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Duas Doses e 99,9% De Eficácia: Primeira Vacina De Prevenção Ao HIV Do Mundo é Aprovada Pela FDA

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 20 de jun.
  • 4 min de leitura
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O HIV é o vírus que causa a AIDS e ainda infecta mais de 1 milhão de pessoas por ano no mundo. Agora, um novo remédio chamado lenacapavir promete ajudar a evitar novas infecções: ele é aplicado como injeção só duas vezes por ano e protege por seis meses. Esse método pode ser mais fácil do que tomar remédios todos os dias. Mas o preço alto e a dificuldade de acesso podem impedir que chegue a quem mais precisa, especialmente em países mais pobres. Apesar dos desafios, a novidade traz esperança na luta para acabar com o HIV.


O HIV, vírus da imunodeficiência humana, é o causador da AIDS, uma doença que ataca o sistema imunológico e torna o corpo mais vulnerável a infecções e certos tipos de câncer. Desde que surgiu na década de 1980, o HIV já causou a morte de milhões de pessoas no mundo todo. 


O HIV pode infectar células do sistema nervoso central, como células da microglia (que são como “defensoras” do cérebro) e outras células que ajudam a proteger o sistema nervoso.


Essas regiões, como o cérebro e a medula espinhal, fazem parte do chamado “reservatório viral”. Isso significa que o vírus pode se esconder ali em um estado “adormecido” (latente), onde os remédios atuais têm mais dificuldade para alcançá-lo e destruí-lo completamente. Alem disso, quando o medicamento entra nessas areas aumentam os efeitos colaterais, como alucinacoes, tonturas e insonia, que fazem o portador abandonar o tratamento.

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Embora os tratamentos atuais permitam que quem vive com o vírus tenha uma vida longa e saudável, o número de novas infecções ainda é alto: todos os anos, surgem mais de 30 mil novos casos nos Estados Unidos e cerca de 1,3 milhão no mundo. 


Os custos com o tratamento e prevenção do HIV representam um grande peso para os sistemas de saúde públicos e privados. Só nos EUA, são bilhões de dólares por ano investidos em medicamentos, acompanhamento médico e campanhas educativas. 


Por isso, encontrar maneiras mais eficazes de prevenir a transmissão do HIV, como vacinas ou medicamentos de longa duração, é essencial para reduzir o número de casos, os gastos e o impacto da doença na sociedade.


Recentemente, um avanço importante foi anunciado nos Estados Unidos: a aprovação do primeiro medicamento em forma de injeção que oferece proteção contra o HIV por seis meses com apenas duas aplicações por ano. 


Esse remédio, chamado lenacapavir, foi desenvolvido pela empresa Gilead Sciences e pode ser uma alternativa poderosa para evitar novas infecções, enquanto uma vacina contra o vírus ainda não existe. 

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Estudos mostraram que o lenacapavir praticamente eliminou as novas infecções entre pessoas que usaram o medicamento em pesquisas, com resultados melhores do que os remédios em pílulas tomados todos os dias. Isso é muito relevante porque muitas pessoas acabam esquecendo de tomar os comprimidos diários ou abandonam o tratamento por cansaço, vergonha ou dificuldade de acesso.


O funcionamento do lenacapavir é simples de entender. O medicamento é aplicado como duas injeções sob a pele da barriga. A substância forma um pequeno depósito no local da aplicação e vai sendo liberada aos poucos no organismo ao longo de seis meses, protegendo a pessoa contra o HIV. 


Mas antes de tomar a injeção, é preciso fazer um exame para garantir que a pessoa não tenha o vírus, pois o remédio serve para prevenir a infecção e não para tratar quem já está infectado. 


É importante lembrar também que o lenacapavir protege apenas contra o HIV e não evita outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis, gonorreia ou herpes. Por isso, o uso de preservativos continua sendo recomendado como forma complementar de prevenção.

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Apesar do potencial revolucionário desse medicamento, há desafios para garantir que ele chegue a quem mais precisa. O preço do lenacapavir nos Estados Unidos é alto: mais de 28 mil dólares por ano antes de descontos ou seguros de saúde. 


Embora o fabricante diga que o valor é parecido com outros medicamentos de prevenção e que existem programas de assistência financeira, o custo pode ser uma barreira para muitas pessoas. Além disso, cortes no orçamento de saúde pública e nos programas de prevenção do HIV nos Estados Unidos e em outros países podem dificultar o acesso ao remédio, principalmente para as populações mais vulneráveis.


Outro ponto preocupante é que, embora a Gilead tenha firmado acordos para oferecer versões mais baratas do medicamento em países pobres, como na África, no Sudeste Asiático e no Caribe, muitos países de renda média, como vários da América Latina, ficaram de fora desses planos.  


Isso significa que milhões de pessoas em regiões onde o HIV ainda é um grande problema podem continuar sem acesso ao lenacapavir. Especialistas em saúde pública alertam que, para realmente reduzir a transmissão do HIV no mundo, é necessário garantir que todas as pessoas em situação de risco possam usar medicamentos preventivos eficazes, independentemente de onde vivem ou de quanto dinheiro têm.

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Por fim, os dados dos estudos sobre o lenacapavir são animadores. Em uma pesquisa com mais de 5 mil mulheres jovens e adolescentes na África do Sul e Uganda, nenhuma das participantes que recebeu a injeção a cada seis meses contraiu HIV, enquanto cerca de 2% das que tomaram pílulas diárias foram infectadas. 


Outro estudo em homens gays e pessoas de gênero não binário nos Estados Unidos e em outros países também mostrou que o remédio foi altamente eficaz. Além disso, muitas pessoas que participaram das pesquisas relataram que a comodidade de tomar uma injeção a cada seis meses é muito melhor do que lembrar de tomar um comprimido todos os dias ou fazer visitas frequentes ao médico. 


Esse novo método representa, assim, uma esperança concreta para frear a transmissão do HIV no mundo, desde que o acesso ao remédio seja garantido para todos que dele precisam.



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