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Eureka Desvendado: Pesquisadores Revelam Pistas Que Antecedem o Insight

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 15 de set.
  • 3 min de leitura
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Pesquisadores descobriram que os famosos momentos de “eureka” na matemática, que parecem surgir do nada, na verdade dão sinais antes de acontecer. Ao filmar matemáticos resolvendo problemas muito difíceis, eles notaram que, alguns minutos antes do insight, o comportamento deles ficava mais imprevisível, mudando a forma de escrever, apagar, gesticular e alternar a atenção no quadro. Usando ferramentas da teoria da informação, foi possível medir essa imprevisibilidade e mostrar que ela aumenta logo antes da descoberta. Isso sugere que o cérebro e o corpo entram em um estado de instabilidade criativa, preparando o terreno para a chegada da ideia repentina.


Você já ouviu falar no famoso momento “Eureka!”, aquele instante mágico em que uma ideia parece surgir do nada? Para muitos, esses insights são como relâmpagos criativos, repentinos e impossíveis de prever. Mas um estudo recente mostrou que, na verdade, o “Eureka” não acontece de forma tão misteriosa assim. Ele pode ser antecipado, e deixa sinais bem antes de surgir.


Pesquisadores da Universidade da Califórnia acompanharam matemáticos enquanto resolviam problemas extremamente difíceis, em seus próprios escritórios, com giz e quadro-negro.


O que eles descobriram foi surpreendente: minutos antes do insight, o comportamento desses matemáticos mudava. Eles passavam a escrever, apagar, gesticular e mudar o foco de atenção de forma cada vez mais imprevisível, quase como se estivessem “testando o terreno” em busca de novas conexões.


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Esse padrão lembra algo que já se conhece em outros campos da ciência: em ecossistemas e no clima, por exemplo, grandes mudanças costumam ser precedidas por sinais de instabilidade.


Do mesmo jeito, antes de um Eureka, o pensamento humano entra em um estado de “desorganização criativa”, no qual velhos padrões dão lugar a novas combinações. É justamente essa imprevisibilidade crescente que indica que o insight está prestes a acontecer.


O mais interessante é que esse sinal pode ser medido de forma objetiva. Não depende do conteúdo da ideia, se é uma equação, um desenho ou um argumento, mas sim da forma como a pessoa se movimenta entre anotações, símbolos e gestos. Em outras palavras, não importa o que está sendo pensado, mas como o processo se organiza (ou se desorganiza) no tempo.


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Metodologicamente, há três decisões que tornam o estudo acessível e robusto. Primeiro, observar o trabalho real dos matemáticos em seus ambientes, e não tarefas artificiais em laboratório, preserva a riqueza da atividade situada; isso garante que escrever, apontar e apagar façam parte do fenômeno, em vez de “ruído”. 


Segundo, transformar a sessão em uma série simbólica de mudanças de atenção permite usar ferramentas maduras da teoria da informação sem exigir medidas cerebrais ou sensores sofisticados; basta o vídeo e uma anotação cuidadosa. 


Terceiro, detectar o “aha” a partir de expressões e fala dos próprios participantes,  as microexclamações de descoberta, dá um marcador temporal relativamente objetivo do evento que interessa prever. Amarrando essas três pontas com a janela deslizante de imprevisibilidade, surge uma forma prática de “ver a aproximação do eureka” em tempo real.


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Essa descoberta reforça a ideia de que grandes avanços, sejam eles de cientistas, artistas ou inventores, não caem do céu. 


Eles nascem de um sistema distribuído: o corpo, o ambiente, os registros que fazemos no papel ou no quadro, tudo isso interage para que a mente chegue ao momento decisivo.


E, ao que tudo indica, o “raio criativo” que chamamos de Eureka não é um milagre, mas sim o resultado visível de uma transição natural, uma virada de fase que, como em outros sistemas complexos, deixa pegadas antes de acontecer.



LEIA MAIS:


An information-theoretic foreshadowing of mathematicians’ sudden insights

Shadab Tabatabaeian, Artemisia O’bi, David Landy, and Tyler Marghetis 

PNAS. August 18, 2025, 122 : (35) e2502791122


Abstract: 


The “eureka” insights that drive progress in science and mathematics remain shrouded in mystery. Sudden, unexpected, appearing like “flashes of lightning”, these insights have the hallmarks of critical transitions in complex systems. Here, zooming in on mathematicians working on proofs in their own departments, we show that sudden insights are anticipated by a system-agnostic, information-theoretic early warning signal. Using dense behavioral recordings of mathematicians’ moment-to-moment activity, we find that their blackboard interactions (e.g., writing, gesturing; ) became increasingly unpredictable before an insight, analogous to the critical fluctuations that anticipate transitions in physical and ecological systems. We explore analytically when this early warning signal applies to varied systems with discrete, symbolic dynamics. While bibliometric analyses offer a zoomed-out perspective on innovation, publications are a coarse-grained record of individuals’ insights. Explaining the sudden insights of innovators, from scientists to sculptors, requires attending to the local, distributed systems of their intellectual activity.

 
 
 

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