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Estudo Revela Aumento Silencioso Em Casos De Homicídio e Suicídio Nos EUA

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 13 de ago.
  • 5 min de leitura
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Um estudo analisou casos de homicídio seguidos de suicídio em 30 estados dos EUA entre 2016 e 2022. Esses eventos, apesar de raros, foram mais frequentes do que se pensava, com cerca de 820 mortes por ano. A maioria dos casos envolvia homens, armas de fogo e parceiros(as) íntimos(as) como vítimas. As taxas variaram bastante entre os estados, e os pesquisadores destacam a importância de políticas para prevenir a violência doméstica e limitar o acesso a armas por pessoas em risco.


Homicídio-suicídio é um tipo de tragédia em que uma pessoa tira a vida de uma ou mais pessoas e, logo em seguida, comete suicídio. Embora seja um tipo de violência relativamente raro nos Estados Unidos, pesquisas anteriores indicavam uma média estável de 0,2 a 0,3 casos para cada 100 mil pessoas, dados que, até então, só iam até 2004. 


Como as taxas de homicídio e suicídio vêm mudando ao longo do tempo, esse novo estudo teve como objetivo atualizar essas informações, analisando a frequência, as características e os padrões desse tipo de ocorrência em 30 estados norte-americanos entre os anos de 2016 e 2022.


Para entender melhor esses eventos, os pesquisadores usaram uma base de dados nacional dos EUA chamada Sistema Nacional de Notificação de Mortes Violentas. Esse sistema coleta informações detalhadas sobre mortes violentas, incluindo homicídios e suicídios, com base em relatórios policiais, exames forenses e outras fontes oficiais. O estudo focou em 30 estados que forneceram dados de forma consistente durante o período analisado. 

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Os pesquisadores definiram como "homicídio-suicídio" qualquer caso em que uma ou mais pessoas foram assassinadas e o autor tenha cometido suicídio dentro de um período de até 24 horas. Cada caso foi cuidadosamente analisado individualmente: eles separaram os dados do autor e de todas as vítimas envolvidas, buscando identificar padrões como a arma usada, a relação entre o agressor e as vítimas, e características demográficas como idade, sexo e raça.


Para calcular as taxas, os pesquisadores usaram os dados populacionais oficiais de cada estado, fornecidos pelo Censo dos EUA. Eles analisaram essas taxas ao longo do tempo, tanto por ano quanto por trimestre, e usaram um método estatístico chamado "regressão linear por partes" para identificar se houve aumento, diminuição ou estabilidade nos números ao longo dos anos. 


As análises estatísticas foram feitas com programas especializados em análise de dados, como o SAS e o R. O estudo seguiu normas éticas rigorosas e foi aprovado por um comitê de ética da Universidade de Columbia.

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Entre 2016 e 2022, foram registradas 5.743 mortes por homicídio-suicídio nos 30 estados analisados. Isso corresponde a uma média de 820 mortes por ano. Desses casos, 3.125 foram homicídios e 2.618 foram suicídios. 


A grande maioria dos autores dos suicídios eram homens (mais de 91%), e a maioria das vítimas de homicídio também eram homens (73%). A taxa média anual de homicídio-suicídio durante esse período foi de 0,45 por 100 mil pessoas, um número um pouco mais alto do que o que havia sido registrado em estudos anteriores. 


As taxas variaram bastante de estado para estado: os estados com as taxas mais altas foram o Alasca e o Arizona, enquanto os mais baixos foram Massachusetts e New Hampshire.


Em relação ao número de vítimas por evento, a maioria dos casos envolveu apenas uma vítima de homicídio (quase 86%), mas houve situações com até sete vítimas. Cerca de 14% das vítimas de homicídio eram crianças menores de 18 anos. 


A arma mais comum usada nesses crimes foi a arma de fogo, presente em quase 90% dos homicídios e suicídios analisados. O tipo de vítima mais comum foi o(a) parceiro(a) íntimo(a), ou seja, atual ou ex-companheiro(a) do agressor, representando mais da metade das vítimas de homicídio.

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Taxa de homicídio e suicídio nos EUA por 100.000 pessoas por trimestre (Q), 2016-2022.


Esse estudo mostrou que, embora o homicídio-suicídio continue sendo um fenômeno raro, ele acontece com mais frequência do que se imaginava com base em dados antigos. As taxas se mantiveram estáveis ao longo dos sete anos analisados, mas os números ainda são preocupantes. 


A maioria dos casos envolve relacionamentos íntimos, o que reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para a prevenção da violência doméstica, como programas de apoio às vítimas e triagens para identificar pessoas em risco.


O fato de quase todos os casos envolverem armas de fogo também aponta para a importância de políticas que controlem o acesso a essas armas, como ordens de proteção contra pessoas que apresentem risco de cometer violência.

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A diferença nas taxas entre os estados indica que soluções locais precisam ser adaptadas à realidade de cada região, considerando desde as leis de armas até a disponibilidade de serviços de saúde mental e proteção contra violência doméstica.


Vale destacar que o estudo tem algumas limitações: nem todos os estados dos EUA participaram com dados completos, então os resultados não representam o país inteiro. Além disso, em alguns casos não havia informações detalhadas sobre o contexto da tragédia, o que pode dificultar a compreensão completa de cada incidente.



LEIA MAIS:


The Epidemiology of Murder-Suicide in the US, 2016-2022

Katherine M. Keyes, Victoria A. Joseph, and Caroline Rutherford

JAMA Netw Open, July 29, 2025; 8; (7) : e2523698. 

doi:10.1001/jamanetworkopen.2025.23698


Abstract: 


Murder-suicide events occur when an individual commits 1 or more acts of homicide shortly before taking their own life.1,2 Incidence is low in the US population, with prior research indicating stable population rates of approximately 0.2 to 0.3 per 100 000,3 although incidence data were not included after 2004. Given dynamic trends in suicide and homicide, a more recent assessment of incidence, characteristics, and trends is important for informing areas for potential prevention and intervention for those at risk. The present study estimated murder-suicide rates and characteristics in 30 US states from 2016 through 2022. Data for this repeated cross-sectional time-series (2016-2022) were drawn from the National Violent Death Reporting System Restricted Access Database,4 including 30 states that contributed data consistently (eMethods in Supplement 1). Briefly, events were based on police reports and other information regarding whether 1 or more homicides were followed by suspect suicide within a 24-hour time period. Data on each incident, including the suicide decedent and all linked homicides linked, were extracted for analysis. Rates were estimated with US Census Bureau total state population denominators. Piecewise linear regression was used to statistically evaluate time trends in murder-suicide rates by quarter and year.

Data were accessed through an approved data use agreement; analyses were approved by the Columbia University institutional review board. This study followed the Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) reporting guideline for cross-sectional studies. Data were analyzed with SAS version 9.4 (SAS Institute Inc) and R version 4.2.1 (R Project for Statistical Computing). From 2016 through 2022 in the 30 states with complete reporting, 5743 deaths were involved in murder-suicide events (an average of 820 deaths per year), including 3125 homicide and 2618 suicide decedents (2398 male [91.6%]; 540 Black [20.6%], 1851 White [70.7%])

 
 
 

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