Juventude Psicodélica? Psilocibina Mostra Efeitos Rejuvenescedores
- Lidi Garcia
- 1 de ago.
- 3 min de leitura

Cientistas descobriram que a psilocibina, substância presente em cogumelos alucinógenos, pode ajudar a retardar o envelhecimento celular e aumentar a longevidade. Em testes com células humanas e camundongos idosos, a substância protegeu o DNA, reduziu o estresse celular e prolongou a vida. Isso indica que, além de tratar problemas como depressão e ansiedade, a psilocibina pode ter potencial para ajudar no envelhecimento saudável.
A psilocibina é uma substância psicodélica natural encontrada em certos cogumelos alucinógenos. Recentemente, ela tem despertado grande interesse da comunidade científica por seus potenciais efeitos terapêuticos.
Já foram realizados mais de 150 estudos clínicos com essa substância, investigando seus impactos em transtornos como depressão, ansiedade, dependência química, Alzheimer, dor crônica, entre outros. Uma única dose tem mostrado benefícios duradouros, em alguns casos, efeitos positivos ainda são observados até cinco anos após o uso.
No entanto, o modo exato como a psilocibina atua no organismo ainda não é completamente entendido, especialmente em relação aos seus possíveis efeitos sobre o envelhecimento celular.

Uma hipótese recente chamada “hipótese psilocibina-telômero” sugere que a psilocibina pode atuar preservando os telômeros, estruturas localizadas nas extremidades dos cromossomos que protegem nosso DNA.
O encurtamento dos telômeros está ligado ao envelhecimento e a doenças relacionadas, como depressão, estresse crônico e declínio cognitivo. Por outro lado, pessoas com estados mentais mais positivos tendem a ter telômeros mais longos. A ideia, portanto, é que a psilocibina possa ajudar a desacelerar o envelhecimento celular por meio da proteção dessas estruturas.

Para testar isso, os cientistas usaram células humanas em laboratório (fibroblastos pulmonares e de pele) e as trataram com psilocina, a forma ativa da psilocibina no corpo. Descobriu-se que a substância retardou o envelhecimento dessas células, estendendo sua “vida útil” em até 57%.
As células também mostraram menor estresse oxidativo, mais atividade ligada à reparação do DNA e menos sinais de envelhecimento, sem se tornarem cancerígenas. Em resumo: a psilocina ajudou as células a se manterem jovens por mais tempo.
Além dos testes em células, os pesquisadores também avaliaram os efeitos da psilocibina em camundongos idosos, que receberam doses mensais da substância durante 10 meses (o equivalente a tratamento em humanos de terceira idade).
Os resultados foram impressionantes: 80% dos camundongos tratados sobreviveram ao final do estudo, contra apenas 50% dos que não receberam psilocibina. Esses camundongos também apresentaram aparência física mais saudável, com melhora na qualidade da pelagem.

Nesta pesquisa, camundongos fêmeas idosos (com cerca de 19 meses de idade) foram tratados por 10 meses com psilocibina, um composto natural encontrado em cogumelos, ou com uma substância neutra (controle). A figura mostra que os camundongos tratados com psilocibina (linha verde) viveram mais tempo do que os do grupo controle (linha preta), conforme o gráfico B. Além disso, como ilustrado nas fotos da seção C, os camundongos que receberam psilocibina pareciam mais saudáveis visualmente aos 28 meses, com menos sinais de envelhecimento, como perda de pelos e descoloração, marcados por setas vermelhas. Já os camundongos do grupo controle aparentavam mais debilitados. Isso sugere que a psilocibina pode retardar o envelhecimento e melhorar a qualidade de vida em modelos animais idosos.
A explicação pode estar nos receptores de serotonina, especialmente o 5-HT2A, que é ativado pela psilocibina. Esse receptor está presente em diversas células do corpo, incluindo neurônios, células imunológicas e da pele.
Sua ativação parece estimular enzimas antioxidantes e proteínas como a SIRT1, conhecidas por retardar o envelhecimento celular. Também foram observadas melhorias em processos como proteção contra danos no DNA, preservação do comprimento dos telômeros e menor inflamação.

Esses achados sugerem que a psilocibina pode não apenas tratar doenças mentais, mas também atuar como um geroprotetor, um tipo de substância que ajuda a desacelerar o envelhecimento e promover a longevidade. Apesar dos resultados promissores, o estudo reconhece que ainda são necessários mais experimentos, especialmente para entender possíveis riscos de uso prolongado, impacto em diferentes sexos e efeitos sobre o câncer.
Infelizmente, a pesquisa com psilocibina ainda enfrenta grandes obstáculos, como barreiras regulatórias (por ser uma substância controlada) e falta de financiamento público. No entanto, o reconhecimento da psilocibina como "terapia inovadora" pelo FDA (órgão regulador dos EUA) reforça seu potencial e segurança.
Esse estudo abre caminho para novas terapias e reforça a ideia de que compostos naturais podem ter efeitos profundos e duradouros sobre a saúde humana, inclusive no combate ao envelhecimento.
LEIA MAIS:
Psilocybin treatment extends cellular lifespan and improves survival of aged mice
Kosuke Kato, Jennifer M. Kleinhenz, Yoon-Joo Shin, Cristian Coarfa, Ali J. Zarrabi, and Louise Hecker
npj Aging, volume 11, Article number: 55 (2025)
Abstract:
Psilocybin, the naturally occurring psychedelic compound produced by hallucinogenic mushrooms, has received attention due to considerable clinical evidence for its therapeutic potential to treat various psychiatric and neurodegenerative indications. However, the underlying molecular mechanisms remain enigmatic, and few studies have explored its systemic impacts. We provide the first experimental evidence that psilocin (the active metabolite of psilocybin) treatment extends cellular lifespan and psilocybin treatment promotes increased longevity in aged mice, suggesting that psilocybin may be a potent geroprotective agent.



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