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Tecnologia no Pescoço, Alívio na Mente: Novo Tratamento Elimina o Transtorno do Estresse-Pós Traumatico Através Estimulação do Nervo Vago

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • há 5 dias
  • 4 min de leitura

Um novo estudo testou uma combinação de psicoterapia com uma tecnologia chamada estimulação do nervo vago (ENV) em pessoas com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) que não melhoraram com tratamentos tradicionais. Usando um pequeno dispositivo implantado no pescoço, os pacientes receberam estímulos durante as sessões de terapia. O resultado foi promissor: todos apresentaram melhora significativa e deixaram de ter o diagnóstico de TEPT, com efeitos durando por pelo menos seis meses. O tratamento se mostrou seguro e eficaz, oferecendo esperança para casos resistentes.


O transtorno de estresse pós-traumático, conhecido como TEPT, é uma condição de saúde mental que pode afetar profundamente a vida de quem passou por situações muito traumáticas, como violência, acidentes graves ou guerra. 


Estima-se que 90% das pessoas nos Estados Unidos vivenciarão algum tipo de trauma ao longo da vida. Para a maioria, os sintomas como ansiedade, medo ou pesadelos desaparecem com o tempo. No entanto, cerca de 8% da população desenvolve o TEPT, quando esses sintomas persistem por mais de um mês e começam a atrapalhar seriamente o dia a dia.


Embora existam tratamentos eficazes, como terapias psicológicas e remédios, muitas pessoas com TEPT não melhoram com essas abordagens. Algumas têm efeitos colaterais, outras não conseguem manter o tratamento, e há ainda quem volte a piorar depois de algum tempo. Diante disso, pesquisadores estão buscando alternativas para tratar casos mais difíceis da doença.

Uma das novas estratégias envolve o uso da chamada neuromodulação, que consiste em estimular o cérebro de forma controlada para melhorar seu funcionamento. A ideia aqui foi combinar uma técnica tradicional de psicoterapia chamada “exposição prolongada”, na qual o paciente enfrenta gradualmente lembranças do trauma, com uma tecnologia chamada estimulação do nervo vago (ENV). 


O nervo vago é uma estrutura que conecta o cérebro a várias partes do corpo, e ao ser estimulado, pode ajudar o cérebro a aprender melhor e a reagir de maneira mais saudável ao estresse.

Estimulação do nervo Vago: Mecanismos e fatores involvidos na aprimoração da memória


Estudos anteriores em animais mostraram que essa combinação pode melhorar o tratamento do medo e da ansiedade, ajudando o cérebro a "reaprender" a não reagir com pânico a certos estímulos. Mas o que funciona em laboratório precisa ser testado em pessoas para ver se é seguro e realmente eficaz.


Para isso, os cientistas criaram um dispositivo moderno e pequeno, que pode ser implantado no pescoço de forma minimamente invasiva. Ele é ativado durante as sessões de terapia usando uma faixa colocada externamente e controlado por um celular.


Com essa tecnologia, eles iniciaram um pequeno estudo com nove pessoas que sofriam de TEPT e que não tinham melhorado com os tratamentos tradicionais. 

Durante essa nova terapia para tratar o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), é implantado um pequeno dispositivo no pescoço do paciente, conectado ao nervo vago. Esse dispositivo é tão pequeno que cabe na palma da mão e não precisa de bateria interna, pois recebe energia de um módulo externo, parecido com um colar, usado apenas durante as sessões de terapia. Um celular com um aplicativo especial controla tudo: envia os estímulos elétricos e grava os áudios das sessões. Durante o tratamento, um terapeuta guia o paciente em exercícios terapêuticos enquanto o estímulo é aplicado nos momentos certos para ajudar o cérebro a processar e superar os traumas.


Essas pessoas passaram por 12 sessões de terapia com exposição prolongada, combinadas com a estimulação do nervo vago. As avaliações foram realizadas antes, 1 semana após e 1, 3 e 6 meses após a conclusão da terapia.


Os resultados foram muito promissores: todos os participantes tiveram melhorias significativas nos sintomas do TEPT, e o mais impressionante, nenhum deles mantinha o diagnóstico de TEPT ao final do tratamento. Além disso, os efeitos positivos continuaram por pelo menos seis meses. E o melhor: o tratamento foi seguro, sem efeitos colaterais graves. 

A terapia VNS produz melhorias robustas e duradouras nas principais métricas de TEPT. (A, B) As pontuações do CAPS-5 são significativamente melhoradas após a terapia VNS, e os benefícios persistem por muitos meses após a interrupção do tratamento. (C) Uma proporção significativa de indivíduos demonstra perda duradoura do diagnóstico de TEPT após a terapia VNS. Um, três e seis meses após a interrupção da terapia, nenhum participante atende aos critérios para um diagnóstico de TEPT. (D) Reduções nas pontuações do CAPS-5 foram observadas em todos os domínios, indicando que as melhorias não estão restritas a um único construto.


Esse estudo mostra que essa nova forma de tratamento pode ser uma luz no fim do túnel para quem convive com o TEPT e não encontra alívio nos métodos convencionais. Ainda serão necessários estudos maiores para confirmar esses resultados, mas já é um passo animador rumo a terapias mais eficazes para transtornos psiquiátricos difíceis de tratar.



LEIA MAIS:


Vagus nerve stimulation therapy for treatment-resistant PTSD

Mark B. Powers,  Seth A. Hays, David Rosenfield, Amy L. Porter, Holle Gallaway,  Greg Chauvette, Jasper A.J. Smits, Anne Marie Warren, Megan Douglas, Richard Naftalis, Jane G. Wigginton, M Foreman, Michael P. Kilgard, and Robert L. Rennaker 

Brain Stimulation. Volume 18, Issue 3P665-675May-June, 2025

DOI: 10.1016/j.brs.2025.03.007


Abstract:


Posttraumatic stress disorder (PTSD) is common and debilitating, and many individuals do not respond to existing therapies. We developed a fundamentally novel neuromodulation-based therapy for treatment-resistant PTSD. This approach is premised on coupling prolonged exposure therapy, a first-line evidence-based cognitive behavioral therapy that directs changes within fear networks, with concurrent delivery of short bursts of vagus nerve stimulation (VNS), which enhance synaptic plasticity. We performed a first-in-human prospective open-label early feasibility study (EFS) using a next-generation miniaturized system to deliver VNS therapy in nine individuals with moderate to severe treatment-resistant PTSD. All individuals received a standard 12-session course of prolonged exposure therapy combined with VNS. Assessments were performed before, 1 week after, and 1, 3, and 6 months after the completion of therapy. ClinicalTrials.gov registration: NCT04064762. VNS therapy resulted in significant, clinically-meaningful improvements in multiple metrics of PTSD symptoms and severity compared to baseline (CAPS-5, PCL-5, and HADS all p < 0.001 after therapy). These benefits persisted at 6 months after the cessation of therapy, suggesting lasting improvements. All participants showed loss of PTSD diagnosis after completing treatment. No serious or unexpected device-related adverse events were observed. These findings provide a demonstration of the safety and feasibility of VNS therapy for PTSD and highlight the potential of this approach. Collectively, these support the validation of VNS therapy for PTSD in a rigorous randomized controlled trial.

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