Diagnóstico Precoce do Alzheimer Pode Estar Mais Perto Com Novo Teste de Sangue 5 em 1
- Lidi Garcia
- há 3 dias
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Cientistas desenvolveram um novo exame de sangue que consegue detectar sinais da doença de Alzheimer de forma simples, barata e precisa. O teste mede seis proteínas ligadas à doença e mostrou bons resultados ao comparar o sangue com exames mais complexos, como o do líquido da espinha. Essa nova ferramenta pode facilitar o diagnóstico precoce do Alzheimer em grande escala, ajudando mais pessoas a receberem tratamento e acompanhamento no tempo certo.
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência e afeta principalmente a memória e a capacidade de pensar com clareza. Hoje em dia, os métodos mais precisos para detectar o Alzheimer envolvem exames caros ou procedimentos incômodos, como a punção lombar (para coletar líquido da espinha) ou exames de imagem sofisticados do cérebro.
Por isso, os cientistas estão buscando maneiras de usar exames de sangue simples para identificar sinais precoces da doença. Isso tornaria o diagnóstico mais acessível para mais pessoas e poderia ajudar a iniciar o tratamento mais cedo.
Um estudo, realizado por pesquisadores da University of Southern California, USA, teve como meta criar um novo tipo de exame de sangue, chamado 5ADCSI, capaz de detectar proteínas específicas relacionadas ao Alzheimer.

Essas proteínas, chamadas biomarcadores, aparecem no sangue quando o cérebro começa a passar por mudanças características da doença. O exame foi projetado para medir seis biomarcadores ao mesmo tempo:
Aβ40 e Aβ42, que estão ligados ao acúmulo de placas no cérebro;
Tau p181 e Tau p217, formas de uma proteína que se torna tóxica quando sofre mudanças químicas e se acumula dentro dos neurônios;
NfL, que indica lesão nas células nervosas;
GFAP, uma proteína ligada à inflamação no cérebro.

Para criar esse exame, os pesquisadores usaram uma tecnologia chamada xMAP Luminex, que funciona como um tipo de "leitor inteligente de proteínas”. Essa tecnologia usa minúsculas esferas coloridas, cada uma revestida com um "capturador" específico, como se fossem pequenas armadilhas que só pegam o biomarcador certo.
Quando essas esferas são misturadas com o sangue da pessoa, cada biomarcador se prende à sua esfera correspondente. Em seguida, um equipamento faz a leitura dessas esferas e calcula a quantidade de cada biomarcador presente no sangue.
Além disso, os cientistas usaram anticorpos comerciais, que são substâncias já prontas e disponíveis no mercado que reconhecem e se ligam especificamente a essas proteínas do Alzheimer. Isso facilita o uso do teste em laboratórios comuns, sem a necessidade de equipamentos muito sofisticados ou exclusivos.

Para ver se o exame funcionava bem, os pesquisadores testaram o 5ADCSI em amostras de sangue (plasma ou soro) e líquido cefalorraquidiano (LCR), que é o fluido que envolve o cérebro, de 63 pessoas: 35 pessoas com funcionamento normal do cérebro, 17 com comprometimento cognitivo leve (uma condição de risco para desenvolver Alzheimer), e 11 com diagnóstico confirmado de Alzheimer.
Os resultados foram muito positivos. O exame conseguiu medir os biomarcadores com alta precisão e mostrou bons níveis de concordância entre o sangue e o líquido do cérebro. Por exemplo, a razão entre Aβ42 e Aβ40 no sangue teve uma correlação de 0,78 (numa escala de 0 a 1) com o mesmo dado no LCR, um número alto, que indica que os valores do sangue refletem bem o que está acontecendo no cérebro.

Além disso, o exame teve excelente capacidade de distinguir quem tinha Alzheimer de quem não tinha. Um exemplo: o biomarcador p217Tau, medido no sangue, teve um índice AUC de 0,95 (numa escala de 0 a 1), o que significa que o teste foi quase perfeito em identificar corretamente os casos da doença.
Esse novo exame, o 5ADCSI, é um grande avanço porque combina precisão, baixo custo e fácil acesso. Diferente de outros testes mais caros e limitados a centros especializados, ele usa materiais e equipamentos já encontrados em muitos laboratórios do mundo.
Isso significa que ele pode ser usado em larga escala, ajudando a detectar o Alzheimer mais cedo, o que é essencial para planejar o tratamento, oferecer suporte adequado à pessoa e à família, e até mesmo para incluir mais pessoas em pesquisas de novos medicamentos.
LEIA MAIS:
High precision and cost-effective multiplex quantification of amyloid-β40, amyloid-β42, p181Tau, p217Tau, neurofilament light chain, and glial fibrillary acidic protein from plasma and serum
Farshad Alishahi, Christopher R Beam, Margaret Gatz, Lon S Schneider, Daniel A Nation, Hussei N Yassine, Hillard Kaplan, Suchita Ganesan, Ioannis Pappas,
Deborah Winders Davis, and Ebrahim Zandi
Journal of Alzheimer’s Disease. 2025;0(0)
Abstract:
Current methods to quantify blood biomarkers for Alzheimer's disease (AD) are expensive and are not widely available. To develop a low-cost, sensitive, and accurate multiplex assay to quantify Aβ40, Aβ42, p181Tau, p217Tau, NfL, and GFAP biomarkers in plasma and serum based on a widely available technology. We used commercial antibodies to Aβ40, Aβ42, p181Tau, p217Tau, NfL, and GFAP, and xMAP Luminex technology, and developed the multiplex 5ADCSI to quantify these biomarkers from plasma and serum. The utility of 5ADCSI was tested in matched cerebrospinal fluid (CSF) and plasma or serum of a cohort of cognitively normal (CN: n = 35), with mild cognitive impairment (MCI: n = 17), and with AD (n = 11) individuals. The 5ADCSI demonstrated high specificity and sensitivity, with excellent precision. In clinical samples, moderate to strong correlation is observed between CSF and plasma or serum for Aβ42/40 (r = 0.78), p181Tau/Aβ42 (r = 0.57), p217Tau/Aβ42 (r = 0.72), p181Tau (r = 0.59), p217Tau (r = 0.75), and GFAP (r = 0.59). The AUC of receiver-operator characteristic curve for differentiating CN from AD for plasma/serum and CSF are 0.75, and 0.80 for Aβ42/40, 0.95, 0.91 for p217Tau, 0.76, 0.81 for p181Tau, and 0.73 and 0.78for GFAP, respectively. The 5ADCSI assay is highly specific, sensitive, and accurate. The wide availability of the base technology of 5ADCSI is an advantage over other similar methods and would allow cost-effective large-scale studies for validation of blood biomarkers for early diagnosis of AD.
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