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Depressão e Suplementos: O Que Realmente Funciona?

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 28 de jul.
  • 5 min de leitura
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A depressão é um transtorno mental comum e crescente, que pode causar tristeza profunda, falta de energia, alterações no sono e apetite, entre outros sintomas. Ela tem várias causas, como genética, estresse e doenças físicas, e afeta tanto a saúde mental quanto a física. Além de medicamentos e terapias, muitas pessoas usam produtos naturais, como ervas e suplementos, para aliviar os sintomas. Estudos mostram que substâncias como ômega-3, erva-de-são-joão e vitamina D têm efeitos promissores, mas ainda é preciso mais pesquisa para confirmar sua eficácia e segurança.


A depressão é um transtorno mental bastante comum e que vem crescendo em todo o mundo. Dependendo do país e da forma como é medida, a chamada depressão maior pode afetar de 2% a 21% da população. Ela é caracterizada por sintomas como tristeza profunda, falta de interesse por atividades que antes eram prazerosas, alterações no apetite, dificuldades para dormir, cansaço constante e dificuldades de concentração. 


Para ser considerada um caso clínico, a pessoa precisa apresentar pelo menos cinco desses sintomas durante duas semanas ou mais, e esses sintomas devem causar um impacto real na vida dela. Ou seja, não é apenas “ficar triste”, é algo mais profundo e persistente, que atrapalha a vida pessoal, profissional e social.


No Reino Unido, por exemplo, cerca de 11% da população relata sintomas leves de depressão, enquanto 4% têm sintomas moderados e 3% têm sintomas graves. A depressão pode surgir por uma combinação de fatores, como predisposição genética, traumas ou estresse intenso, doenças físicas crônicas, entre outros. 

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A ciência também tenta entender o que acontece no corpo de quem tem depressão, e já se sabe que há alterações em substâncias químicas do cérebro, como a serotonina e a dopamina, além de mudanças hormonais e sinais de inflamação persistente no organismo. Também há indícios de que a microbiota intestinal (as bactérias boas do intestino) pode influenciar o cérebro por meio de um “eixo” que liga intestino e sistema nervoso.


A depressão não afeta apenas o bem-estar emocional. Ela pode piorar a saúde física, aumentando o risco de doenças cardíacas, diabetes e outras condições crônicas. Também causa prejuízos sociais e econômicos, já que muitas pessoas com depressão acabam se afastando do trabalho. 


No mundo todo, estima-se que a depressão seja responsável por 16% da perda de anos de vida com qualidade, um impacto que custa trilhões de dólares à economia global. Isso mostra o quanto é urgente encontrar formas mais eficazes de prevenir e tratar a depressão.


Atualmente, as diretrizes de saúde no Reino Unido recomendam que o tratamento da depressão comece, sempre que possível, com as abordagens menos invasivas. Entre elas estão a terapia (individual ou em grupo), exercícios físicos e até técnicas de autoajuda. Se necessário, o médico também pode sugerir o uso de antidepressivos.  

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O ideal é que o tratamento seja decidido junto com o paciente, levando em conta o que faz mais sentido para cada caso. No entanto, na prática, menos de 14% das pessoas com sintomas depressivos no Reino Unido chegam a receber algum tipo de tratamento. Muitas enfrentam dificuldades, como a longa espera para conseguir sessões de terapia.


Por isso, não é raro que as pessoas tentem lidar com os sintomas por conta própria. Muitos recorrem a produtos naturais, como ervas medicinais, vitaminas e suplementos, que podem ser comprados sem receita médica. 


Um exemplo famoso é a erva-de-são-joão, usada há séculos por seus possíveis efeitos antidepressivos. Outros produtos, como lavanda, camomila, ômega-3, probióticos e vitamina D, também vêm sendo estudados por seus efeitos positivos sobre o humor e a saúde mental. Esses produtos fazem parte do que chamamos de autocuidado, estratégias que as próprias pessoas adotam para melhorar sua saúde e bem-estar.


