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Não é Só Para Atletas: A Creatina e as Crianças Com Atraso no Desenvolvimento

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 22 de jul.
  • 3 min de leitura
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Cientistas estão estudando uma nova forma de ajudar crianças com deficiência de creatina, uma condição rara que afeta o cérebro e pode causar dificuldades de fala e aprendizado. Usando uma técnica chamada ultrassom focalizado, os pesquisadores querem levar a creatina diretamente ao cérebro, ultrapassando uma barreira natural que normalmente impede a substância de chegar lá. A esperança é que isso ajude no desenvolvimento cerebral dessas crianças.


Muitos já ouviram falar da creatina como um suplemento usado por atletas para aumentar o desempenho muscular. No entanto, o que pouca gente sabe é que essa substância é muito mais do que isso, ela é essencial para o funcionamento saudável do nosso corpo, especialmente do cérebro. 


Por isso, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Biomédica Fralin, nos Estados Unidos, estão estudando uma forma inovadora de levar creatina diretamente ao cérebro de crianças que sofrem com uma condição rara chamada deficiência de creatina, que pode causar sérios atrasos no desenvolvimento da fala, da leitura e da aprendizagem.


A creatina é uma molécula naturalmente produzida pelo corpo e fundamental para fornecer energia às células. Ela atua no cérebro, no coração e nos músculos, ajudando a manter suas funções ativas. 

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No cérebro, ela é responsável por participar da produção de ATP (trifosfato de adenosina), que é basicamente o "combustível" das células. Além disso, a creatina também pode ajudar na comunicação entre os neurônios e até proteger o cérebro contra crises convulsivas, influenciando processos como memória, concentração e controle motor.


O grande problema é que, em algumas crianças com deficiência de creatina, essa substância não consegue chegar ao cérebro em quantidade suficiente, mesmo quando é tomada como suplemento. Isso acontece por causa de uma barreira natural chamada barreira hematoencefálica, que protege o cérebro de substâncias nocivas, como vírus ou toxinas. Infelizmente, essa barreira também bloqueia a entrada de substâncias benéficas como a creatina. 

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Para resolver esse desafio, a equipe liderada pelo professor Cheng-Chia “Fred” Wu está pesquisando o uso de uma tecnologia chamada ultrassom focalizado terapêutico. Essa técnica utiliza ondas sonoras altamente direcionadas para abrir temporariamente pequenas regiões da barreira protetora do cérebro, permitindo que a creatina (ou outros medicamentos) atravesse e chegue exatamente onde é necessária, sem causar danos às áreas saudáveis ao redor. 


Essa abordagem inovadora já está sendo testada como tratamento para tumores cerebrais infantis, e agora os cientistas acreditam que também pode ajudar crianças com deficiência de creatina. A pesquisadora Chin-Yi Chen, que faz parte do projeto, explicou que o objetivo é restaurar o desenvolvimento normal do cérebro, algo essencial para melhorar as habilidades cognitivas e de linguagem dessas crianças.

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O projeto está sendo apoiado por uma bolsa de 30 mil dólares da Associação para Deficiências de Creatina. Os primeiros testes estão sendo feitos com modelos experimentais, e o objetivo é demonstrar que essa nova forma de tratamento pode, de fato, permitir que a creatina chegue ao cérebro e normalize seu crescimento e funcionamento.


Essa pesquisa está sendo possível graças à colaboração entre a Virginia Tech e o Children’s National Hospital, reconhecidos como Centros de Excelência pela Focused Ultrasound Foundation. Essa união de esforços entre médicos, cientistas e engenheiros torna possível transformar uma pesquisa de laboratório em um tratamento real que pode, no futuro, melhorar a vida de muitas crianças.

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Chin-Yi Chen, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Biomédica Fralin da Virginia Tech, no VTC, trabalha no laboratório do professor assistente Fred Wu para desenvolver uma técnica que utiliza ultrassom focalizado para fornecer creatina diretamente ao cérebro. Foto de Lena Ayuk para a Virginia Tech.


Como diz a própria pesquisadora Chen: “Foi empolgante encontrar um laboratório onde a pesquisa pode se transformar em algo que realmente ajude os pacientes”. A esperança é que, com o avanço dos estudos, crianças que hoje enfrentam desafios no aprendizado e na comunicação possam ter uma chance melhor de desenvolver todo o seu potencial.



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Virginia Tech

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By Lena Ayuk. 27 JUN 2025

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