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Quando os Pais Escolhem: A Influência do Favoritismo no Desenvolvimento dos Irmãos


Esta meta-análise abrangente revelou que os pais tendem a oferecer um tratamento mais favorável a filhas, crianças conscienciosas e aquelas com uma personalidade agradável. Além disso, é comum que os irmãos mais velhos recebam maior liberdade e autonomia. Tanto pais quanto profissionais de saúde devem estar atentos a essas dinâmicas de favoritismo dentro da família, pois reconhecer esses padrões pode ser crucial para identificar possíveis efeitos prejudiciais no desenvolvimento das crianças menos favorecidas.


A convivência familiar desempenha um papel crucial no neurodesen- volvimento das crianças, influenciando a formação de habilidades sociais, emocionais e cognitivas.


O ambiente familiar é o primeiro contexto em que uma criança aprende a interagir com o mundo, e a qualidade dessas interações pode ter implicações significativas para o desenvolvimento cerebral. 


Estudos indicam que experiências positivas, como suporte emocional e estímulo intelectual, promovem o crescimento saudável do cérebro. Por outro lado, experiências negativas, como negligência ou favoritismo, podem contribuir para o surgimento de transtornos futuros, incluindo problemas de ansiedade, depressão e dificuldades de relacionamento.

O favoritismo parental, onde um ou mais filhos recebem tratamento preferencial em relação aos outros, é um fenômeno que pode ter consequências adversas para o desenvolvimento das crianças menos favorecidas. 


Décadas de pesquisa demonstram que essas crianças podem experimentar sentimentos de rejeição, baixa autoestima e maior risco de desenvolver problemas emocionais e comportamentais.


Apesar do amplo reconhecimento desses efeitos, há menos clareza sobre quais fatores determinam quais filhos são favorecidos ou desfavorecidos pelos pais.


Esse estudo em questão, realizado por pesquisadores da Brigham Young University, USA e Western University, Canada,  explorou o tratamento favorecido em famílias, examinando como fatores como ordem de nascimento, gênero, temperamento e personalidade influenciam o favoritismo parental. 

Dados foram coletados através de uma meta-análise multinível de 30 artigos acadêmicos revisados por pares, bem como de 14 bancos de dados adicionais, totalizando informações de 19.469 participantes únicos. 


O presente estudo examinou o tratamento favorecido conforme previsto pela ordem de nascimento, gênero, temperamento e personalidade. Também examinaram se os links eram moderados por múltiplos fatores (por exemplo, gênero dos pais, idade, relator, domínio da parentalidade/favoritismo)


Os resultados mostraram padrões claros: os pais tendem a favorecer os filhos mais velhos quando o favoritismo está relacionado à autonomia e ao controle.


Em termos de gênero, as filhas frequentemente recebem tratamento preferencial, o que pode se manifestar em maior atenção ou suporte emocional.


Além disso, o estudo revelou que crianças com características de conscienciosidade e agradabilidade, ou seja, aquelas que são organizadas, responsáveis e amigáveis, também tendem a ser favorecidas pelos pais. 

No caso das crianças conscienciosas, o favoritismo era mais evidente em contextos de conflito familiar reduzido, sugerindo que essas crianças enfrentam menos disputas com os pais, possivelmente devido ao seu comportamento mais cooperativo.


Esses achados têm implicações importantes para pais e profissionais de saúde. Reconhecer padrões de favoritismo pode ajudar a mitigar potenciais efeitos negativos no desenvolvimento das crianças menos favorecidas. 


Intervenções podem ser planejadas para promover um ambiente mais equitativo e saudável dentro das famílias, evitando que o favoritismo parental contribua para desigualdades de desenvolvimento e possíveis transtornos emocionais.


Dessa forma, ao entender e abordar essas dinâmicas, é possível fomentar o bem-estar emocional e psicológico de todas as crianças no ambiente familiar.



LEIA MAIS:


Parents favor daughters: A meta-analysis of gender and other predictors of parental differential 

treatment. 

Jensen AC, and Jorgensen-Wells MA 

American Psychological Association. Psychological Bulletin. Advance online publication 2025. 


Abstract:


Decades of research highlight that differential treatment can have negative developmental consequences, particularly for less favored siblings. Despite this robust body of research, less is known about which children in the family tend to be favored or less favored by parents. The present study examined favored treatment as predicted by birth order, gender, temperament, and personality. We also examined whether links were moderated by multiple factors (i.e., parent gender, age, reporter, domain of parenting/favoritism). Multilevel meta-analysis data were collected from 30 peer-reviewed journal articles and dissertations/theses and 14 other databases. In all, the data reflected 19,469 unique participants (Mage = 19.57, SD = 13.92). Results showed that when favoritism was based on autonomy and control, parents tended to favor older siblings. Further, parents reported favoring daughters. Conscientious and agreeable children also received more favored treatment. For conscientious children, favoritism was strongest when based on differences in conflict (i.e., more conscientious children had relatively less conflict with their parents). Parents and clinicians should be aware of which children in a family tend to be favored as a way of recognizing potentially damaging family patterns. (PsycInfo Database Record (c) 2025 APA, all rights reserved)

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