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Adeus, Punção Lombar? Novo Exame de Imagem Detecta Esclerose Múltipla em Minutos

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • há 7 dias
  • 5 min de leitura

Um novo estudo mostra que um exame de ressonância magnética pode ser tão eficaz quanto a punção lombar para diagnosticar esclerose múltipla nos primeiros estágios da doença. O exame procura um sinal chamado “veia central” dentro das lesões no cérebro, algo comum na EM. Além de ser mais preciso, esse método é mais confortável para o paciente e pode evitar os efeitos colaterais da punção. Isso pode ajudar no diagnóstico mais rápido e seguro da doença.


A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica e autoimune que afeta o sistema nervoso central, principalmente o cérebro e a medula espinhal. Na esclerose múltipla, o sistema imunológico ataca a mielina, uma camada protetora que envolve os nervos, provocando inflamação e danos aos tecidos. 


Isso interfere na capacidade dos nervos de transmitir sinais corretamente, levando a uma ampla gama de sintomas, como fraqueza, fadiga, perda de equilíbrio, visão turva e dificuldades cognitivas. Um dos maiores desafios na esclerose múltipla é que ela pode se manifestar de formas muito variadas, o que torna o diagnóstico precoce difícil. Além disso, não existe um único exame definitivo que confirme a doença.


Por causa dessas dificuldades, é comum que pacientes passem meses ou até anos entre os primeiros sintomas e o diagnóstico final. Esse atraso pode prejudicar o tratamento, pois quanto antes a doença for tratada, maiores as chances de preservar as funções neurológicas e evitar incapacidades permanentes. 


No entanto, diagnosticar precocemente também traz riscos, como o de se cometer erros, já que outras doenças podem causar sintomas semelhantes. Por isso, encontrar métodos mais precisos e menos invasivos para diagnosticar a esclerose múltipla é uma prioridade. 

Um exame comum no processo diagnóstico é a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), que envolve a coleta desse fluido por meio de uma punção lombar, um procedimento feito nas costas. Nesse líquido, os médicos buscam por bandas oligoclonais (BOCs), proteínas associadas à inflamação do sistema nervoso. 


Se as bandas estiverem presentes no líquido cefalorraquidiano, mas não no sangue, isso pode indicar esclerose múltipla. Contudo, essas bandas também podem aparecer em outras doenças inflamatórias e infecciosas, o que limita sua especificidade. 


Além disso, a punção lombar pode ser desconfortável e causar efeitos colaterais como dores de cabeça intensas e a necessidade de hospitalização, o que gera custos extras e afastamento das atividades cotidianas. 

Diante disso, pesquisadores têm buscado alternativas mais seguras e eficazes, como o uso da ressonância magnética (RM) com foco em um sinal específico chamado sinal da veia central (SVC). 


Esse sinal aparece quando há uma veia visível no centro de uma lesão no cérebro, algo muito comum nas lesões causadas pela esclerose múltipla. A presença desse sinal tem se mostrado um indicador confiável para diferenciar a esclerose múltipla de outras doenças que também afetam o sistema nervoso central. 

Exemplo de lesões de esclerose múltipla com uma veia central. A esquerda as setas laranjas mostram lesões de esclerose múltipla (marcas brancas) e a direita o corte correspondente da imagem mostrando que cada lesão possui uma veia central (em forma de um anel no mesmo local da lesao).


Inicialmente, os estudos usavam um critério de 40% das lesões apresentando a veia central, mas depois surgiu uma versão mais simples: a "regra dos 6", que estabelece que basta encontrar 6 lesões com esse sinal em uma ressonância para apoiar o diagnóstico de esclerose múltipla.


Neste estudo realizado no Reino Unido, os pesquisadores compararam a eficácia do uso da ressonância com o sinal da veia central versus a punção lombar com análise de bandas oligoclonais em pacientes que apresentavam síndrome clinicamente isolada (SCI), uma primeira manifestação sugestiva de esclerose múltipla. 


Foram recrutadas 113 pessoas, das quais 99 completaram todas as etapas. Após 18 meses de acompanhamento, 80 delas receberam o diagnóstico de esclerose múltipla.

