
A alimentação da mãe durante a gravidez pode afetar o desenvolvimento do cérebro do bebê. Um estudo mostrou que dietas ricas em ultraprocessados, açúcar e gorduras aumentam o risco de TDAH e autismo nas crianças. Pesquisadores analisaram mães e filhos por 10 anos e identificaram substâncias no sangue ligadas a esses transtornos. Os achados sugerem que uma alimentação equilibrada na gravidez pode ajudar a proteger o desenvolvimento neurológico dos bebês.
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurodesenvolvimental caracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Embora suas causas sejam complexas e envolvam fatores genéticos e ambientais, estudos recentes sugerem que a alimentação durante a gravidez pode influenciar o risco de desenvolvimento desse transtorno e de outras condições neuropsiquiátricas, como o autismo.
A nutrição materna desempenha um papel essencial na formação do cérebro fetal, pois fornece os nutrientes necessários para o crescimento e funcionamento das células cerebrais.
Um desequilíbrio alimentar pode afetar processos importantes, como a formação das conexões neurais e a regulação dos neurotransmissores, aumentando a vulnerabilidade a transtornos mentais na infância.

Pesquisadores analisaram como a dieta materna durante a gravidez pode influenciar o desenvolvimento neurológico das crianças, focando especialmente no impacto do chamado "padrão alimentar ocidental”, caracterizado pelo alto consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras saturadas, açúcares e aditivos químicos.
No estudo, padrões alimentares de 508 gestantes foram avaliados na 24ª semana de gravidez e comparados com a presença de transtornos do neurodesenvolvimento, como TDAH e autismo, quando as crianças atingiram 10 anos de idade.
Para validar os achados, os pesquisadores analisaram mais três grandes estudos envolvendo milhares de mães e crianças, um total de 59.725 participantes, utilizando não apenas relatos alimentares, mas também exames bioquímicos do sangue materno e fetal.

Os pesquisadores analisaram amostras de sangue para identificar substâncias que ajudam a entender como a alimentação da mãe pode influenciar o desenvolvimento do cérebro do bebê. Esse exame também serviu para confirmar a relação entre a dieta na gravidez e o risco de transtornos como TDAH e autismo.
Os resultados mostraram uma associação significativa entre uma alimentação materna pouco equilibrada e o aumento do risco de TDAH e autismo nos filhos. Mesmo pequenas mudanças em direção a uma dieta ocidental foram correlacionadas a um risco 66% maior de TDAH e a um risco 122% maior de autismo.
Pesquisadores identificaram 43 metabólitos específicos no sangue materno que estavam ligados à dieta ocidental e podem ajudar a explicar a conexão entre dieta e distúrbios do neurodesenvolvimento. A análise detalhada identificou 15 deles que podem estar diretamente envolvidas na predisposição ao TDAH.
Essas substâncias atuam como indicadores metabólicos da dieta e foram detectadas de maneira consistente no sangue das mães e dos fetos, principalmente no início e no meio da gestação.

Esse achado reforça a ideia de que a alimentação materna exerce um papel fundamental na regulação do desenvolvimento cerebral do bebê e sugere que intervenções nutricionais na gravidez podem ser uma estratégia promissora para reduzir o risco de transtornos do neurodesenvolvimento.
Os pesquisadores enfatizam a necessidade de maior conscientização sobre a importância da nutrição pré-natal e recomendam que gestantes adotem dietas equilibradas, ricas em nutrientes essenciais para o desenvolvimento saudável do cérebro fetal.
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A western dietary pattern during pregnancy is associated with neurodevelopmental disorders in childhood and adolescence
David Horner, Jens Richardt M. Jepsen, Bo Chawes, Kristina Aagaard, Julie B. Rosenberg, Parisa Mohammadzadeh, Astrid Sevelsted, Nilo Vahman, Rebecca Vinding, Birgitte Fagerlund, Christos Pantelis, Niels Bilenberg, Casper-Emil T. Pedersen, Anders Eliasen, Sarah Brandt, Yulu Chen, Nicole Prince, Su H. Chu, Rachel S. Kelly, Jessica Lasky-Su, Thorhallur I. Halldorsson, Marin Strøm, Katrine Strandberg-Larsen, Sjurdur F. Olsen, Birte Y. Glenthøj, Klaus Bønnelykke, Bjørn H. Ebdrup, Jakob Stokholm & Morten Arendt Rasmussen
Nature Metabolism (2025). Published: 03 March 2025
Abstract:
Despite the high prevalence of neurodevelopmental disorders, the influence of maternal diet during pregnancy on child neurodevelopment remains understudied. Here we show that a western dietary pattern during pregnancy is associated with child neurodevelopmental disorders. We analyse self-reported maternal dietary patterns at 24 weeks of pregnancy and clinically evaluated neurodevelopmental disorders at 10 years of age in the COPSAC2010 cohort (n = 508). We find significant associations with attention-deficit hyperactivity disorder (ADHD) and autism diagnoses. We validate the ADHD findings in three large, independent mother–child cohorts (n = 59,725, n = 656 and n = 348) through self-reported dietary modelling, maternal blood metabolomics and foetal blood metabolomics. Metabolome analyses identify 15 mediating metabolites in pregnancy that improve ADHD prediction. Longitudinal blood metabolome analyses, incorporating five time points per cohort in two independent cohorts, reveal that associations between western dietary pattern metabolite scores and neurodevelopmental outcomes are consistently significant in early–mid-pregnancy. These findings highlight the potential for targeted prenatal dietary interventions to prevent neurodevelopmental disorders and emphasise the importance of early intervention.
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