Idosos Ativos Socialmente Envelhecem Mais Devagar e Vivem Mais
- Lidi Garcia
- 5 de set.
- 4 min de leitura

Manter uma vida social ativa depois dos 60 anos ajuda as pessoas a viverem mais e melhor. Um grande estudo nos Estados Unidos mostrou que idosos que participam de atividades sociais, voluntariado ou convivem mais com outras pessoas têm menor risco de morte em quatro anos. Isso acontece porque eles costumam ser mais ativos fisicamente e porque o corpo deles envelhece de forma mais lenta.
À medida que a população dos Estados Unidos se aproxima do ano de 2030, quase um em cada cinco habitantes terá 65 anos ou mais. Por isso, entender o que ajuda as pessoas a viverem mais e com mais saúde se tornou uma questão urgente.
Pesquisas mostram que ter bons hábitos de saúde e manter vínculos sociais, como participar de atividades comunitárias, esportivas, artísticas ou de voluntariado, pode fazer diferença na qualidade de vida. Esses contatos sociais não apenas trazem benefícios diretos, como menos doenças e mais bem-estar, mas também afetam a saúde por meio de vários caminhos: emocionais, biológicos, comportamentais e até econômicos.
Sabemos bastante sobre os efeitos negativos do isolamento, ou seja, quando as pessoas ficam sozinhas e desconectadas. Isso está associado a piores condições de saúde e maior risco de morte. Mas ainda não entendemos completamente como, de forma positiva, a participação em atividades sociais ajuda a prolongar a vida.

Existem algumas teorias: uma delas diz que a interação social ajuda a manter corpo e mente em funcionamento; outra sugere que as redes de contato oferecem recursos úteis para a saúde; e há ainda a ideia de que laços sociais reduzem os impactos do estresse no corpo. No entanto, as provas científicas sobre como exatamente esses mecanismos funcionam ainda são limitadas.
Pessoas mais ativas socialmente tendem a ter hábitos mais saudáveis, como se exercitar mais e consumir menos álcool e tabaco. Além disso, interagir com os outros melhora o humor, diminui o estresse e estimula o cérebro. Relações sociais fortes também podem influenciar processos biológicos que retardam o envelhecimento do corpo.
Hoje, cientistas não olham apenas para a idade em anos, mas também para a chamada "idade biológica", que mede o desgaste do corpo ao longo da vida. Esse tipo de medida pode prever melhor o risco de morte do que apenas a idade cronológica.

Neste estudo, os pesquisadores quiseram descobrir se estar socialmente engajado ajuda a viver mais e como isso acontece. Para isso, eles usaram dados de um grande levantamento nacional com pessoas de 60 anos ou mais, chamado Estudo de Saúde e Aposentadoria.
Em 2016, esses participantes responderam a questionários sobre estilo de vida, hábitos de saúde e atividades sociais, além de fornecer amostras de sangue para análises biológicas. O engajamento social foi medido a partir de nove perguntas sobre frequência em atividades sociais, e os participantes foram classificados em grupos de baixo, médio ou alto engajamento.
Os cientistas calcularam a idade biológica de cada pessoa e compararam com a idade cronológica, ou seja, o número de anos de vida. Também acompanharam os participantes durante quatro anos para ver quem tinha maior risco de falecer nesse período.
Com base nesses dados, eles avaliaram quais fatores poderiam explicar a relação entre vida social ativa e menor mortalidade. Entre os fatores considerados estavam: prática de atividade física, sintomas de depressão, uso de tabaco e consumo excessivo de álcool.

No total, 2.268 pessoas participaram da análise. Os resultados mostraram que quem tinha maior engajamento social apresentava menor risco de morrer em quatro anos, além de mostrar sinais de uma idade biológica mais jovem em comparação à idade cronológica.
Essas pessoas também tinham estilos de vida mais saudáveis e menos sintomas de depressão. A análise estatística mostrou que parte desse efeito era explicado pelo fato de pessoas mais sociáveis praticarem mais atividade física (16% do efeito) e envelhecerem biologicamente de forma mais lenta (15% do efeito). O consumo de álcool, tabaco e os sintomas depressivos, no entanto, não explicaram de forma significativa essa relação.

Em resumo, este estudo indica que manter uma vida social ativa depois dos 60 anos está associado a menor risco de morte, e isso pode ser explicado, em parte, porque pessoas engajadas cuidam melhor da saúde física e porque seus corpos envelhecem mais devagar.
Esse tipo de achado é importante para orientar políticas públicas e estratégias de saúde que incentivem idosos a participar mais de atividades sociais, da mesma forma que já existem campanhas para estimular a prática de exercícios ou a alimentação saudável.
LEIA MAIS:
Low Social Engagement and Risk of Death in Older Adults
Ashraf Abugroun, Sachin J. Shah, Kenneth Covinsky, Colin Hubbard, John C. Newman, and Margaret C. Fang
Journal of the American Geriatrics Society. Volume 73, Issue 7, July 2025, Pages 2166-2175DOI: 10.1111/jgs.19511
Abstract:
Social engagement contributes to healthy aging, yet the mechanisms linking social engagement to mortality risk remain poorly understood. This study investigated the biological, behavioral, and psychological pathways mediating this relationship. We conducted a prospective cohort study using Health and Retirement Study (HRS) data on participants aged 60 and older who completed the Psychosocial and Lifestyle Questionnaires and provided blood samples in 2016. Social engagement was assessed using nine items from the HRS Social Participation questionnaire, with responses categorized as low, moderate, or high. Biological age was calculated using the Klemera–Doubal method and compared to chronological age to identify decelerated aging. We explored mediating pathways between social engagement and 4-year mortality risk using counterfactual mediation analyses. In total, 2268 participants were included. Higher social engagement was associated with lower all-cause mortality rates over 4 years of follow-up. The high social engagement group participants had a lower median biological age, healthier behaviors, and lower prevalence of depressive symptoms than those in the low and moderate engagement groups. High social engagement was associated with lower mortality risk than low engagement (a-HR: 0.58 [95% CI: 0.39, 0.86; p = 0.009]). This effect was partially mediated by regular physical activity (16%) and decelerated biological age (15%). Other factors such as high depressive symptoms, excess alcohol use, and tobacco use showed no significant mediating effects. Higher social engagement in older adults is associated with reduced mortality risk possibly due to decreased biological aging and increased physical activity levels.



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