Novo Exame Promete Diagnóstico de Alzheimer Rápido, Simples e Eficaz
- Lidi Garcia
- 23 de abr.
- 5 min de leitura

Cientistas desenvolveram um exame de sangue que pode ajudar a detectar o Alzheimer com muita precisão, mesmo em estágios iniciais da doença. Esse novo teste mede uma proteína chamada p-tau217, que está ligada aos danos no cérebro causados pelo Alzheimer. Diferente de exames mais caros e difíceis de fazer, como os de imagem ou do líquido da espinha, esse exame de sangue é mais simples e pode ser feito em laboratórios comuns. Isso pode facilitar muito o diagnóstico precoce, permitindo que mais pessoas recebam o tratamento certo na hora certa.
Nos últimos anos, os cientistas avançaram muito na criação de exames de sangue que ajudam a detectar a doença de Alzheimer, mesmo antes dos sintomas ficarem muito graves.
Um dos marcadores mais promissores encontrados no sangue é chamado de p-tau217, uma proteína relacionada aos danos no cérebro causados pela doença. Medir essa proteína no sangue, isoladamente ou comparando com outras substâncias como a Aβ42, tem mostrado bons resultados em detectar a presença do Alzheimer.
Atualmente, os exames mais precisos para Alzheimer ainda são caros e difíceis de fazer, como a coleta do líquido da espinha (líquido cefalorraquidiano) ou exames de imagem sofisticados, como o PET.

Esses exames nem sempre estão disponíveis, principalmente em hospitais comuns. Por isso, a possibilidade de detectar a doença com um simples exame de sangue é uma grande revolução. Algumas técnicas de laboratório, como a espectrometria de massa, já conseguem fazer isso com precisão, mas exigem equipamentos caros e equipes especializadas.
Por outro lado, exames chamados “imunoensaios”, que já são usados para diagnosticar muitas doenças em laboratórios comuns, estão sendo adaptados para detectar Alzheimer também, o que pode tornar esses testes muito mais acessíveis.
Detectar corretamente o Alzheimer é um grande desafio, e muitos pacientes são diagnosticados de forma errada, especialmente quando não se usam os biomarcadores da doença. Isso acontece com frequência nos consultórios de atenção básica, onde os médicos nem sempre têm acesso aos exames mais sofisticados.
Por isso, tornar os exames de sangue automatizados e acessíveis pode ajudar muitos profissionais a diagnosticar a doença com mais precisão, de forma rápida e segura.

Esse avanço é ainda mais importante agora que alguns países já estão oferecendo tratamentos para os estágios iniciais do Alzheimer. Esses medicamentos exigem uma confirmação de que o paciente realmente tem a doença, o que só pode ser feito com ajuda de biomarcadores.
Além disso, o diagnóstico precoce permite começar o tratamento antes que o cérebro seja mais afetado, aumentando as chances de melhores resultados. Um dos exames mais promissores é o Lumipulse, que já tem autorização para uso com líquido da espinha e agora está sendo adaptado para o sangue.
O Lumipulse é uma tecnologia de exame laboratorial totalmente automatizada, usada para detectar certos problemas de saúde por meio da análise de amostras do corpo, como sangue ou líquido cefalorraquidiano (o líquido que circula no cérebro e na medula espinhal).
No caso do Alzheimer, o Lumipulse é usado para medir proteínas específicas ligadas à doença, como a p-tau217, que se acumula no cérebro quando há sinais precoces da condição. Esse exame funciona de forma parecida com outros exames de sangue que você faz em laboratórios comuns.
A grande vantagem do Lumipulse é que ele é rápido, preciso e pode ser feito em muitos laboratórios pelo mundo, sem a necessidade de máquinas muito caras ou especialistas raros. Ele ajuda os médicos a detectar o Alzheimer com mais confiança, especialmente nos estágios iniciais, quando o tratamento pode ser mais eficaz.

