Falta de Vitamina D ao Nascer Pode Aumentar Risco de Autismo e Esquizofrenia
- Lidi Garcia
- 23 de mai.
- 4 min de leitura

Estudos com milhares de pessoas mostraram que bebês que nascem com baixos níveis de vitamina D têm maior risco de desenvolver transtornos como TDAH, esquizofrenia e autismo. Isso sugere que garantir bons níveis de vitamina D desde o nascimento pode ajudar a proteger a saúde mental ao longo da vida.
A vitamina D é uma substância essencial para o corpo humano e tem um papel importante não apenas na saúde dos ossos, mas também no funcionamento adequado do cérebro e do sistema imunológico.
Estudos recentes sugerem que níveis adequados de vitamina D desde o nascimento podem ajudar a proteger o cérebro em desenvolvimento e, possivelmente, reduzir o risco de alguns transtornos psiquiátricos e do neurodesenvolvimento, como o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a esquizofrenia e o transtorno do espectro autista (TEA).
A explicação para essa ligação está em como a vitamina D influencia a formação das conexões cerebrais e a regulação da inflamação, além de interagir com genes importantes para o desenvolvimento neurológico.

Neste estudo dinamarquês, pesquisadores buscaram entender melhor como dois marcadores relacionados à vitamina D, a 25-hidroxivitamina D (25[OH]D), que é a forma mais usada para medir os níveis de vitamina D no sangue, e a proteína de ligação à vitamina D (DBP), que transporta a vitamina D no corpo, estão associados ao risco de desenvolver diferentes transtornos mentais.
Para isso, eles utilizaram uma base de dados enorme de quase 89 mil pessoas nascidas entre 1981 e 2005 na Dinamarca. Os dados de saúde incluíam diagnósticos de depressão maior, transtorno bipolar, esquizofrenia, TDAH, TEA e anorexia nervosa, feitos conforme os critérios da CID-10 (uma classificação médica internacional).

A equipe mediu os níveis de vitamina D e da proteína de ligação à vitamina D em amostras de sangue coletadas no nascimento (gotas secas de sangue, como o teste do pezinho) e os relacionou com os diagnósticos feitos anos depois.
O estudo revelou que níveis mais baixos de vitamina D estavam ligados a um risco mais alto de desenvolver esquizofrenia, TDAH e TEA. Por exemplo, para a esquizofrenia, cada aumento nos níveis de vitamina D reduziu o risco em cerca de 18%. Além disso, uma quantidade mais baixa da proteína de ligação à vitamina D também foi associada a um risco aumentado de esquizofrenia.

Os pesquisadores também realizaram análises genéticas. Usando pontuações de risco poligênico, que indicam a propensão genética de uma pessoa para certos níveis de vitamina D, eles encontraram que, mesmo ao ajustar os dados com base na proteína de ligação à vitamina D, níveis mais altos de vitamina D estavam associados a menor risco de esquizofrenia e TEA.
Para reforçar esses achados, eles usaram uma técnica chamada randomização mendeliana, que ajuda a entender se há uma relação de causa e efeito, e encontraram sinais de que baixos níveis de vitamina D ao nascer poderiam realmente causar um risco maior de TDAH.

Esses resultados sugerem que cuidar dos níveis de vitamina D durante a gravidez e no início da vida pode ser uma medida preventiva eficaz contra certos transtornos mentais.
Embora mais pesquisas sejam necessárias para transformar isso em uma recomendação médica universal, o estudo reforça a importância de políticas públicas que garantam níveis adequados de vitamina D desde o nascimento, seja por meio de suplementação ou orientação nutricional para gestantes e recém-nascidos.
LEIA MAIS:
Convergent evidence linking neonatal vitamin D status and risk of neurodevelopmental disorders: a Danish case-cohort studyHenriette Thisted Horsdal, Clara Albiñana, Zhihong Zhu, Sanne, Grundvad Boelt,
Nis Borbye-Lorenzen, Arieh S Cohen, Kristin Skogstrand, Lars Melgaard,
Nadia Jensen MacSweenl, Marta Jadwiga Thorbek, Oleguer Plana-Ripoll, Liselotte Vogdrup Petersen, Cynthia M Bulik, Anders D B⊘rglum,
Ole Mors, Merete Nordentoft, Thomas Werge, Gunn-Helen Moen,
Shannon D’Urso, Naomi R Wray, Bjarni J Vilhjálmsson, Esben Agerbo, Carsten B⊘cker Pedersen, Preben Bo Mortensen, and John J McGrath
The Lancet Psychiatry, Volume 12, Issue 6, 410 - 420
Abstract:
There is growing evidence linking neonatal vitamin D deficiency to an increased risk of schizophrenia, ADHD, and autism spectrum disorder (ASD). The aim of this study was to examine the association between two vitamin D biomarkers (25 hydroxyvitamin D [25(OH)D] and vitamin D-binding protein [DBP], and their related genetic correlates) and the risk of six mental disorders. We used a population-based, case-cohort sample of all individuals born in Denmark between 1981 and 2005. Using Danish health registers with follow-up to Dec 31, 2012, we identified individuals diagnosed with major depressive disorder, bipolar disorder, schizophrenia, ADHD, ASD, and anorexia nervosa based on ICD-10 criteria. Additionally, a random subcohort from the general population was selected. Based on neonatal dried blood spots, we measured concentrations of 25(OH)D and DBP. Our primary analyses were based on hazard ratios (HR) with 95% CI and absolute risks for the six mental disorders according to measured concentrations of 25(OH)D and DBP. As secondary analyses, we examined the association between genetic predictors of 25(OH)D and DBP, and the six mental disorders, and Mendelian randomisation analyses based on published summary statistics for 25(OH)D, DBP, and the six mental disorders. People with lived experience contributed to the development of the guiding hypothesis. We used the total population from the iPSYCH2012 design (n=88 764), which included individuals who developed the six mental disorders, major depressive disorder (n=24 240), bipolar disorder (n=1928), schizophrenia (n=3540), ADHD (n=18 726), ASD (n=16 146), anorexia nervosa (n=3643), and the randomly sampled subcohort (n=30 000). Among those who met a range of inclusion criteria (eg, measured 25[OH]D, DBP or genotype, and predominantly European ancestry), we measured 25(OH)D or DBP in 71 793 individuals (38 118 [53·1%] male and 33 675 [46·9%] female); 65 952 had 25(OH)D and 66 797 the DBP measurements. Significant inverse relationships were found between 25(OH)D and schizophrenia (HR 0·82, 95% CI 0·78–0·86), ASD (HR 0·93, 95% CI 0·90–0·96), and ADHD (HR 0·89, 95% CI 0·86–0·92). A significant inverse relationship was found between DBP and schizophrenia (HR 0·84, 95% CI 0·80–0·88). Based on polygenic risk scores, higher concentrations of 25(OH)D (adjusted for DBP) were significantly associated with a reduced risk of both ASD and schizophrenia. Analyses based on Mendelian randomisation provided support for a causal association between both lower 25(OH)D and DBP concentrations and an increased risk of ADHD. Convergent evidence finds that neonatal vitamin D status is associated with an altered risk of mental disorders. Our study supports the hypothesis that optimising neonatal vitamin D status might reduce the incidence of a range of neurodevelopmental disorders.



Comentários