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Risco aumentado de depressão e demência na Comunidade LGBTQ+


Resumo:

Um novo estudo sugere que indivíduos LGBTQ+ podem enfrentar um risco maior de resultados adversos à saúde cerebral. Pessoas LGBTQ+ têm 14% mais probabilidade de desenvolver demência e 27% mais probabilidade de enfrentar depressão tardia. Mulheres transgênero enfrentam um risco 68% maior de derrame em comparação com pessoas cisgênero. Estudo ressalta a necessidade de pesquisa sobre disparidades de saúde LGBTQ+.


Estudos mostram que grupos minoritários de gênero e orientação sexual (conhecidos como SGM) – que incluem pessoas LGBTQ+ – frequentemente enfrentam desvantagens em relação à saúde neurológica e ao bem-estar geral, sendo historicamente menos representados em pesquisas sobre saúde cerebral. 


Em estudos anteriores sobre a saúde desses grupos, dos quais há poucos, geralmente têm tamanhos de amostra pequenos, carecem de categorias mais específicas de sexualidade ou identidade de gênero e enfatizam demais tópicos como HIV, uso de hormônios, transtorno por uso de substâncias e saúde mental.


Com o objetivo de entender se as pessoas LGBTQ+ apresentam um risco elevado para problemas neurológicos específicos, como AVC, demência e depressão em idade avançada, pesquisadores da University of California, realizaram uma análise aprofundada dentro do All of Us Research Program entre Maio de 2017 e Junho de 2022. 


Este programa é um estudo amplo de saúde nos EUA que reúne dados de centenas de milhares de participantes, incluindo informações sobre identidade de gênero e orientação sexual. Os resultados foram publicados na revista Neurology

Neste estudo, os cientistas identificaram os participantes como pertencentes a minorias sexuais (lésbicas, gays, bissexuais e outras orientações sexuais não heterossexuais) e minorias de gênero (pessoas cuja identidade de gênero difere do sexo atribuído ao nascimento, incluindo pessoas trans e não-binárias). 


Eles avaliaram, por meio de questionários e prontuários médicos, a prevalência de três condições neurológicas principais: derrame, demência e depressão em idade avançada. Cada condição foi analisada individualmente e também como um desfecho combinado de “saúde cerebral adversa”.


A análise incluiu 393 mil adultos, com idade média de 51 anos, entre os quais 39.632 pessoas (ou 10%) se identificaram como pertencentes a um grupo SGM. Destes, 97% se identificaram como minorias sexuais, enquanto 11% eram minorias de gênero. 


Ao comparar esses grupos com participantes cisgênero e heterossexuais, descobriram que os indivíduos LGBTQ+ têm 15% mais chances de desenvolver condições de saúde cerebral adversas.


Um total de 21.091 pessoas tinham uma doença neurológica. Dessas, 11.553 pessoas tiveram depressão na terceira idade, 6.605 pessoas tiveram derrames e 2.933 pessoas tiveram demência.


Após o ajuste para fatores que poderiam afetar o risco dessas três condições neurológicas, como idade, tabagismo ou pressão alta, os pesquisadores descobriram que pessoas LGBTQ+ tinham 15% mais probabilidade de desenvolver resultados negativos para a saúde cerebral nessas condições quando comparadas a pessoas que se identificavam como cisgênero e heterossexuais.


Os pesquisadores também descobriram que pessoas LGBTQ+ tinham um risco maior de demência e depressão na terceira idade, 14% e 27% respectivamente, do que pessoas que eram cisgênero e heterossexuais.


Ao analisar os dados para os risco de AVC, os pesquisadores encontraram um risco maior apenas para mulheres transgênero, que tinham 68% mais probabilidade de ter um derrame do que pessoas cisgênero.

Uma limitação do estudo foi que ele não analisou as causas e mecanismos por trás das desigualdades enfrentadas por pessoas LGBTQ+. Por exemplo, o estudo não analisou a terapia hormonal de afirmação de gênero em pessoas transgênero, o que poderia desempenhar um papel no aumento dos riscos de derrame em mulheres transgênero.


Este estudo confirma que pessoas pertencentes a grupos LGBTQ+ têm uma probabilidade maior de enfrentar problemas neurológicos e de saúde mental com o avanço da idade, evidenciando a importância de incluir esses grupos em pesquisas futuras para identificar causas específicas, incluindo fatores estruturais e sociais, que possam contribuir para essas disparidades. 


Esse estudo "é importante porque é o primeiro desse tipo a coletar informações detalhadas sobre orientação sexual e identidade de gênero", disse o Dr. Riccardo Manca, pesquisador do departamento de ciências biológicas da Brunel University London, que estava envolvido no estudo. 


"As descobertas podem ajudar a informar estudos futuros que investiguem o aumento do risco de resultados negativos em subgrupos LGBTQ+ para entender os desafios específicos de cada um”, disse Huo o primeiro autor da pesquisa.


Esses dados sublinham a necessidade de desenvolver cuidados neurológicos e de saúde mental que sejam inclusivos e adaptados às necessidades da comunidade LGBTQ+, promovendo um suporte mais igualitário e sensível às especificidades de cada grupo.



LEIA MAIS:


Brain Health Outcomes in Sexual and Gender Minority Groups: Results From the All of Us Research Program

Huo S, et al. 

Neurology. October 22, 2024.


Abstract:


Sexual and gender minority (SGM) groups have been historically underrepresented in neurologic research, and their brain health disparities are unknown. We aim to evaluate whether SGM persons are at higher risk of adverse brain health outcomes compared with cisgender straight (non-SGM) individuals. We conducted a cross-sectional study in the All of Us Research Program, a US population-based study, including all participants with information on gender identity and sexual orientation. We used baseline questionnaires to identify sexual minority (lesbian, gay, bisexual, diverse sexual orientation; nonstraight sexual orientation) and gender minority (gender diverse and transgender; gender identity different from sex assigned at birth) participants. The primary outcome was a composite of stroke, dementia, and late-life depression, assessed using electronic health record data and self-report. Secondarily, we evaluated each disease separately. Furthermore, we evaluated all subgroups of gender and sexual minorities stratified by sex assigned at birth. We used multivariable logistic regression (adjusted for age, sex assigned at birth, race/ethnicity, cardiovascular risk factors, other relevant comorbidities, and neighborhood deprivation index) to assess the relationship between SGM groups and the outcomes. Of 413,457 US adults enrolled between May 31, 2017, and June 30, 2022, we included 393,041 participants with available information on sexual orientation and gender identity (mean age 51 [SD 17] years), of whom 39,632 (10%) belonged to SGM groups. Of them, 38,528 (97%) belonged to a sexual minority and 4,431 (11%) to a gender minority. Compared with non-SGM, SGM persons had 15% higher odds of the brain health composite outcome (odds ratio [OR] 1.15, 95% CI 1.08–1.22). In secondary analyses, these results persisted across sexual and gender minorities separately (all 95% CIs > 1). Assessing individual diseases, all SGM groups had higher odds of dementia (SGM vs non-SGM: OR 1.14, 95% CI 1.00–1.29) and late-life depression (SGM vs non-SGM: OR 1.27, 95% CI 1.17–1.38) and transgender women had higher odds of stroke (OR 1.68, 95% CI 1.04–2.70). In a large US population study, SGM persons had higher odds of adverse brain health outcomes. Further research should explore structural causes of inequity to advance inclusive and diverse neurologic care.

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