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Vacina Contra Herpes Zoster Ganha Novo Papel na Luta Contra a Demência

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 9 de abr.
  • 4 min de leitura

Pesquisadores descobriram que a vacina contra o herpes zoster pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver demência. Usando dados de saúde de milhares de pessoas no País de Gales, eles observaram que quem recebeu a vacina teve menos casos de demência ao longo dos anos. Esse efeito parece estar relacionado à maneira como a vacina ativa o sistema imunológico, indo além da proteção contra o vírus.


Recentemente, cientistas vêm encontrando cada vez mais evidências de que certos vírus, como os herpesvírus (os mesmos que causam herpes), podem estar ligados ao desenvolvimento da demência. Uma ideia para combater esse risco é usar vacinas contra esses vírus. 


Além disso, pesquisas mostram que algumas vacinas, especialmente as feitas com vírus vivos enfraquecidos, podem trazer benefícios que vão além da proteção contra a doença específica para a qual foram criadas. Esses efeitos extras, chamados de "efeitos fora do alvo", podem variar entre homens e mulheres.


A vacina contra herpes zoster, também conhecida como vacina Shingles, foi desenvolvida para proteger contra o vírus varicela-zoster, o mesmo que causa a catapora e pode reativar anos depois como herpes zoster (ou cobreiro). Existem duas versões principais: a vacina viva atenuada (Zostavax) e a vacina recombinante (Shingrix), mais recente e eficaz.

A vacinação é especialmente recomendada para adultos mais velhos, já que o risco de desenvolver herpes zoster e suas complicações, como dor crônica, aumenta com a idade.


Até hoje, a maioria dos estudos que tentou entender se vacinas ajudam a prevenir a demência comparava pessoas vacinadas com pessoas não vacinadas. Mas isso é complicado, porque pessoas que se vacinam geralmente são diferentes, podem ser mais cuidadosas com a saúde, por exemplo, o que poderia influenciar os resultados.


Para superar esse problema, um novo estudo usou uma estratégia diferente no País de Gales. A partir de setembro de 2013, quem nasceu depois de 2 de setembro de 1933 podia tomar a vacina contra herpes zoster (conhecida como Zostavax), enquanto quem nasceu antes não podia. 


Como a diferença entre esses grupos é de apenas alguns dias ou semanas de nascimento, eles são muito parecidos em tudo, menos na chance de ter sido vacinado, funcionando como um "experimento natural". 

Os pesquisadores analisaram registros de saúde de milhares de pessoas e confirmaram que quem nasceu logo depois da data teve uma chance muito maior de receber a vacina. Mais importante: eles descobriram que, ao longo de sete anos, as pessoas vacinadas tiveram cerca de 20% menos risco de serem diagnosticadas com demência em comparação com as não vacinadas. 


O efeito protetor foi ainda mais forte entre as mulheres. Além disso, a vacina não alterou o risco de outras doenças, nem incentivou mais pessoas a buscar outros tipos de vacina ou atendimento médico,  reforçando a ideia de que o efeito foi realmente da vacina contra herpes zoster.


Os pesquisadores também fizeram testes adicionais para garantir que nenhum outro fator influenciasse os resultados e conseguiram replicar os achados em outros bancos de dados. Com isso, este estudo fornece uma das evidências mais fortes até agora de que a vacinação contra o herpes zoster pode ajudar a prevenir ou retardar o surgimento da demência.



LEIA MAIS:


A natural experiment on the effect of herpes zoster vaccination on dementia

Markus Eyting, Min Xie, Felix Michalik, Simon Heß, Seunghun Chung and Pascal Geldsetzer, 

Nature. 2 April 2025

DOI: 10.1038/s41586-025-08800-x


Abstract:


Neurotropic herpesviruses may be implicated in the development of dementia1,2,3,4,5. Moreover, vaccines may have important off-target immunological effects6,7,8,9. Here we aim to determine the effect of live-attenuated herpes zoster vaccination on the occurrence of dementia diagnoses. To provide causal as opposed to correlational evidence, we take advantage of the fact that, in Wales, eligibility for the zoster vaccine was determined on the basis of an individual’s exact date of birth. Those born before 2 September 1933 were ineligible and remained ineligible for life, whereas those born on or after 2 September 1933 were eligible for at least 1 year to receive the vaccine. Using large-scale electronic health record data, we first show that the percentage of adults who received the vaccine increased from 0.01% among patients who were merely 1 week too old to be eligible, to 47.2% among those who were just 1 week younger. Apart from this large difference in the probability of ever receiving the zoster vaccine, individuals born just 1 week before 2 September 1933 are unlikely to differ systematically from those born 1 week later. Using these comparison groups in a regression discontinuity design, we show that receiving the zoster vaccine reduced the probability of a new dementia diagnosis over a follow-up period of 7 years by 3.5 percentage points (95% confidence interval (CI) = 0.6–7.1, P = 0.019), corresponding to a 20.0% (95% CI = 6.5–33.4) relative reduction. This protective effect was stronger among women than men. We successfully confirm our findings in a different population (England and Wales’s combined population), with a different type of data (death certificates) and using an outcome (deaths with dementia as primary cause) that is closely related to dementia, but less reliant on a timely diagnosis of dementia by the healthcare system10. Through the use of a unique natural experiment, this study provides evidence of a dementia-preventing or dementia-delaying effect from zoster vaccination that is less vulnerable to confounding and bias than the existing associational evidence.

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