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Esquizofrenia Desvendada: A Rede Cerebral que Une Sintomas e Atrofia


Utilizando estudos de neuroimagem essa pesquisa estabelece um padrão cerebral único que caracteriza a esquizofrenia, distinguindo-a de outras condições, e reforça a ideia de que o transtorno pode ser entendido como uma disfunção em uma rede cerebral específica, em vez de alterações isoladas em regiões individuais do cérebro. Esses novos resultados propõem uma rede de esquizofrenia única, estável e unificada, abordando uma porção significativa da heterogeneidade observada em estudos anteriores de atrofia.


A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico complexo, e compreender as mudanças cerebrais associadas a ela tem sido um desafio devido às descobertas inconsistentes em estudos de neuroimagem. 


A esquizofrenia pode causar alterações no cérebro. Estudos anteriores confirmam a presença de atrofia cortical em pacientes com esquizofrenia, especialmente naqueles que tomam medicamentos antipsicóticos típicos, e a presença de colapso da substância branca. A perda cortical associada à esquizofrenia é progressiva. Eles também sugerem que os efeitos fisiológicos do envelhecimento na anatomia cerebral podem ser anormalmente pronunciados na esquizofrenia.


Para abordar essa questão, pesquisadores da Harvard Medical School realizaram um estudo inovador para identificar padrões específicos de atrofia cerebral na esquizofrenia. Este trabalho utilizou métodos avançados de análise para explorar como diferentes regiões do cérebro podem estar conectadas em uma rede característica desse transtorno.

O estudo utilizou uma técnica chamada meta-análise de mapeamento de rede de coordenadas, uma metodologia que analisa resultados de múltiplos estudos anteriores para identificar padrões consistentes. 


A base dessa análise foi o conectoma humano, que funciona como um "diagrama de fiação" do cérebro, mapeando como diferentes regiões estão interligadas por conexões neurais.


Ao integrar dados de 90 estudos publicados, que envolveram mais de 8.000 indivíduos com esquizofrenia, os pesquisadores conseguiram delinear um padrão de conectividade cerebral único associado ao transtorno, chamado de rede de esquizofrenia.


A rede identificada apresentou características marcantes. Ela era:


Específica para esquizofrenia: Os padrões de atrofia cerebral observados nesta rede eram distintos daqueles encontrados em outras condições (incluindo indivíduos em alto risco de psicose, pessoas passando pelo envelhecimento normal, pacientes com distúrbios neurodegenerativos, como Alzheimer, e outros transtornos psiquiátricos, como depressão e transtorno bipolar).


Estável ao longo do tempo: Os padrões dessa rede permaneceram consistentes independentemente da progressão da esquizofrenia ou da presença de diferentes grupos de sintomas associados à doença.


Correlacionados a funções cognitivas: A rede foi comparada a lesões cerebrais associadas a processos de pensamento relacionados à psicose em um grupo independente de 181 indivíduos. Os pesquisadores encontraram uma correlação negativa, sugerindo que as áreas afetadas pela atrofia estão diretamente relacionadas às funções cognitivas prejudicadas na esquizofrenia.

Este estudo avança na compreensão da neuroanatomia da esquizofrenia ao propor uma rede cerebral unificada, específica e estável, que conecta os achados isolados e heterogêneos de estudos anteriores.


A identificação dessa rede não apenas ajuda a explicar parte da variabilidade observada na pesquisa, mas também fornece um marco para futuros estudos, abrindo caminho para estratégias de diagnóstico e tratamento mais precisas.


Em resumo, a pesquisa estabelece um padrão cerebral único que caracteriza a esquizofrenia, distinguindo-a de outras condições, e reforça a ideia de que o transtorno pode ser entendido como uma disfunção em uma rede cerebral específica, em vez de alterações isoladas em regiões individuais do cérebro.



LEIA MAIS:


Heterogeneous patterns of brain atrophy in schizophrenia localize to a common brain network

Ahmed T. Makhlouf, William Drew, Jacob L. Stubbs, Joseph J. Taylor, Donato Liloia, Jordan Grafman, David Silbersweig, Michael D. Fox & Shan H. Siddiqi 

Nature Mental Health (2024)


Abstract:


Understanding the neuroanatomy of schizophrenia remains elusive due to heterogeneous findings across neuroimaging studies. Here we investigated whether patterns of brain atrophy associated with schizophrenia would localize to a common brain network using a coordinate network mapping meta-analysis approach. Utilizing the human connectome as a wiring diagram, we identified a connectivity pattern, a schizophrenia network, uniting heterogeneous results from 90 published studies of atrophy in schizophrenia (total n > 8,000). This network was specific to schizophrenia, differentiating it from atrophy in individuals at high risk for psychosis (n = 3,038), normal aging (n = 4,195), neurodegenerative disorders (n = 3,707) and other psychiatric conditions (n = 3,432). The network was also stable with disease progression and across different clusters of schizophrenia symptoms. Patterns of brain atrophy in schizophrenia were negatively correlated with lesions linked to psychosis-related thought processes in an independent cohort (n = 181). Our results propose a unique, stable, and unified schizophrenia network, addressing a significant portion of the heterogeneity observed in previous atrophy studies.


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