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Sonhos Esquecidos: O Que Faz Algumas Pessoas Se Lembrarem e Outras Não?


Pesquisadores analisaram como e por que algumas pessoas lembram mais dos sonhos do que outras. Em um estudo com adultos saudáveis, eles monitoraram o sono e coletaram relatos de sonhos por 15 dias. Descobriram que padrões específicos de sono aumentam a chance de recordar um sonho e que fatores externos ou internos podem fazer a memória do sonho desaparecer ao acordar. Isso ajuda a explicar o fenômeno dos "sonhos brancos", quando sentimos que sonhamos, mas não conseguimos lembrar do conteúdo.


Os sonhos são experiências mentais que ocorrem durante o sono e refletem memórias, pensamentos e emoções vivenciadas enquanto estamos acordados. Apesar de parecerem desconectados da realidade, eles são influenciados por nossas experiências diárias e podem revelar aspectos do nosso estado psicológico. 


Além disso, acredita-se que os sonhos tenham um papel essencial na consolidação da memória e na aprendizagem.


Durante muito tempo, os cientistas acreditaram que os sonhos aconteciam apenas na fase do sono REM (movimento rápido dos olhos), pois essa fase apresenta uma atividade cerebral intensa, semelhante à vigília. 


No entanto, estudos mostraram que também podemos sonhar em outras fases do sono, embora com menor frequência. Estima-se que cerca de 85% dos despertares durante o sono REM resultem em relatos de sonhos, enquanto essa taxa cai para aproximadamente 45% no sono não REM (NREM).

Apesar de todos sonharmos, a recordação dos sonhos varia muito entre as pessoas e até mesmo de uma noite para outra. Fatores como idade, personalidade, padrões de sono e até o contexto em que acordamos influenciam essa capacidade. 


Estudos indicam que mulheres tendem a lembrar mais dos sonhos do que os homens, assim como pessoas mais jovens e aquelas que costumam ter devaneios durante o dia. Também foi observado que ter uma atitude positiva em relação aos sonhos e um maior envolvimento emocional com eles aumenta a probabilidade de lembrar das experiências oníricas.


Um estudo recente buscou entender melhor quais fatores influenciam a recordação dos sonhos. Para isso, os pesquisadores analisaram 217 adultos saudáveis, com idades entre 18 e 70 anos, ao longo de 15 dias. 


Os pesquisadores também coletaram informações sobre personalidade, cognição e comportamento dos participantes.


Os pesquisadores buscaram entender quais fatores influenciam a recordação dos sonhos, tanto aqueles que variam entre diferentes pessoas (fatores interindividuais) quanto aqueles que mudam dentro de um mesmo indivíduo ao longo do tempo (fatores intraindividuais). Para isso, realizaram um estudo com adultos saudáveis, que registraram suas experiências de sonho todas as manhãs ao acordar espontaneamente.


O estudo utilizou diferentes métodos para analisar os padrões de sono dos participantes. Todos tiveram seus ciclos de sono monitorados por actigrafia, um dispositivo que mede os movimentos corporais durante a noite. 

Dispositivo Actigrafia para monitorar movimentos corporais durante o sono.


Além disso, uma parte dos voluntários utilizou um EEG portátil, que registra a atividade elétrica do cérebro durante o sono. Os pesquisadores também coletaram informações sobre aspectos psicológicos e cognitivos dos participantes para entender melhor como essas variáveis influenciam a recordação dos sonhos.


Os resultados mostraram que características individuais, como a propensão a divagações mentais e uma visão mais positiva sobre os sonhos, aumentam a chance de lembrar das experiências oníricas.  

Além disso, fatores como idade e suscetibilidade à interferência externa ao acordar também influenciam a retenção do conteúdo dos sonhos. O estudo reforçou ainda que a recordação pode ser impactada por mudanças nos padrões de sono ao longo da noite e que há flutuações sazonais na frequência dos sonhos.


Outro achado interessante foi a identificação dos chamados "sonhos brancos". Nesse fenômeno, a pessoa acorda com a sensação de ter sonhado, mas não consegue recordar os detalhes. Isso sugere que os sonhos ocorrem com frequência, mas podem ser rapidamente esquecidos, possivelmente devido à dificuldade do cérebro em consolidar essas memórias durante o despertar.


Esses resultados ajudam a entender melhor por que algumas pessoas lembram mais de seus sonhos do que outras e como diferentes fatores internos e externos podem afetar esse processo. Além disso, a pesquisa reforça a importância de estudar os sonhos para compreender melhor suas funções na cognição e na saúde mental.



LEIA MAIS:


The individual determinants of morning dream recall

Valentina Elce, Damiana Bergamo, Giorgia Bontempi, Bianca Pedreschi, Michele Bellesi, Giacomo Handjaras & Giulio Bernardi 

Communications Psychology, volume 3, Article number: 25 (2025) 


Abstract:


Evidence suggests that (almost) everyone dreams during their sleep and may actually do so for a large part of the night. Yet, dream recall shows large interindividual variability. Understanding the factors that influence dream recall is crucial for advancing our knowledge regarding dreams’ origin, significance, and functions. Here, we tackled this issue by prospectively collecting dream reports along with demographic information and psychometric, cognitive, actigraphic, and electroencephalographic measures in 217 healthy adults (18–70 y, 116 female participants, 101 male participants). We found that attitude towards dreaming, proneness to mind wandering, and sleep patterns are associated with the probability of reporting a dream upon morning awakening. The likelihood of recalling dream content was predicted by age and vulnerability to interference. Moreover, dream recall appeared to be influenced by night-by-night changes in sleep patterns and showed seasonal fluctuations. Our results provide an account for previous observations regarding inter- and intra-individual variability in morning dream recall.

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