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Psicose Pós-Parto Pode Ser Herdada

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 28 de mai.
  • 4 min de leitura

A psicose pós-parto é uma condição mental grave que pode surgir nas primeiras semanas após o nascimento do bebê, com sintomas como confusão, alucinações e mudanças bruscas de humor. Um estudo com mais de 1,6 milhão de mulheres mostrou que ter uma irmã que teve psicose pós-parto aumenta o risco da condição, sugerindo influência genética. Ainda assim, mesmo nesses casos, a chance de desenvolver a doença continua baixa. O estudo destaca a importância de mais pesquisas para entender os fatores genéticos e ambientais envolvidos.


A psicose pós-parto é uma condição mental muito grave que pode afetar algumas mulheres logo após o nascimento de um bebê. Trata-se de uma emergência médica porque, se não for tratada rapidamente, pode levar a pensamentos suicidas ou até mesmo ao risco de a mãe machucar o próprio bebê. 


Essa condição costuma surgir nas primeiras semanas depois do parto, geralmente no primeiro mês, e se manifesta de forma rápida e intensa. Os sintomas incluem alterações extremas de humor (como euforia ou tristeza profunda), pensamentos confusos, dificuldade para pensar com clareza, alucinações, ansiedade intensa e insônia. 


Apesar de seu impacto, a psicose pós-parto ainda não é reconhecida como um transtorno separado nos manuais médicos, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento adequado.

Os cientistas ainda estão tentando entender melhor o que causa a psicose pós-parto. Desde o século XIX, já se acreditava que a hereditariedade (ou seja, histórico familiar) poderia ter um papel, e que os eventos como gravidez, parto e amamentação poderiam ser os gatilhos da doença. 


Mais recentemente, pesquisadores passaram a estudar fatores biológicos, como mudanças no cérebro, no sistema imunológico e no funcionamento hormonal das mulheres. No entanto, as causas genéticas específicas ainda não foram bem identificadas. 


Alguns estudos focaram em mulheres com transtorno bipolar (uma condição de variações intensas de humor) que tiveram psicose pós-parto, sugerindo que pode haver ligação entre essas condições. Mas ainda há dúvidas se o risco vem mesmo dos genes, de influências do ambiente (como estresse ou suporte social) ou de uma combinação dos dois.


Este estudo mais recente analisou um grande número de mulheres na Suécia para entender se a psicose pós-parto acontece com mais frequência em famílias. Os pesquisadores estudaram mais de 1,6 milhão de mulheres e observaram quais delas desenvolveram psicose pós-parto após o primeiro filho.

Eles focaram em irmãs e primas dessas mulheres, para ver se parentes também apresentavam risco maior de desenvolver o mesmo problema. A ideia foi comparar se ter uma irmã com psicose pós-parto aumentaria significativamente as chances de outra irmã também desenvolver a condição, e se isso também se aplicaria a primas, que compartilham menos genes.


Os resultados mostraram que sim: mulheres que tinham uma irmã que passou por psicose pós-parto tinham cerca de 10 vezes mais chance de também desenvolver a condição.


Já no caso das primas, o risco foi maior que o da população geral, mas não foi estatisticamente significativo, ou seja, os dados não foram fortes o bastante para afirmar com certeza que há relação. 


Isso sugere que fatores genéticos podem, sim, ter um papel importante, principalmente entre familiares mais próximos. No entanto, o risco total ainda é relativamente baixo: mesmo com uma irmã afetada, a chance de desenvolver psicose pós-parto foi de apenas 1,6%.

Em resumo, esse estudo reforça a ideia de que a psicose pós-parto pode estar ligada à hereditariedade, especialmente entre irmãs. Ao mesmo tempo, ele mostra que não é só por ter um familiar com a condição que uma mulher certamente vai desenvolver o mesmo problema. 


Isso aponta para uma interação complexa entre os genes e o ambiente, e destaca a importância de continuar estudando esse assunto. Compreender melhor esses fatores pode ajudar a identificar mulheres em risco e oferecer apoio preventivo no momento do parto e nos primeiros meses da maternidade.



LEIA MAIS:


Familial Risk of Postpartum Psychosis

Adrianna P. Kępińska, Thalia K. Robakis, Keith Humphreys, Xiaoqin Liu, René S. Kahn, Trine Munk-Olsen, Veerle Bergink, and Behrang Mahjani 

American Journal of Psychiatry. 19 May 2025


Abstract:


Postpartum psychosis is one of the most severe psychiatric conditions, with high risks of suicide and infanticide if untreated. Although genetic factors contribute to the risk of postpartum psychosis, the extent of familial risk remains to be determined. The authors compared relative recurrence risk across different family relationship types, hypothesizing that relative recurrence risk for postpartum psychosis varies by degree of genetic relatedness and is higher in female full siblings than in cousins. This cohort study consisted of 1,648,759 women from the Swedish nationwide registers, of whom 2,514 (0.15%) experienced postpartum psychosis within 3 months of their first-ever childbirth. The authors estimated the relative recurrence risk of postpartum psychosis for female full siblings and cousins as a measure of familial risk. The relative recurrence risk of postpartum psychosis in full siblings was 10.69 (95% CI=6.60, 16.26) when adjusted for year of and age at childbirth. Although cousins showed an elevated relative recurrence risk, these results did not reach statistical significance (1.78, 95% CI=0.70, 3.62). Despite the higher familial risk of postpartum psychosis among full siblings, the absolute risk for women with an affected sibling was relatively low, estimated at 1.60% within the entire population. The observed increased risk of postpartum psychosis in full siblings suggests both genetic and shared environmental influences. However, the lack of significant results in cousins hampers a more accurate distinction between these factors. Furthermore, despite increased relative recurrence risk in siblings, their overall likelihood of developing postpartum psychosis remains low. This study underscores the need for further research to better understand the intricate interplay of genetics and shared environment in the development of postpartum psychosis.

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