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Dor Emocional E Física: A Depressão Pode Ser Um Sinal De Dor Crônica Anos Antes De Começar

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 17 de jun.
  • 4 min de leitura
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Pessoas que desenvolvem dor crônica muitas vezes já se sentem mais sozinhas e deprimidas anos antes da dor começar. Esses sentimentos tendem a piorar com o tempo. O estudo mostra que tratar a dor deve envolver não só remédios, mas também apoio emocional e social, especialmente para quem tem menos recursos.


A dor crônica é uma condição que dura por meses ou até anos e afeta uma grande parte da população, especialmente adultos mais velhos. Ela não causa apenas desconforto físico, também pode afetar profundamente o bem-estar emocional e psicológico das pessoas.


Por isso, os especialistas vêm adotando uma visão mais ampla, conhecida como modelo biopsicossocial, para entender e tratar a dor. 


Esse modelo leva em conta não só os aspectos médicos e biológicos da dor, mas também fatores psicológicos e sociais, como sentimentos de solidão, isolamento e depressão. Estudos anteriores já mostraram que pessoas com dor crônica têm mais chance de se sentirem solitárias ou deprimidas. 


No entanto, não se sabia exatamente como esses sentimentos evoluem com o tempo, se surgem antes ou depois da dor, e como variam de acordo com idade, sexo ou condição econômica.

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Para investigar melhor essa relação, pesquisadores usaram dados do Estudo Longitudinal do Envelhecimento Inglês (ELSA), que acompanha a saúde de adultos com mais de 50 anos desde 2002. 


A pesquisa analisou as respostas de 7.336 participantes e comparou dois grupos: um formado por pessoas que desenvolveram dor crônica ao longo do tempo, e outro por pessoas que não relataram dor. Eles analisaram como sentimentos de solidão, níveis de isolamento social e sintomas de depressão evoluíram ao longo dos anos em ambos os grupos.


Os resultados mostraram que, mesmo antes da dor crônica começar, as pessoas que futuramente teriam dor já apresentavam níveis maiores de solidão e sintomas depressivos em comparação com aquelas que não sentiram dor. 


Esses sentimentos continuaram a piorar com o tempo, mesmo após o início da dor. Por exemplo, oito anos antes do início da dor, os participantes do grupo com dor já relataram sentir-se um pouco mais sozinhos do que os do grupo sem dor, e essa diferença foi aumentando com os anos. 


Da mesma forma, os sintomas depressivos ficaram significativamente mais altos no momento em que a dor começou e se mantiveram assim depois. Por outro lado, não foram encontradas diferenças importantes entre os dois grupos em relação ao isolamento social, o que mostra que o problema não está necessariamente na quantidade de interações sociais, mas sim na sensação de desconexão e no estado emocional.

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A pesquisa também revelou que a situação é ainda mais difícil para pessoas com menor nível educacional e menor renda: elas sentiram os efeitos emocionais e psicológicos da dor com maior intensidade. Isso reforça a ideia de que fatores sociais e econômicos têm grande impacto na saúde mental e no manejo da dor crônica.


Em resumo, esse estudo mostra que a dor crônica está fortemente ligada a sentimentos de solidão e depressão, que já podem estar presentes muito antes da dor física aparecer.


Por isso, o tratamento da dor deve começar o quanto antes e incluir não apenas medicamentos, mas também apoio emocional e social, principalmente para pessoas mais vulneráveis. Isso ajudaria a prevenir o agravamento dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.



LEIA MAIS:


Trajectories of loneliness, social isolation, and depressive symptoms before and after onset of pain in middle-aged and older adults

Mikaela Bloomberg, Feifei Bu, Daisy Fancourt, and Andrew Steptoe

eClinicalMedicine. 103209 May 19, 2025

DOI: 10.1016/j.eclinm.2025.103209


Abstract:


Chronic pain is associated with poor psychosocial wellbeing; how loneliness, social isolation, and depressive symptoms evolve leading up to and following pain onset is unclear. We examined trajectories of these outcomes before and after pain onset. We analysed data from participants aged ≥50 years from the English Longitudinal Study of Ageing (ELSA). Data collection began in 2002 (wave 1) and was repeated biennially until 2019 (wave 9); wave 10 took place in 2021/23. Participants who had data from at least 2 waves were included. Participants reporting pain between 2002 and 2023 (‘pain group’) were matched with an equivalent number without pain (‘no-pain group’; N = 7336 total). Psychosocial outcomes were also assessed at each wave: Loneliness using the three-item subscale from the revised UCLA loneliness scale; social isolation using a score ranging from 0 to 5, with a higher score indicating more severe social isolation; and depression using the 8-item Center for Epidemiologic Studies Depression Scale. Piecewise linear mixed models were used to produce trajectories of loneliness, social isolation, and depressive symptom scores before and after pain onset and during the comparable time period in the no-pain group. Subgroup analyses examined how results differed by age, sex, education, and wealth. Loneliness and depressive symptoms were more severe for the pain group than the no-pain group before pain onset (e.g., difference [pain-no pain] eight years before pain onset = 0.19 points, 95% confidence interval = 0.11–0.28 for loneliness; difference = 0.14, 0.06–0.22 for depressive symptoms). For loneliness, this difference increased consistently during the study period (e.g., difference = 0.33, 0.26–0.40 eight years after pain onset). For depressive symptoms, the difference increased sharply to 0.58 (0.52–0.65) at pain onset and remained stable thereafter. Differences in depressive symptoms were most pronounced in less educated and less wealthy participants. There were negligible differences between pain and no-pain groups for social isolation. Loneliness and depressive symptoms progressively increased in severity years before pain onset. A holistic approach to pain is needed, incorporating early psychosocial interventions and targeted strategies for vulnerable populations.

 
 
 

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