Os resultados mostraram que a ressonância magnética com avaliação do sinal da veia central foi tão eficaz quanto a punção lombar: a sensibilidade (capacidade de identificar corretamente os casos de esclerose múltipla) foi de 90% para o sinal da veia central (usando o critério de 40% de lesões) e 84% para as bandas oligoclonais. A "regra dos 6" se mostrou ainda levemente mais sensível, com 91%.


Outro dado importante foi sobre os efeitos colaterais: 75% dos pacientes tiveram algum efeito colateral após a punção lombar, enquanto apenas 9% relataram efeitos após a ressonância. Além disso, todos os participantes preferiram a ressonância magnética à punção lombar como método diagnóstico. 

Em conclusão, este estudo demonstrou que o exame de ressonância com avaliação do sinal da veia central é tão eficaz quanto a análise do líquido cefalorraquidiano por punção lombar para diagnosticar esclerose múltipla em pacientes com sintomas iniciais típicos. 


A técnica por imagem é mais confortável para os pacientes e pode se tornar uma alternativa promissora nos critérios futuros de diagnóstico da esclerose múltipla. No entanto, ainda são necessários estudos mais amplos para confirmar a eficácia do sinal da veia central em casos menos típicos e fora de centros especializados.



LEIA MAIS:


Comparison of the Diagnostic Performance of the Central Vein Sign and CSF Oligoclonal Bands Supporting the Diagnosis of Multiple Sclerosis

Christopher Martin Allen, Margareta A. Clarke, Hari V. Pai, Marija Cauchi, Jonathan Hawken, Zin M. Htet, Kimberley Allen-Philbey, Bader Mohamed, Deborah Fitzsimmons, Roshan Das Nair, Paul Morgan, Christopher Partlett, Rob A. Dineen, Klaus Schmierer, 

Emma Clare Tallantyre, and Nikos Evangelou 

Neurology. June 2025 issue 1 (2)


Abstract:


The central vein sign (CVS) describes the presence of venules within multiple sclerosis (MS) brain lesions, visible on T2*-weighted MRI. In the upcoming revision of the MS diagnostic criteria, the simplified “rule of 6” (i.e., finding 6 lesions with a central venule) can support the diagnosis of MS as an alternative to lumbar puncture (LP). We evaluated whether a T2*-weighted MRI scan is more sensitive than oligoclonal bands (OCBs) for diagnosing MS at presentation with a typical clinically isolated syndrome (CIS). We also compared the tolerability of LP and the additional MRI. Participants requiring an LP to meet the 2017 McDonald diagnostic criteria for MS were enrolled in this multicenter, prospective, diagnostic superiority study from 3 UK neuroscience centers. A six-minute T2*-weighted sequence was used to assess the CVS using 2 definitions: a 40% threshold of all eligible lesions and the rule of 6. These were compared with OCBs, using the clinical diagnosis at 18 months as the reference standard. Of 113 participants, 99 (mean age: 38, female: 73%) have completed all study activities: 80 were diagnosed with MS, 10 remained CIS, 8 had alternative diagnoses, and 1 remained without a diagnosis. No significant difference in diagnostic sensitivity was detected between 40% CVS threshold (90% [CI 81%–96%]) and OCB testing (84% [CI 74%–91%]) (p = 0.332). The rule of 6 had a sensitivity of 91% (CI 83%–96%). Side effects were reported by 75% following LP compared with 9% following MRI. All participants preferred their MRI scan over their LP. CVS and OCB testing is equally sensitive in supporting the diagnosis of MS in cases of typical CIS. CVS assessed using the 40% threshold, and the simpler rule of 6 produces equivalent diagnostic performance. Compared with OCB testing, CVS testing seems safer and better tolerated by patients. Further studies are needed to evaluate CVS specificity, particularly outside of typical CIS cases, as studied here. This study provides Class IV evidence that CSF OCBs and the CVS are equally sensitive in supporting a diagnosis of MS in patients presenting with CIS.

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