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Adoçantes Em Alerta: Substância Popular Está Ligada A Danos Cerebrais E Puberdade Precoce

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 29 de jul.
  • 5 min de leitura
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Embora adoçantes como eritritol, sucralose e aspartame sejam vistos como alternativas "mais saudáveis" ao açúcar, estudos recentes mostram que eles podem trazer riscos à saúde. O eritritol, por exemplo, pode aumentar o risco de infartos e AVCs ao afetar os vasos sanguíneos e causar mais coágulos. Já em crianças, certos adoçantes estão ligados a puberdade precoce, especialmente em quem tem predisposição genética. Ou seja, mesmo sem calorias, esses adoçantes podem ter efeitos negativos no corpo e no desenvolvimento, por isso, o consumo deve ser feito com cautela.


Nos últimos anos, os adoçantes artificiais se tornaram populares como alternativas ao açúcar, especialmente entre pessoas que buscam controlar o peso, a glicemia ou reduzir calorias. 


Substâncias como o eritritol, a sucralose e o aspartame estão presentes em uma grande variedade de produtos, de bebidas dietéticas a sobremesas “fit”, e são muitas vezes considerados seguros por não elevarem os níveis de açúcar no sangue. No entanto, evidências científicas recentes vêm levantando preocupações importantes sobre os possíveis efeitos negativos desses adoçantes na saúde a longo prazo.


O eritritol, por exemplo, é um adoçante de baixíssimas calorias, cerca de 60% a 80% tão doce quanto o açúcar comum. Ele é naturalmente encontrado em pequenas quantidades em frutas e alimentos fermentados, mas seu uso industrializado é muito maior. 


Justamente por seu impacto mínimo na glicose e na insulina, é amplamente recomendado para pessoas com diabetes, obesidade ou síndrome metabólica. No entanto, estudos recentes indicam que o consumo elevado de eritritol pode estar associado a um risco aumentado de problemas cardiovasculares.  

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Um estudo conduzido por Witkowski e colaboradores revelou que níveis mais altos de eritritol no sangue estavam ligados a maior incidência de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs), tanto fatais quanto não fatais. 


O consumo de uma quantidade comum de eritritol, como a encontrada em uma bebida adoçada artificialmente, já foi suficiente para causar aumento da reatividade das plaquetas, células do sangue que ajudam na coagulação, elevando o risco de formação de coágulos e, portanto, de eventos trombóticos.


Além disso, experimentos em laboratório com células endoteliais do cérebro humano mostraram que o eritritol pode causar estresse oxidativo nessas células, além de reduzir a produção de óxido nítrico, uma substância fundamental para manter os vasos sanguíneos relaxados e funcionando bem. 


Ao mesmo tempo, aumentou a produção de endotelina-1, uma molécula que contrai os vasos, dificultando a circulação. Também foi observada uma redução na liberação de t-PA, uma proteína que ajuda a dissolver coágulos.


Esses efeitos combinados indicam um ambiente celular mais propício a inflamações, rigidez dos vasos e risco de isquemia cerebral. Em outras palavras, mesmo sendo "zero calorias", o eritritol pode interferir negativamente na saúde vascular e neurológica. 

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Paralelamente a essas descobertas em adultos, novas pesquisas estão investigando o impacto de adoçantes artificiais no desenvolvimento infantil, especialmente na puberdade. Um estudo apresentado no congresso ENDO 2025 revelou que o consumo de adoçantes como sucralose, aspartame, acessulfame de potássio e glicirrizina pode estar relacionado a casos de puberdade precoce em adolescentes. 


A puberdade precoce central, quando o corpo começa a se desenvolver mais cedo do que o esperado, pode trazer consequências como baixa estatura final, sofrimento psicológico e maior risco de distúrbios metabólicos no futuro.


O estudo, conduzido em Taiwan, analisou mais de 1.400 adolescentes e encontrou associação entre o consumo desses adoçantes e a ativação precoce do sistema hormonal, especialmente em crianças com predisposição genética.


Os efeitos variaram entre os sexos: a sucralose, por exemplo, mostrou impacto maior em meninos, enquanto a glicirrizina e os açúcares adicionados afetaram mais as meninas.


Esses efeitos são atribuídos, em parte, à capacidade dos adoçantes de alterar a microbiota intestinal (as bactérias que vivem no nosso intestino) e de ativar mecanismos cerebrais ligados ao “sabor doce”, que também influenciam hormônios relacionados ao crescimento.  