Mas será que esses produtos realmente funcionam? Para responder a essa pergunta, pesquisadores da Liverpool John Moores University, UK, fizeram uma grande revisão científica para descobrir o que já foi estudado até agora. 


Eles buscaram em bancos de dados médicos todos os testes clínicos feitos até dezembro de 2022 sobre produtos de venda livre usados para tratar sintomas depressivos em adultos de 18 a 60 anos. No total, encontraram mais de 23 mil estudos, dos quais 209 foram analisados em detalhe.  

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Os produtos com mais estudos e mais evidência foram:


  1. ômega-3

  2. erva-de-são-joão

  3. açafrão

  4. probióticos

  5. vitamina D.


Outras substâncias que também mostraram resultados promissores, mas que ainda precisam de mais pesquisas, incluem ácido fólico, lavanda, zinco, triptofano, rhodiola e erva-cidreira. 


A boa notícia é que a maioria desses produtos se mostrou segura para uso isolado ou como complemento a medicamentos antidepressivos. No entanto, os próprios estudos reconhecem que é necessário relatar melhor possíveis efeitos colaterais e continuar explorando como esses produtos podem ajudar quando combinados com terapias psicológicas, oferecendo uma abordagem mais completa e personalizada para quem sofre com depressão.

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Esse tipo de pesquisa ajuda a direcionar os próximos passos da ciência. Saber quais produtos  naturais têm mais potencial e quais ainda precisam ser melhor estudados é essencial para ampliar as opções de tratamento, especialmente para quem busca alternativas mais acessíveis, naturais ou que complementem a medicina tradicional. A depressão é uma condição séria, mas com informação, apoio e tratamento adequados, é possível enfrentá-la com mais qualidade de vida.



LEIA MAIS:


Understanding the research landscape of over-the-counter herbal products, dietary supplements, and medications evaluated for depressive symptoms in adults: a scoping review

Rachael Frost, Aiman Zamri, Silvy Mathew, Adriana Salame, Cini Bhanu, Sukvinder K. Bhamra, Juan Carlos Bazo-Alvarez, Michael Heinrich, and Kate Walters

Frontiers in Pharmacology. Volume 16 - 2025. 19 May 2025

DOI: 10.3389/fphar.2025.1609605


Abstract: 


Over-the-counter (OTC) products such as herbal medical products (HMPs) or dietary supplements are a valued part of preventative and supportive self-care for depressive symptoms, but there is a wide array of products available, with differing levels of clinical evidence. It is unclear what the optimal directions for future research in this field are. We aimed to explore the size and nature of the evidence base available for OTC products for depression in adults aged 18–60. We carried out a scoping review following Joanna Briggs Institute guidance. We searched MEDLINE, Embase, PsycINFO, AMED, and CENTRAL from inception to December 2022, and 10% of the results were screened by two authors and the remainder by one author. We included randomised controlled trials of products commonly available OTC in multiple countries in participants with symptoms or a diagnosis of depression. Results were narratively summarised by the product and volume of evidence available. Out of 23,933 records found, we screened 1,367 full texts and included 209 trials. The largest volume of evidence was for omega-3s, St John’s Wort, saffron, probiotics, and vitamin D. Among a range of herbal medical products with promising evidence, those most commonly used and thus warranting further research were lavender, lemon balm, chamomile, and Echium. For 41 products, we found only single trials. Few products presented safety issues, whether used alone or adjunctively with antidepressants. Products with limited but promising evidence included folic acid, lavender, zinc, tryptophan, Rhodiola, and lemon balm, and future research should focus on these products. There is a need for further evaluation of herbal medical products as adjuncts to antidepressants and for exploring their potential benefits when used adjunctively with psychological therapies to support a more integrative approach. Safety reporting in these trials needs to be further improved.


 
 
 

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