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Meninos x Meninas: Como As Crianças Regulam a Fome De Formas Distintas

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 29 de set.
  • 3 min de leitura
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Um estudo com 64 crianças de 4 a 6 anos investigou se a forma da maçã (fatias, purê, suco) afeta a saciedade. Diferente dos adultos, as crianças não mostraram diferenças significativas entre as formas da fruta. No entanto, meninos apresentaram melhor regulação energética (compensação quase perfeita) do que meninas, sugerindo que fatores biológicos podem influenciar mais os meninos, enquanto fatores sociais/aprendidos podem ter maior impacto nas meninas.


A capacidade de sentir-se satisfeito depois de comer, o que chamamos de saciedade, é muito importante para regular quanto comemos e, consequentemente, para manter um peso saudável. Pesquisas com adultos já mostraram que a forma do alimento pode influenciar bastante essa sensação. 


Por exemplo, beber um suco pode deixar a pessoa menos satisfeita do que comer a mesma fruta em pedaços, mesmo que os dois tenham a mesma quantidade de calorias e nutrientes. Isso acontece porque alimentos sólidos demoram mais para serem mastigados, ficam mais tempo no estômago e prolongam a sensação de estar 'cheio'. 


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Mas ainda não está claro se isso também acontece com crianças. Para investigar essa questão, um grupo de pesquisadores fez um estudo com 64 crianças de 4 a 6 anos de idade. Cada criança participou de 5 sessões no laboratório, uma vez por semana. Em cada visita, ela recebia uma condição diferente:


1- nenhuma pré-refeição (controle),


2- fatias de maçã,


3- purê de maçã,


4- suco de maçã,


5- suco de maçã adoçado com adoçante não nutritivo.


Todas as versões (exceto o suco com adoçante) tinham a mesma quantidade de calorias, peso e densidade energética. Além disso, os pesquisadores controlaram o tempo de ingestão e mascararam o volume visual, para que as crianças não se influenciassem pelo tamanho aparente da porção.


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Depois de consumir a pré-carga, as crianças recebiam uma refeição padrão e podiam comer à vontade. Os pesquisadores então calculavam a compensação energética, ou seja, se a criança reduzia (ou não) a quantidade de comida da refeição após ter ingerido a maçã em uma das formas.


O que eles encontraram? De forma geral, a forma da maçã (fatias, purê ou suco) não fez diferença significativa na saciedade. Os números médios foram próximos: 112 % para fatias, 121 % para purê e 120 % para suco. Porém, houve uma diferença importante entre meninos e meninas. 


Nos meninos, as fatias de maçã resultaram em quase compensação perfeita (99 %), ou seja, eles comeram quase exatamente a quantidade que fazia sentido para equilibrar a refeição. Nas meninas, a compensação foi 125 %, o que significa que, mesmo após comerem a maçã, acabaram ingerindo mais energia do que o esperado.


O que isso significa? Esses resultados sugerem que os meninos parecem responder mais aos sinais biológicos de saciedade, enquanto as meninas podem ser mais influenciadas por fatores sociais ou aprendidos, como incentivo para comer mais ou hábitos alimentares familiares.



LEIA MAIS:


Effects of apple form on satiety in 4–6 year-old children: possible evidence of sex differences

Nicole A. Reigh, Barbara J. Rolls, Benjamin A. Baney, Lori A. Francis, Kristin A. Buss, John E. Hayes, Marion M. Hetherington, Kameron Moding, Samantha M.R. Kling, and Kathleen L. Keller

Appetite, Volume 216, 1 January 2026, 108269


Abstract: 


Research in adults has shown that food form (e.g., liquid, semi-solid, solid) influences satiety, even when energy and energy density are matched. However, less is known about the impact of food form on satiety in children. We examined the influence of food form on children's subsequent meal intake. Children (n = 64, F = 32; mean age 5.9 years-old) completed a crossover study with 5 laboratory visits, each ∼1 week apart. During each visit, children were presented with no preload (control) or one of 4 apple preloads: slices, purée, juice, or juice sweetened with non-nutritive sweetener. Apple slices, purée, and juice were matched for energy and energy density. Visual cues were masked and eating rate was controlled. The order of conditions was pseudorandomized and counterbalanced. Following the preload, children ate ad libitum from a standardized meal and satiety was calculated as the % of energy intake at the preload + meal relative to intake at the no preload condition (100 % = perfect compensation). Food form did not influence satiety. Satiety was 112 %, 121 %, and 120 % for apple slices, purée, and juice, respectively (p > 0.05). Results, however, varied by sex: boys showed near perfect (99 %) compensation for apple slices (p < 0.01), while it was 125 % in girls. Compared to the control condition, satiety in boys was better (i.e., closer to 100 %) than in girls (p < 0.05). Thus, when visual cues were masked and consumption rate controlled, solid fruit and fruit juice had similar effects on satiety, but across fruit forms, boys showed better satiety than girls. These findings suggest that factors that influence satiety differ by child sex; we posit that satiety in girls may be driven more by social/learned cues while boys respond to biological signals.

 
 
 

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