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Algumas substâncias ainda aumentam moléculas ligadas ao estresse celular, interferindo na regulação hormonal normal. O estudo sugere que a combinação entre alimentação moderna rica em adoçantes e fatores genéticos pode ter efeitos marcantes no desenvolvimento de crianças e adolescentes.


Diante dessas descobertas, a principal mensagem para o público é clara: moderação é essencial. 


Embora os adoçantes artificiais ofereçam vantagens aparentes, como redução calórica e controle da glicemia, seu uso exagerado pode trazer riscos sérios à saúde, especialmente em longo prazo. Para adultos, o risco de doenças cardiovasculares não pode ser ignorado; para crianças, os impactos no crescimento e na puberdade são particularmente preocupantes. 


É importante ler os rótulos com atenção, evitar o consumo diário excessivo de produtos “diet” ou “zero” e lembrar que natural nem sempre é sinônimo de seguro, principalmente em altas doses.


Profissionais de saúde e políticas públicas podem se beneficiar dessas informações ao considerar novas diretrizes alimentares e estratégias de prevenção. Até que haja mais estudos conclusivos, adotar uma abordagem cautelosa com relação aos adoçantes artificiais parece ser a melhor escolha para proteger a saúde de adultos e crianças.



LEIA MAIS:


The non-nutritive sweetener erythritol adversely affects brain microvascular endothelial cell function

Auburn R. Berry, Samuel T. Ruzzene, Emily I. Ostrander, Kendra N. Wegerson, Nathalie C. Orozco-Fersiva, Madeleine F. Stone, Whitney B. Valenti, Joao E. Izaias, Joshua P. Holzer, Jared J. Greiner, Vinicius P. Garcia, and Christopher A. DeSouza  

Journal of Applied Physiology. 16 JUN 2025


Abstract: 


The experimental aim of this study was to determine, in vitro, the effect of the non-nutritive sweetener erythritol on brain microvascular endothelial cell oxidative stress, nitric oxide (NO) and endothelin (ET)-1 production, as well as tissue-type plasminogen activator (t-PA) release. Human cerebral microvascular endothelial cells (hCMECs) were cultured and treated with 6 mM erythritol, equivalent to a typical amount of erythritol (30 g) in an artificially sweetened beverage, for 3 h. Intracellular reactive oxygen species (ROS) production was significantly higher in hCMECs treated with erythritol (204 ± 32% vs. 105 ± 4%) as well as the expression of antioxidant proteins, superoxide dismutase-1 [332.1 ± 16.2 vs. 214.9 ± 4.7 arbitrary units (AU); P = 0.002] and catalase (30.9 ± 0.3 vs. 24.4 ± 0.9 AU; P = 0.002). Although endothelial nitric oxide synthase (eNOS) expression was not significantly altered (102.8 ± 21.4 vs. 99.0 ± 19.9 AU); the expression of p-eNOS (Ser1177) was lower (52.1 ± 2.1 vs. 77.3 ± 9.1 AU; P < 0.001), and p-eNOS (Thr495) was higher (63.4 ± 8.0 vs. 45.6 ± 6.9 AU; P = 0.006) in hCMECs treated with erythritol. Cell expression of Big ET-1 was also higher in erythritol-treated cells (56.4 ± 9.8 vs. 40.9 ± 6.5 AU; P = 0.02). Consequently, the endothelial NO production was significantly lower (5.8 ± 0.8 vs. 7.3 ± 0.7 µmol/L) and ET-1 production was significantly higher (34.6 ± 2.3 vs. 26.9 ± 1.5 pg/mL) in response to erythritol. t-PA release in response to thrombin was significantly blunted in erythritol-treated (from 87.4 ± 6.3 to 87.6 ± 8.3 pg/mL) versus untreated (90.1 ± 5.5 to 110.2 ± 6.4 pg/mL) hCMECs. In summary, erythritol adversely affects oxidative stress, NO production, ET-1 production, and t-PA release in brain microvascular endothelial cells, potentially contributing to the increased risk of ischemic stroke associated with erythritol.



ENDO 2025

PRESS RELEASE 

Consuming certain sweeteners may increase risk of early puberty

San Francisco, CA July 13, 2025

 
 
 

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