. Por outro lado, pessoas com lesões leves mostraram menos sintomas. 


Um fator importante que reduziu o risco foi o apoio social: participantes que tinham emprego estável e boas relações familiares apresentaram sintomas mais leves. A pesquisa também reforçou que homens e mulheres podem ser afetados de formas diferentes dependendo do tipo de trauma: mulheres mostraram maior vulnerabilidade após violências de natureza sexual, enquanto homens e pessoas idosas foram mais afetados após doenças graves, como derrames ou infartos. 


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Em conclusão, o transtorno de estresse pós-traumático é uma condição complexa que resulta da interação entre trauma, história pessoal, contexto social e predisposições biológicas. O estudo mostra que ainda existem muitos fatores de risco a serem investigados e que não há um único caminho para o desenvolvimento da doença. 


No entanto, fica evidente que a prevenção e o tratamento devem considerar não apenas o evento traumático, mas também o apoio social, o histórico de vida e a vulnerabilidade biológica de cada pessoa. Esses achados reforçam a importância da intervenção precoce, do suporte social e de novas estratégias terapêuticas mais eficazes para enfrentar esse crescente problema de saúde mental em escala global.



LEIA MAIS:


Study of possible risk factors for posttraumatic stress disorder. 

Liana Spytska

The Humanistic Psychologist, 53(2), 313–323. 


Abstract: 


Recently, a large number of studies have been presented that studied psychopathologies that are connected with the impact of traumatic factors, great attention was focused on the more detailed disclosure of the problem of posttraumatic stress disorder (PTSD). However, despite the increased interest in this pathology, the appearance of a significantly bigger number of patients and the negative consequences for the lives of patients and their families, the efficiency of available treatment methods remains limited and rather unsatisfactory. Therefore, the main purpose of this work was to study the impact of various factors on the probability of developing PTSD. For this, a thorough systematic search of the necessary information was conducted in the databases: PubMed, Scopus, and UpToDate, and available relevant articles were processed, as well as a survey was conducted, during which the relationship between posttraumatic stress syndrome and a medical history of a traffic accident was studied. It was concluded that currently not all possible risk factors for PTSD development have been identified. It was identified that the development of this pathology is connected with the following factors: traumatic events and their severity, individual characteristics, presence or absence of previous psychological trauma in the medical history, gender, age, presence or absence of somatic diseases in an individual, social support, education level, and genetic and epigenetic factors. The results of this study can be used for further detailed study of the PTSD nature and finding effective methods to prevent the development of this pathology. (PsycInfo Database Record (c) 2025 APA, all rights reserved).

 
 
 

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