top of page

Infecções Por Herpes Podem Antecipar a Chegada Da Demência

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 28 de jul.
  • 4 min de leitura
ree

Cientistas investigaram se infecções anteriores por vírus da família herpes (como o da mononucleose ou herpes labial) podem estar ligadas ao Alzheimer. Eles descobriram que pessoas saudáveis que já tiveram esses vírus apresentam níveis mais altos, no sangue, de substâncias associadas à doença, mesmo sem sintomas. Isso sugere que infecções comuns ao longo da vida podem influenciar o risco futuro de desenvolver demência.


O Alzheimer é a forma mais comum de demência em pessoas idosas, mas, até hoje, os cientistas ainda não sabem exatamente o que causa essa doença em sua forma mais frequente, a esporádica, que surge sem motivo hereditário claro. 


Alguns fatores de risco já foram identificados: por exemplo, uma variação genética chamada apoE4 aumenta a chance de desenvolver Alzheimer. Estilo de vida também conta, alimentação, exercício, sono e outros hábitos saudáveis podem influenciar o risco.


No entanto, muitos especialistas acreditam que certos "ataques" ao corpo, como infecções ou inflamações, também podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento da doença.


Entre esses possíveis fatores está a exposição a certos vírus, especialmente os chamados herpesvírus humanos (HHVs). Estes são vírus muito comuns, como o vírus da herpes labial, da catapora e do citomegalovírus, e muitos de nós já entramos em contato com algum deles durante a vida. 

ree

Alguns estudos anteriores encontraram sinais desses vírus no cérebro de pessoas que tiveram Alzheimer. Além disso, há pesquisas sugerindo que medicamentos antivirais podem ajudar a reduzir o risco de demência, o que dá mais força a essa hipótese.


Nos últimos anos, a ciência avançou muito na busca por exames de sangue que possam ajudar a identificar o Alzheimer antes mesmo de os sintomas aparecerem. Esses exames procuram por substâncias chamadas biomarcadores, que são sinais no sangue ligados às alterações cerebrais características da doença. 


Os principais biomarcadores estudados são as proteínas beta-amiloide (Aβ40 e Aβ42) e tau fosforilada (pTau181 e pTau217), que estão associadas à formação de placas e emaranhados no cérebro, marcas registradas do Alzheimer. Já se sabe que essas substâncias podem ser detectadas no sangue até 20 anos antes do surgimento dos sintomas. 

ree

Neste novo estudo, os pesquisadores da University of Minnesota Medical School, USA, quiseram investigar se o contato prévio com os vírus da família herpes poderia estar ligado a alterações nos níveis desses biomarcadores no sangue, mesmo em pessoas que ainda não apresentam nenhum problema cognitivo (ou seja, estão cognitivamente saudáveis). 


Para isso, eles analisaram amostras de sangue de 345 coletas feitas com 167 mulheres entre 26 e 98 anos de idade. Em cada amostra, eles mediram os níveis dos cinco biomarcadores citados e também verificaram se a pessoa tinha anticorpos contra seis tipos de herpesvírus, o que indica infecção anterior.


O que eles encontraram foi que, à medida que a idade aumentava, os níveis desses biomarcadores também subiam, o que é esperado, já que o risco de Alzheimer aumenta com a idade. No entanto, esse aumento era muito mais acentuado nas pessoas que tinham anticorpos para herpesvírus. 

ree

A frequência que os 5 biomarcadores para Alzheimer’s usados apareceram nas amostras analisadas. (A) Αβ40 (N = 323) (B) Αβ42 (N = 323); (C) Αβ42/Αβ40 (N = 311); (D) pTau181 (N = 345); (E) pTau217 (N = 345). 


Em especial, o vírus Epstein-Barr (HHV4, o mesmo da mononucleose) e o HHV6 foram os mais associados a esse crescimento nos biomarcadores. Já o HHV3 (da catapora) estava presente em todas as amostras, e por isso não foi possível avaliar seu efeito comparativo.


De maneira geral, os biomarcadores que mais aumentaram foram, nesta ordem: Aβ40, Aβ42, pTau217 e pTau181. E entre os vírus, os que mais se associaram ao aumento foram: HHV4, HHV6, HHV1 (herpes simples tipo 1), HHV2 (herpes genital) e HHV5 (citomegalovírus). 

ree

Os vírus do herpes humano estão associados a aumentos mais acentuados, dependentes da idade, nos biomarcadores séricos de demência em mulheres sem comprometimento cognitivo. Aumento médio (entre HHV) na correlação de Spearman do biomarcador versus idade em HHV(+) em relação a HHV(−) para os 4 biomarcadores apresentados.


Em termos numéricos, o aumento médio dos biomarcadores nas pessoas que já haviam tido herpesvírus foi mais que o dobro do que nas pessoas que nunca tiveram, uma diferença considerada estatisticamente significativa.


Curiosamente, a presença do gene apoE4, conhecido fator de risco para Alzheimer, não afetou esse resultado.


Esses achados sugerem que uma infecção anterior por vírus da família herpes pode deixar "marcas" no organismo que, ao longo do tempo, aumentam os níveis de substâncias ligadas ao Alzheimer no sangue, mesmo em pessoas sem sintomas. Isso reforça a ideia de que vírus comuns, mesmo os que aparentemente causaram apenas infecções leves no passado, podem ter um papel importante e ainda subestimado no surgimento da demência.



LEIA MAIS:


Human herpes viruses are associated with steeper age-dependent increases of serum biomarkers for dementia in cognitively unimpaired women

Lisa M. James, George Stratigopoulos, and Apostolos P. Georgopoulos 

Scientific Reports, volume 15, Article number: 25475 (2025)


Abstract: 


Blood biomarkers for dementia are being increasingly used for screening and possibly early detection of dementia in cognitively unimpaired (CU) people. Here we measured blood serum levels of 5 dementia-related biomarkers (Aβ1–40 [Aβ40], Aβ1–42 [Aβ42], Aβ42/Aβ40 ratio, phosphorylated Tau181 [pTau181], and phosphorylated Tau217 [pTau217]) and determined the seroprevalence of 6 HHV (HHV1, HHV2, HHV3, HHV4, HHV5, HHV6) in 345 samples drawn at successive visits from 167 CU women 26–98 years old. All biomarkers except for Aβ42/Aβ40 increased significantly with age, particularly in those who were HHV seropositive. With respect to the biomarkers, the increase was highest for Aβ40 > Aβ42 > pTau217 > pTau181, and, with respect to HHV, the increase was highest for HHV4 > HHV6 > HHV1 > HHV2 > HHV5 (HHV3 was seropositive in all samples). Overall, the average normalized rate of increase of biomarkers with age was 2.15 × higher in the HHV seropositive vs. seronegative groups (P = 0.003, paired samples t-test). The presence of apolipoprotein E4 (apoE4) genotype did not have a significant effect on those rates. These findings document a link between prior viral infection and dementia-related blood biomarkers, adding support to the HHV hypothesis in developing dementia, irrespective of apoE4 allele presence.

 
 
 

Comentários


© 2020-2025 by Lidiane Garcia

bottom of page