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Novo Estudo Mostra Como Ajustar o Cérebro Pode Reduzir Sinais De Autismo

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 3 de set.
  • 3 min de leitura
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Pesquisadores descobriram que uma região do cérebro chamada núcleo reticular talâmico pode ter um papel importante no autismo. Em camundongos com alterações genéticas ligadas ao autismo, essa região mostrou atividade exagerada, o que estava ligado a convulsões, dificuldades de sono e comportamentos repetitivos. Quando os cientistas reduziram essa atividade com medicamentos ou técnicas especiais, os sintomas melhoraram. Isso sugere que controlar essa parte do cérebro pode ser um novo caminho para futuros tratamentos


Os Transtornos do Espectro Autista são condições do desenvolvimento do cérebro que se manifestam, em geral, desde a infância. As pessoas com autismo podem ter dificuldades na interação social, apresentar comportamentos repetitivos e ainda desenvolver problemas associados, como alterações no sono, sensibilidade exagerada a sons, luzes e texturas, além de convulsões em alguns casos. Há muito tempo, cientistas tentam compreender como diferentes regiões do cérebro e seus circuitos contribuem para esses sintomas.


Entre essas regiões, uma área chamada circuito tálamo-cortical tem recebido muita atenção. Esse circuito conecta o tálamo, uma estrutura no centro do cérebro responsável por organizar e transmitir informações sensoriais, ao córtex, onde ocorre o processamento dessas informações. 


Dentro do tálamo, existe uma parte chamada núcleo reticular talâmico, que funciona como um "porteiro": ele regula o que entra e o que sai de informação sensorial, além de influenciar o sono, a atenção e até o surgimento de convulsões.


Quando essa área não funciona bem, ela pode gerar ritmos cerebrais desorganizados, o que já foi relacionado a várias condições neurológicas, como déficit de atenção, esquizofrenia e depressão.


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Para entender melhor a relação entre o núcleo reticular talâmico e o autismo, os pesquisadores usaram camundongos geneticamente modificados para não terem um gene chamado Cntnap2. Esse gene já foi associado ao autismo em seres humanos, e camundongos que não o possuem desenvolvem comportamentos semelhantes aos observados em pessoas com autismo, como hiperatividade, dificuldade para dormir, convulsões e problemas de percepção sensorial.


No estudo, os cientistas da Stanford University, USA, analisaram como os neurônios do núcleo reticular talâmico funcionavam nesses camundongos. Para isso, usaram registros eletrofisiológicos, que são técnicas que medem a atividade elétrica dos neurônios, permitindo ver se eles estão disparando de maneira normal ou exagerada. 


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Eles também usaram fotometria de fibra in vivo, um método que permite observar em tempo real a atividade de grupos de neurônios enquanto o animal está acordado e se comportando.


Os resultados mostraram que os neurônios do núcleo reticular talâmico desses camundongos tinham uma atividade exagerada, com disparos em rajadas mais frequentes e ritmos anormais no tálamo. Isso foi associado diretamente a comportamentos semelhantes aos do autismo, como movimentos repetitivos e maior tendência a convulsões.


Para confirmar se essa hiperatividade realmente causava os problemas de comportamento, os pesquisadores testaram formas de reduzir a atividade desses neurônios. Eles usaram duas estratégias: a primeira foi um medicamento chamado Z944, que bloqueia canais de cálcio responsáveis por essa hiperexcitabilidade; a segunda foi uma técnica chamada quimiogenética, que permite controlar a atividade de neurônios específicos por meio de receptores artificiais ativados por drogas seguras.

 

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Em ambos os casos, quando a atividade do núcleo reticular talâmico foi reduzida, os camundongos apresentaram melhora significativa nos comportamentos relacionados ao autismo.


Em conclusão, o estudo mostrou que a atividade exagerada do núcleo reticular talâmico pode ser um dos mecanismos que contribuem para os sintomas do autismo. Isso abre caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos que não atuem em todo o cérebro, mas de forma direcionada em circuitos específicos. 


Pesquisas futuras ainda precisam verificar se esse mesmo mecanismo está presente em outros tipos de autismo com diferentes origens genéticas, mas os resultados apontam o núcleo reticular talâmico como um alvo promissor para terapias mais eficazes.



LEIA MAIS:


Reticular thalamic hyperexcitability drives autism spectrum disorder behaviors in the Cntnap2 model of autism

Sung-Soo Jang, Fuga Takahashi, and John R. Huguenard

Science Advances. Vol 11, Issue 34. 20 August 2025

DOI: 10.1126/sciadv.adw4682


Abstract: 


Autism spectrum disorders (ASDs) are neurodevelopmental conditions characterized by social deficits, repetitive behaviors, and comorbidities such as sensory abnormalities, sleep disturbances, and seizures. Although thalamocortical circuit dysfunction has been implicated in these symptoms, its precise roles in ASD pathophysiology remain poorly understood. Here, we examine the specific contribution of the reticular thalamic nucleus (RT), a key modulator of thalamocortical activity, to ASD-related behavioral deficits using a Cntnap2 knockout mouse model. Cntnap2−/− mice displayed increased seizure susceptibility, locomotor activity, and repetitive behaviors. Electrophysiological recordings revealed enhanced intrathalamic oscillations and burst firing in RT neurons, accompanied by elevated T-type calcium currents. In vivo fiber photometry confirmed behavior-associated increases in RT population activity. Notably, pharmacological and chemogenetic suppression of RT excitability via Z944, a T-type calcium channel blocker, and via C21 activation of the inhibitory DREADD hM4Di significantly improved ASD-related behaviors. These findings identify RT hyperexcitability as a mechanistic driver of ASD and highlight RT as a potential therapeutic target.

 
 
 

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