Explosão de Diagnósticos de TDAH: O Impacto da Pandemia e do Mundo Digital
- Lidi Garcia
- 18 de mar.
- 4 min de leitura

Entre 2019 e 2024, as prescrições de TDAH na Inglaterra aumentaram significativamente, passando de 25 para 41,55 por 1.000 pessoas. O metilfenidato foi o mais prescrito, mas a lisdexanfetamina teve o maior crescimento, subindo 55% ao ano. O aumento variou por região, sendo maior em Londres (28%) e menor no Nordeste e Yorkshire (13%), revelando desigualdades no acesso ao diagnóstico e ao tratamento.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurodesenvolvimental caracterizada por desatenção, impulsividade e hiperatividade. O TDAH é um transtorno comum que afeta cerca de 7% das crianças no mundo e um número crescente de adultos.
O diagnóstico é clínico, feito por profissionais de saúde com base em critérios específicos, levando em conta sintomas persistentes desde a infância e seu impacto na vida diária.
Embora intervenções comportamentais sejam recomendadas, medicamentos como estimulantes (metilfenidato e lisdexanfetamina) e não estimulantes (atomoxetina e guanfacina) são frequentemente prescritos para ajudar a regular a atenção e o controle dos impulsos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Desde a pandemia, o número de prescrições de medicamentos para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade na Inglaterra cresceu, em média, 18% ao ano. Esse aumento parece estar ligado a uma maior conscientização sobre o transtorno, impulsionada, em parte, pelas redes sociais, e ao impacto psicológico deixado pela COVID-19.
No entanto, esse crescimento não foi igual em todo o país. Algumas regiões registraram um grande aumento no número de prescrições, enquanto outras tiveram um crescimento bem menor, revelando desigualdades no acesso ao diagnóstico e ao tratamento.
No Reino Unido, existem cinco medicamentos aprovados para o tratamento: três estimulantes (metilfenidato, dexanfetamina e lisdexanfetamina) e dois não estimulantes (atomoxetina e guanfacina). Quando não há acesso a terapias comportamentais, esses remédios desempenham um papel fundamental no controle dos sintomas.
Pesquisadores analisaram informações sobre prescrições de TDAH na Inglaterra entre 2019 e 2024. Antes da pandemia, havia cerca de 25 prescrições para cada 1.000 pessoas.
Em 2023-2024, esse número saltou para 41,55. O medicamento mais prescrito continuou sendo o metilfenidato, mas o lisdexanfetamina teve o maior crescimento, com um aumento de 55% ao ano.
As prescrições cresceram em todas as sete regiões do país, mas com diferenças marcantes. Londres registrou o maior aumento anual (28%), enquanto o Nordeste e Yorkshire tiveram o menor (13%). Além disso, em nível local, algumas áreas como Birmingham e Solihull tiveram aumentos superiores a 50%, enquanto Norfolk e Waveney tiveram apenas 4,5%.

Os pesquisadores apontam algumas razões para esse crescimento:
- Maior conscientização sobre o TDAH, impulsionada por redes sociais como TikTok e Instagram, que levaram mais pessoas a buscarem diagnóstico e tratamento.
- Impactos psicológicos da pandemia, que podem ter agravado sintomas de TDAH ou feito com que mais pessoas procurassem ajuda.
- Fatores socioeconômicos, como desigualdade no acesso a cuidados de saúde, que podem explicar diferenças regionais nos números.

O estudo reforça a necessidade de políticas que garantam acesso mais equilibrado ao tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em todo o país. Também alerta sobre a importância de filtrar e regular informações sobre o transtorno nas redes sociais, para evitar a disseminação de desinformação.
Os pesquisadores destacam que ainda não está claro se esse aumento nas prescrições será uma tendência duradoura ou apenas um reflexo do momento pós-pandemia.
Mas uma coisa é certa, entender melhor os motivos desse crescimento é essencial para garantir que todas as pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade recebam o apoio necessário.
LEIA MAIS:
Socioeconomic status and prescribing of ADHD medications: a study of ICB-level data in England
Muhammad Umair Khan and Syed Shahzad Hasan
BMJ Ment Health. 2025 Mar 11;28(1):e301384.
doi: 10.1136/bmjment-2024-301384.
Abstract:
Little is known about the impact of healthcare structural changes and socioeconomic indices, such as deprivation, mental health needs, and inequalities, on attention-deficit hyperactivity disorder (ADHD) medication prescribing across different regions in England. The objective was to examine trends in ADHD medication prescribing and explore their association with socioeconomic factors. A population-level observational study was conducted using the English Prescribing Dataset (from April 2019 to March 2024) published by the NHS Business Services Authority and the OpenPrescribing platform (Bennett Institute for Applied Data Science, University of Oxford). The study examined trends in five licensed ADHD medications at national, regional and integrated care board (ICB) levels, using linear regression and a generalised additive model to explore the association between socioeconomic factors and prescription rates. The prescriptions increased significantly from 25.17 items per 1000 population in 2019/20 (pre-COVID-19) to 41.55 items in 2023/24 (post-COVID-19), with an average annual increase of 18% nationally. Methylphenidate remained the most prescribed medication, while lisdexamfetamine showed the highest growth rate (55% annually, 95% CI 40% to 71%, p<0.01). Significant regional variations were observed, with London experiencing the highest annual increase (28%), and the Northeast and Yorkshire the lowest (13%). Socioeconomic factors, including ethnicity and deprivation, were significantly associated with ADHD prescription rates (p<0.05). Findings reveal a substantial increase in ADHD medication use in England following the COVID-19 pandemic, with significant variations at regional and ICB levels and complex socioeconomic influences. Findings highlight the need to understand and address drivers of disparities in ADHD care while optimising management strategies across diverse populations.
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