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Viver Perto De Areas Verdes Protege o Cérebro Em Formação

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 8 de ago.
  • 4 min de leitura
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Estudos mostram que viver perto da natureza, como parques e áreas verdes, pode ajudar no desenvolvimento saudável do cérebro das crianças. Pesquisadores analisaram mais de 1,8 milhão de mães e filhos nos EUA e descobriram que a exposição a espaços verdes antes, durante e depois da gravidez está associada a menor risco de autismo, TDAH, dificuldades de aprendizagem e outros transtornos. Os efeitos positivos foram ainda maiores em crianças de famílias de baixa renda e que vivem em cidades.


Os transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo (TEA) e o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), têm se tornado cada vez mais comuns entre as crianças, sendo uma preocupação importante de saúde pública. Esses transtornos afetam o desenvolvimento do cérebro, o que pode dificultar a comunicação, a socialização, a fala e o controle do comportamento. 


Hoje, estima-se que uma em cada 36 crianças nos Estados Unidos tenha autismo, e uma em cada 10 seja diagnosticada com TDAH. O número de casos tem aumentado ao longo dos anos, pressionando os sistemas de saúde, educação e serviços sociais.


A ciência já sabe que muitos fatores podem contribuir para esses transtornos, como herança genética, saúde da mãe, poluição do ar e exposição a produtos químicos durante a gravidez. No entanto, pouco se sabe sobre o impacto de algo aparentemente simples e acessível: o contato com a natureza. 

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Estar perto de áreas verdes, como parques e jardins, pode trazer benefícios para a saúde mental e física. Isso vale tanto para as gestantes quanto para as crianças, e pode ter influência até mesmo antes da gravidez começar, ou seja, no período em que a mulher ainda está planejando ter filhos.


Por que estudar isso? A maioria dos estudos anteriores focou apenas no contato com a natureza durante a gravidez ou nos primeiros anos de vida da criança. Mas agora, cientistas querem entender se a exposição a espaços verdes também pode ter efeitos positivos antes mesmo da gravidez acontecer. 


A ideia é que o contato com ambientes naturais possa reduzir o estresse, melhorar a saúde mental da futura mãe e, assim, influenciar o desenvolvimento saudável do bebê. Além disso, os espaços verdes podem melhorar a qualidade do ar e reduzir a exposição a substâncias tóxicas do ambiente, como poluentes e pesticidas, que são conhecidos por afetar negativamente o desenvolvimento do cérebro.

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Pesquisadores da Harvard T.H. Chan School of Public Health, USA, analisaram dados de mais de 1,8 milhão de mães e filhos atendidos pelo programa Medicaid nos Estados Unidos, que cobre principalmente famílias de baixa renda. 


Eles observaram onde essas mães moravam e quanto de vegetação havia nos arredores, usando imagens de satélite para calcular o "verde" de cada área. A análise considerou três momentos importantes: antes da gravidez, durante a gestação e depois do nascimento. 


O estudo acompanhou essas crianças por até 14 anos para verificar se apresentavam algum transtorno do neurodesenvolvimento, como autismo, TDAH, dificuldades de aprendizagem, problemas de fala ou deficiência intelectual.

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O estudo encontrou resultados muito promissores. Crianças que estiveram mais expostas a espaços  verdes nesses períodos críticos apresentaram menor risco de desenvolver vários transtornos. Por exemplo, o contato com a natureza antes da gravidez teve ligação com menor risco de deficiência intelectual. 


Durante a gravidez, estar próxima de áreas verdes esteve associado a um menor risco de autismo, e após o nascimento, a exposição a espaços naturais ajudou a reduzir o risco de dificuldades de aprendizagem. Esses benefícios foram ainda mais fortes para crianças negras, hispânicas e aquelas que vivem em áreas urbanas.

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Este estudo mostra que viver perto de áreas verdes pode ser um fator de proteção para o desenvolvimento saudável do cérebro das crianças. Isso é especialmente importante para comunidades com menos recursos, onde os riscos ambientais são geralmente maiores.


Melhorar o  acesso a espaços verdes pode ser uma forma simples, natural e eficaz de apoiar a saúde mental infantil e prevenir distúrbios do neurodesenvolvimento.


A pesquisa foi financiada pelo Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental dos EUA. Os resultados reforçam a importância de políticas públicas que incentivem a criação e preservação de áreas verdes, principalmente em bairros mais pobres e urbanos, como uma estratégia de promoção da saúde desde o início da vida, ou até antes dela começar.



LEIA MAIS:


Preconception, prenatal and early childhood exposure to green space and risk of neurodevelopmental delays: a national cohort study among Medicaid enrollees

Hayon Michelle Choi, Krista F. Huybrechts, Sonia Hernandez-Diaz, Xinye Qiu, Michael Leung, Peter James, Matthew Shupler, Wanyu Huang, Yaguang Wei, Antonella Zanobetti, Christopher J McDougle, Joel Schwartz, Brent Coull, Marc Weisskopf, and Stefania Papatheodorou 

Environment International, Volume 202, August 2025, 109666


Abstract: 


Exposure to green space is associated with children’s mental health, but its impact on neurodevelopment has been underexplored, especially in socioeconomically disadvantaged populations. This study examined the link between exposure to green space before, during, and after pregnancy and neurodevelopmental delays in children enrolled in Medicaid. This cohort study of 1,841,915 mother–child pairs used data from the Medicaid Analytic Extract (MAX) from 2001 to 2014, with up to 14 years of follow-up. The population of pregnant women enrolled in Medicaid is characterized by younger age, racial and ethnic diversity, lower income levels, and includes individuals with disabilities. Green space exposure was measured using the Normalized Difference Vegetation Index (NDVI) at the maternal residential zip code level. We examined exposure to green space during the preconception, prenatal, and postnatal periods to capture critical developmental windows both separately and with mutual adjustment. Neurodevelopmental outcomes were identified using validated algorithms and included autism spectrum disorder (ASD), attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD), learning disabilities, speech and language disorders, coordination disorders, intellectual disabilities, and behavioral disorders. We applied a stratified Cox model accounting for individual and area-level confounders and examined effect measure modification by urbanicity, child’s race/ethnicity, and sex. The study found protective associations between green space exposure and most neurodevelopmental disorders. The strongest associations were seen for preconception exposure and intellectual disability (HR 0.66 [95 % CI: 0.48–0.95]), pregnancy exposure and ASD (HR 0.83 [95 % CI: 0.73–0.95]), and postnatal exposure for learning difficulties (HR 0.81 [95 % CI: 0.68–0.97]) per interquartile range (IQR = 0.12) increase in NDVI. The protective effects were stronger for Black/Hispanic children and for those living in urban areas. Green space exposure could benefit the children’s neurodevelopment, with more significant benefits for the Black and Hispanic populations. National Institute of Environmental Health Sciences R01-ES034038.

 
 
 

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