
Este estudo fornece informações valiosas sobre as características psicológicas e os desafios enfrentados por solteiros ao longo da vida, especialmente na velhice. Compreender essas diferenças pode ajudar na criação de políticas e programas voltados ao bem-estar desse grupo, promovendo redes de apoio e estratégias para melhorar sua qualidade de vida.
As relações românticas influenciam diversos aspectos da vida, como a rede social, o bem-estar e a saúde. Embora ser parte de um casal seja amplamente visto como a norma social, cada vez mais pessoas escolhem ou acabam permanecendo solteiras ao longo da vida.
Esse grupo, que está crescendo globalmente, pode enfrentar desafios psicológicos e materiais diferentes à medida que envelhece. Cerca de 5% dos habitantes da Europa são pessoas que não tiveram um parceiro até os 40 anos, com variação considerável entre os diferentes países.
Estudos sugerem que tanto solteiros quanto pessoas com parceiros tendem a se sentir mais confortáveis com seu status com o passar dos anos, mas, na velhice, fatores como saúde e apoio social tornam-se ainda mais relevantes.

A personalidade desempenha um papel importante na saúde e na longevidade. Traços como extroversão, neuroticismo e conscienciosidade podem influenciar a probabilidade de alguém entrar ou permanecer em um relacionamento.
A extroversão facilita conhecer novas pessoas e interagir socialmente, aumentando as chances de iniciar um relacionamento. Quanto o neuroticismo pode tornar os relacionamentos mais instáveis devido à maior sensibilidade emocional e dificuldade em lidar com conflitos. Já a conscienciosidade contribui para relacionamentos mais duradouros, pois envolve comprometimento, responsabilidade e esforço para manter a relação.
Esses traços não determinam o destino de um relacionamento, mas influenciam a forma como as pessoas interagem e lidam com os desafios da vida a dois.

Pessoas mais extrovertidas e conscienciosas, e com menor nível de neuroticismo, têm maior chance de estabelecer e manter relacionamentos. Por outro lado, indivíduos menos extrovertidos e mais neuróticos tendem a ficar solteiros, e essa condição pode acentuar essas características ao longo do tempo.
Além disso, há evidências de que a satisfação com a vida está ligada à extroversão e ao neuroticismo, e solteiros, em geral, relatam níveis ligeiramente mais baixos de bem-estar, embora essa diferença diminua na velhice.
O presente estudo analisou como traços de personalidade e satisfação com a vida variam entre solteiros ao longo da vida e pessoas que já tiveram um parceiro.
Os pesquisadores usaram dados da Pesquisa de Saúde, Envelhecimento e Aposentadoria na Europa (SHARE), abrangendo 27 países e mais de 77 mil participantes com idade superior a 50 anos.

O estudo investigou se os efeitos do status de relacionamento variavam conforme fatores como idade, gênero, nível de renda e normas culturais. Também foram analisadas as diferenças entre solteiros que nunca se casaram, nunca coabitaram ou nunca tiveram um relacionamento sério.
Os resultados indicaram que solteiros ao longo da vida eram, em média, menos extrovertidos, menos conscienciosos e menos abertos a novas experiências (dependendo da definição de solteiro utilizada).

Além disso, relataram menor satisfação com a vida em comparação com pessoas que já tiveram um parceiro. Os efeitos foram mais marcantes entre aqueles que nunca tiveram um relacionamento sério do que entre os que apenas nunca se casaram ou coabitaram. Além disso, fatores como o contexto social e a proporção de solteiros na população influenciaram os resultados.
Este estudo fornece informações valiosas sobre as características psicológicas e os desafios enfrentados por solteiros ao longo da vida, especialmente na velhice. Compreender essas diferenças pode ajudar na criação de políticas e programas voltados ao bem-estar desse grupo, promovendo redes de apoio e estratégias para melhorar sua qualidade de vida.
LEIA MAIS:
Differences Between Lifelong Singles and Ever-Partnered Individuals in Big Five Personality Traits and Life Satisfaction
Julia Stern, Michael D. Krämer, Alexander Schumacher, Geoff MacDonald, and David Richter
Psychological Science. Volume 35, Issue 12
Abstract:
Being romantically partnered is widely seen as a societal norm, and it has been shown to be positively associated with important life outcomes, such as physical and mental health. However, the percentage of singles is steadily increasing, with more people staying single for life. We used the Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe (SHARE; N = 77,064, mainly ≥ 50 years, 27 countries) to investigate Big Five personality traits and life satisfaction in lifelong singles compared with ever-partnered individuals. Specification-curve analyses suggested that lifelong singles were less extraverted, less conscientious, less open to experiences (dependent on singlehood definition), and less satisfied with their lives. Effects were stronger for never-partnered than for never-cohabitating or never-married individuals and were partly moderated by gender, age, country-level singlehood, and gender ratio. Our study provides insights into the characteristics of lifelong singles and has implications for understanding mental health and structures of social support in older individuals.
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