Nesse estudo, o objetivo dos pesquisadores Lund University, Suécia, foi testar a versão desse exame feita com amostras de sangue para ver se ele consegue realmente detectar a doença com precisão.
Eles analisaram amostras de mais de 1.700 pessoas com sintomas de perda de memória, de diferentes países europeus, Malmö (Suécia, n = 337), Gotemburgo (Suécia, n = 165), Barcelona (Espanha, n = 487) e Brescia (Itália, n = 230), e uma coorte de cuidados primários na Suécia (n = 548), tanto de clínicas especializadas quanto da atenção primária.
Os resultados mostraram que esse exame de sangue consegue identificar a doença de Alzheimer com alta precisão, especialmente em pessoas com menos de 80 anos. Em clínicas especializadas, a precisão foi de até 91%, e na atenção primária, chegou a 85%.

Todos os níveis de p-tau217 diferiram significativamente (P < 0,0001) entre os participantes com patologia DA positiva e negativa em todas as coortes, nomeadamente, Malmö (n = 337) (a), Gotemburgo (n = 165) (b), Barcelona (n = 487) (c), Brescia (n = 230) (d) e nos cuidados primários (Suécia) (n = 548) (e)
O desempenho foi um pouco menor em pessoas com mais de 80 anos, mas ainda assim bastante útil. Outras condições, como diabetes, doenças renais, sexo e o estágio da perda de memória, não afetaram a precisão do teste. Os pesquisadores também testaram combinações de marcadores para melhorar ainda mais os resultados e reduzir casos “indefinidos”.
Em resumo, esse exame de sangue automatizado para Alzheimer é um passo muito importante para tornar o diagnóstico da doença mais simples, rápido e acessível. Ele pode ser especialmente útil para médicos da atenção básica e permitir que mais pessoas tenham acesso ao diagnóstico correto e a tratamentos precoces, melhorando muito a qualidade de vida dos pacientes.
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Plasma phospho-tau217 for Alzheimer’s disease diagnosis in primary and secondary care using a fully automated platform
Sebastian Palmqvist, Noëlle Warmenhoven, Federica Anastasi, Andrea Pilotto, Shorena Janelidze, Pontus Tideman, Erik Stomrud, Niklas Mattsson-Carlgren, Ruben Smith, Rik Ossenkoppele, Kübra Tan, Anna Dittrich, Ingmar Skoog, Henrik Zetterberg, Virginia Quaresima, Chiara Tolassi, Kina Höglund, Duilio Brugnoni, Albert Puig-Pijoan, Aida Fernández-Lebrero, José Contador, Alessandro Padovani, Mark Monane, Philip B. Verghese, Joel B. Braunstein, Silke Kern, Kaj Blennow, Nicholas J. Ashton, Marc Suárez-Calvet and Oskar Hansson
Nature Medicine. 9 April 2025
DOI: 10.1038/s41591-025-03622-w
Abstract
Global implementation of blood tests for Alzheimer’s disease (AD) would be facilitated by easily scalable, cost-effective and accurate tests. In the present study, we evaluated plasma phospho-tau217 (p-tau217) using predefined biomarker cutoffs. The study included 1,767 participants with cognitive symptoms from 4 independent secondary care cohorts in Malmö (Sweden, n = 337), Gothenburg (Sweden, n = 165), Barcelona (Spain, n = 487) and Brescia (Italy, n = 230), and a primary care cohort in Sweden (n = 548). Plasma p-tau217 was primarily measured using the fully automated, commercially available, Lumipulse immunoassay. The primary outcome was AD pathology defined as abnormal cerebrospinal fluid Aβ42:p-tau181. Plasma p-tau217 detected AD pathology with areas under the receiver operating characteristic curves of 0.93–0.96. In secondary care, the accuracies were 89–91%, the positive predictive values 89–95% and the negative predictive values 77–90%. In primary care, the accuracy was 85%, the positive predictive values 82% and the negative predictive values 88%. Accuracy was lower in participants aged ≥80 years (83%), but was unaffected by chronic kidney disease, diabetes, sex, APOE genotype or cognitive stage. Using a two-cutoff approach, accuracies increased to 92–94% in secondary and primary care, excluding 12–17% with intermediate results. Using the plasma p-tau217:Aβ42 ratio did not improve accuracy but reduced intermediate test results (≤10%). Compared with a high-performing mass-spectrometry-based assay for percentage p-tau217, accuracies were comparable in secondary care. However, percentage p-tau217 had higher accuracy in primary care and was unaffected by age. In conclusion, this fully automated p-tau217 test demonstrates high accuracy for identifying AD pathology. A two-cutoff approach might be necessary to optimize performance across diverse settings and subpopulations.
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