Paciente da Neuralink Controla Braço Robótico Com o Pensamento e Volta a Se Alimentar Sozinho
- Lidi Garcia
- 15 de out.
- 3 min de leitura

A empresa Neuralink, de Elon Musk, conseguiu conectar diretamente o cérebro humano a uma máquina. O paciente Nick Wray, que tem ELA, recebeu um chip cerebral que transforma seus pensamentos em comandos digitais. Com ele, Wray controlou um braço robótico para beber, cozinhar e até abrir a geladeira sozinho. O chip detecta sinais elétricos dos neurônios e os envia via Bluetooth para o robô, que realiza os movimentos desejados. Essa inovação promete revolucionar o tratamento de pessoas com paralisia, permitindo que recuperem autonomia e qualidade de vida.
Um novo avanço da empresa Neuralink, fundada por Elon Musk, está transformando a forma como o cérebro humano pode se conectar com a tecnologia. O paciente Nick Wray, diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa que paralisa progressivamente os músculos, conseguiu controlar um braço robótico apenas com o pensamento.
Esse feito, que parece ter saído da ficção científica, representa um passo impressionante na recuperação da autonomia para pessoas com graves limitações motoras.
Durante o experimento, Wray usou um chip cerebral implantado para enviar sinais diretamente do seu cérebro para o braço robótico, sem precisar de qualquer movimento físico. Em um vídeo divulgado recentemente, ele aparece orientando o braço mecânico para pegar um copo e levá-lo até a sua boca, permitindo que beba sozinho, algo que a ELA o havia impedido de fazer há anos. “Vou conseguir falar com as mãos novamente”, disse Wray, emocionado, enquanto o braço robótico se movia suavemente.
Ele também relatou que, usando o mesmo sistema, conseguiu colocar seu próprio chapéu, aquecer comida no micro-ondas, abrir a geladeira e até se alimentar sozinho.
O chip cerebral utilizado pela Neuralink, conhecido como N1, é um pequeno dispositivo do tamanho de uma moeda. Ele contém 128 fios ultrafinos, cada um mais fino que um fio de cabelo humano, que se conectam a cerca de mil eletrodos. Esses eletrodos captam os impulsos elétricos gerados naturalmente pelos neurônios quando pensamos ou tentamos mover uma parte do corpo.
O chip então traduz esses sinais em comandos digitais e os transmite via Bluetooth para dispositivos externos, como um computador, um cursor ou, neste caso, um braço robótico. Assim, o que antes era apenas uma intenção mental se transforma em uma ação física real.
O treinamento para chegar a esse resultado foi intenso. Em três sessões de oito horas, Wray aprendeu a usar sua mente como um controle remoto biológico.
Ele precisou entender como pensar de maneira focada e constante para acionar o braço robótico com precisão. A cada tentativa, o sistema “aprendia” com os padrões cerebrais de Wray, tornando-se mais responsivo.

A inteligência artificial que processa os sinais do chip consegue distinguir comandos diferentes, por exemplo, o desejo de mover o braço para a esquerda, segurar um objeto ou soltar, apenas pela atividade elétrica registrada no cérebro.
Além das tarefas simples do dia a dia, Wray também bateu recordes em testes clínicos de coordenação motora, normalmente aplicados a pacientes que se recuperam de acidentes vasculares cerebrais.
Ele conseguiu mover 39 pequenos cilindros sobre uma mesa em cinco minutos e girar cinco pinos de destreza no mesmo período, resultados considerados impressionantes para alguém que não possui controle muscular nos braços. Ele brincou dizendo que até tentou “dirigir a cadeira de rodas com a mente” e se saiu muito bem.
O avanço faz parte do estudo CONVOY, aprovado pela agência reguladora norte-americana Food and Drug Administration (FDA), que investiga como as interfaces cérebro-computador podem ajudar pessoas com paralisia a recuperar parte de sua independência.

A Neuralink teve de resolver uma série de desafios técnicos e de segurança antes de conseguir autorização para testar seus chips em humanos. Hoje, oito pacientes com paralisia grave já receberam o implante, e a empresa planeja expandir os estudos para outros países, incluindo o Reino Unido.
Antes de Wray, outro paciente, Noland Arbaugh, havia se tornado o primeiro humano a testar o chip. Ele mostrou que podia controlar o cursor de um computador e até jogar videogames apenas com o pensamento. Esses resultados confirmam o enorme potencial da tecnologia não apenas para auxiliar pessoas com deficiência, mas também para abrir caminho a novas formas de interação entre humanos e máquinas.
Segundo os cientistas da Neuralink, o objetivo de longo prazo é permitir que pessoas com paralisia total possam controlar braços robóticos, computadores e até veículos, apenas com a mente. No futuro, a mesma tecnologia pode ser aplicada a pacientes com lesões medulares, acidentes cerebrais e doenças neurodegenerativas, devolvendo a eles o controle sobre seus corpos e suas vidas.
Por enquanto, os resultados com Nick Wray são um marco simbólico e tecnológico: pela primeira vez, alguém com ELA conseguiu realizar tarefas domésticas e se alimentar de forma autônoma por meio de um robô controlado pelo pensamento. O próprio paciente resumiu a conquista com simplicidade e emoção: “Fiz coisas sozinho pela primeira vez em anos — isso é libertador”.
LEIA MAIS:
Interesting engineering
PC Magazine
NeuraLink



Comentários