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Seus Olhos Podem Revelar o Alzheimer Antes Da Memória Falhar

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 4 de set.
  • 4 min de leitura
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Os cientistas descobriram que alterações nos vasos sanguíneos da retina podem refletir os mesmos problemas que acontecem no cérebro em pessoas com risco de Alzheimer. Isso significa que, no futuro, um simples exame de olho pode ajudar a identificar precocemente quem está propenso a desenvolver a doença, de forma menos invasiva e mais acessível que os métodos atuais.


A Doença de Alzheimer é uma das principais causas de demência no mundo e, até hoje, diagnosticar de forma precoce continua sendo um grande desafio. Detectar a doença cedo é essencial, pois aumenta as chances de tratamento, acompanhamento e de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. 


Atualmente, os exames mais usados são a ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons, que permitem observar a estrutura e a atividade do cérebro. Também é possível analisar o líquido que envolve o cérebro e a medula espinhal para buscar sinais típicos da doença. 


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No entanto, esses exames podem ser caros, invasivos, desconfortáveis e nem sempre estão disponíveis para todos. Por isso, os cientistas vêm buscando alternativas mais simples e acessíveis, como testes de sangue ou exames de retina, para identificar os primeiros sinais da doença. 


A retina, que é a camada de tecido no fundo do olho responsável por captar a luz e enviar as informações visuais para o cérebro, tem atraído muita atenção. Isso porque a retina faz parte do sistema nervoso central, ou seja, é uma “janela” para o cérebro. 


Como os dois compartilham tipos semelhantes de células e vasos sanguíneos, alterações na retina podem refletir alterações que também acontecem no cérebro. Assim, um simples exame de fundo de olho, que muitas vezes já é feito em consultas de rotina com oftalmologistas, pode ajudar a detectar sinais precoces da Doença de Alzheimer e de outras demências.


Os pesquisadores desse estudo decidiram investigar exatamente isso: se mudanças na retina poderiam servir como um alerta precoce para alterações vasculares (nos vasos sanguíneos) que ocorrem no cérebro. 


Para isso, eles usaram camundongos que carregam uma alteração genética chamada Mthfr677C>T, uma variação comum que está ligada a maior risco de Doença de Alzheimer, demência vascular e até problemas oculares como o glaucoma. Cerca de 40% da população tem essa variação genética, o que mostra como ela é relevante.


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O método usado foi bastante completo. Primeiro, os cientistas analisaram os olhos dos camundongos ainda vivos usando técnicas de imagem que permitem observar os vasos sanguíneos e  a estrutura da retina em detalhes, sem precisar sacrificar os animais. 


Depois, eles aplicaram um exame chamado eletrorretinografia, que mede a resposta elétrica dos neurônios da retina à luz, ajudando a entender como está a função visual. Em seguida, coletaram amostras dos tecidos da retina e do cérebro e aplicaram técnicas de coloração específicas para observar no microscópio como estavam os vasos e as células nervosas. 


Por fim, fizeram uma análise das proteínas presentes tanto no cérebro quanto na retina (um processo chamado proteômica), para verificar se as alterações moleculares eram semelhantes nos dois tecidos.


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Os resultados foram claros. Os camundongos com a variação genética mostraram redução na densidade dos vasos sanguíneos da retina e alterações que lembram muito os problemas já observados no cérebro em estudos anteriores. Além disso, a análise das proteínas revelou que tanto no cérebro quanto na retina as mesmas vias biológicas estavam alteradas, ligadas principalmente ao metabolismo e à sobrevivência das células. Isso significa que as mudanças vistas nos olhos refletem, de forma bastante próxima, as que acontecem no cérebro. 


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As retinas de animais com a mutacão para Alzheimer (Mthfr677C>T) apresentam redução da densidade vascular dependente da idade e do sexo. (A) A angiografia por fluorescência foi utilizada para obter imagens in vivo da vasculatura retiniana. Após a injeção de fluoresceína, as retinas foram fotografadas a cada minuto durante 6 minutos, e as imagens utilizadas para análise foram obtidas aos 4 minutos de cada animal. A quantificação da densidade vascular mostra redução da densidade vascular em camundongos TT fêmeas idosos (B). O número de vasos ramificados principais também foi reduzido com a idade em camundongos TT fêmeas (C). n = 6/sexo/idade/genótipo.


Essas descobertas são importantes porque sugerem que um simples exame de retina pode, no futuro, ajudar médicos a identificar quem está em risco de desenvolver Doença de Alzheimer ou outras demências, de forma muito menos invasiva e mais acessível do que os métodos atuais. Ou seja, os olhos podem funcionar como um “espelho” do cérebro, revelando sinais precoces de doenças que afetam a mente e a memória.



LEIA MAIS:


Retinal vascular dysfunction in the Mthfr677C>T mouse model of cerebrovascular disease

Alaina M. Reagan, Michael MacLean, Travis L. Cossette, and Gareth R. Howell

Alzheimer’s & Dementia, Volume 21, Issue 8 August 2025 e70501


Abstract: 


Investigations of retinal biomarkers for Alzheimer's disease (AD) and AD and related dementias (ADRD), has increased significantly. We examine retinal vascular health in a mouse containing the ADRD risk variant Mthfr677C>T to determine if changes in retina mirror similar changes in cerebrovasculature. Morphology and function of retinal vasculature and neurons were assessed using in vivo imaging, immunohistochemistry, and pattern electroretinography. RNAscope and proteomics were employed to determine Mthfr gene expression and differential protein expression in mice carrying Mthfr677C>T. Mice show age- and sex-dependent retinal vascular deficits, displaying similarities to previously published brain data. Mthfr is widely expressed and co-localizes with vascular cell markers. Proteomics identified common molecular signatures across the brain and retina. Results demonstrate that Mthfr-dependent vascular phenotypes occur in brain and retina similarly. These data suggest that assessing age and genetic-driven changes within retinal vasculature represents a minimally invasive method to predict AD-related cerebrovascular damage.

 
 
 

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