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Ozempic mostra potencial na redução do risco de Alzheimer


Resumo:

A semaglutida (também conhecida como Ozempic) é um medicamento popular para diabetes tipo 2 e perda de peso. O estudo comparou a semaglutida a sete outros medicamentos antidiabéticos e descobriu que ela estava associada a um risco significativamente menor de desenvolver Alzheimer.  Esses resultados foram consistentes em diferentes subgrupos, independentemente da idade, sexo ou estado de obesidade.


Estima-se que 6,9 milhões de americanos acima dos 65 anos estarão vivendo com a doença de Alzheimer (DA) em 2024, e esse número pode mais do que dobrar até 2060, chegando a 13,8 milhões. 


A DA ainda não tem cura e traz impactos sociais e econômicos profundos. No entanto, estudos indicam que cerca de 40% dos casos estão relacionados a fatores de risco modificáveis, ou seja, fatores que, se controlados, poderiam ajudar a prevenir ou retardar a doença.

Um dos fatores de risco para o Alzheimer é o diabetes tipo 2 (DM2), uma condição que também está associada a outros problemas de saúde, como obesidade e doenças cardiovasculares. 


A semaglutida (também conhecida como Ozempic), aprovada para tratamento de DM2 e perda de peso nos EUA, atua no receptor GLP-1, auxiliando no controle do diabetes. Estudos recentes sugerem que, além de ajudar a controlar o diabetes, a semaglutida poderia ter efeitos neuroprotetores.


Isso levanta a hipótese de que o medicamento também poderia reduzir o risco de desenvolver Alzheimer em pessoas com alto risco para a doença.


Para explorar essa possibilidade, pesquisadores da Universidade Case Western usaram dados de registros médicos eletrônicos de 1,09 milhão de pacientes com DM2 e sem diagnóstico prévio de DA. O estudo comparou o uso de semaglutida com outros medicamentos para diabetes, incluindo insulina e outros agonistas do GLP-1 (como liraglutida). 


Em um acompanhamento de 3 anos, pacientes que usaram semaglutida tiveram um risco significativamente menor de serem diagnosticados com Alzheimer em comparação com aqueles que usaram insulina e outros medicamentos.


O estudo observou que houve uma diferença significativa entre homens e mulheres no efeito da semaglutida sobre o risco de desenvolver Alzheimer. Em mulheres com diabetes tipo 2, a semaglutida foi associada a uma redução mais pronunciada no risco de um primeiro diagnóstico de Alzheimer do que em homens.


Especificamente, o estudo encontrou um risco reduzido de 78% para as mulheres em comparação com uma redução de 52% para os homens. 


Essa diferença sugere que a semaglutida pode ter um efeito protetor mais forte em mulheres, embora ainda sejam necessários mais estudos para confirmar esses dados e entender os mecanismos subjacentes a essa diferença.


Além disso, o perfil de saúde entre as populações de homens e mulheres neste estudo variou: as mulheres eram, em média, mais jovens, tinham taxas mais altas de obesidade e depressão e menores de doenças cardiovasculares, o que pode ter influenciado os resultados.


Essa descoberta reforça a importância de se fazer análises separadas para cada gênero, especialmente em pesquisas sobre doenças como o Alzheimer, que tem maior prevalência em mulheres. 

Os efeitos protetores da semaglutida podem ir além do controle do diabetes. Estudos indicam que ela pode reduzir a inflamação no cérebro, um fator ligado ao Alzheimer, e melhorar a captação de glicose, essencial para o funcionamento dos neurônios. Além disso, evidências sugerem que a semaglutida ajuda a reduzir depósitos de placas beta-amiloides, que são características do Alzheimer.


Além dos benefícios diretos no cérebro, a semaglutida também impacta positivamente outras condições de saúde que podem aumentar o risco de Alzheimer, como depressão e doenças cardiovasculares. Isso fortalece a hipótese de que ela possa contribuir para a prevenção do Alzheimer ao mitigar esses fatores de risco.


Os resultados promissores deste estudo observacional abrem caminho para mais pesquisas, especialmente ensaios clínicos, para entender se a semaglutida realmente pode atrasar ou prevenir o Alzheimer.


Esses ensaios seriam importantes para confirmar os efeitos observados e entender melhor os mecanismos pelos quais o medicamento poderia atuar na proteção contra a DA.


Por enquanto, embora os achados sejam encorajadores, é preciso cautela. Os efeitos observados são significativos, mas a confirmação definitiva virá apenas com estudos clínicos mais robustos e com acompanhamento a longo prazo, que ajudem a esclarecer se a semaglutida realmente pode ser uma aliada na luta contra o Alzheimer.



LEIA MAIS:


Associations of semaglutide with first-time diagnosis of Alzheimer's disease in patients with type 2 diabetes: Target trial emulation using nationwide real-world data in the US

William Wang, QuangQiu Wang, Xin Qi, Mark Gurney, George Perry, Nora D. Volkow, Pamela B. Davis, David C. Kaelber, Rong Xu

Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association.

24 October 2024 


Abstract:


Emerging preclinical evidence suggests that semaglutide, a glucagon-like peptide receptor agonist (GLP-1RA) for type 2 diabetes mellitus (T2DM) and obesity, protects against neurodegeneration and neuroinflammation. However, real-world evidence for its ability to protect against Alzheimer's disease (AD) is lacking. We conducted emulation target trials based on a nationwide database of electronic health records (EHRs) of 116 million US patients. Seven target trials were emulated among 1,094,761 eligible patients with T2DM who had no prior AD diagnosis by comparing semaglutide with seven other antidiabetic medications. First-ever diagnosis of AD occurred within a 3-year follow-up period and was examined using Cox proportional hazards and Kaplan–Meier survival analyses. Semaglutide was associated with significantly reduced risk for first-time AD diagnosis, most strongly compared with insulin (hazard ratio [HR], 0.33 [95% CI: 0.21 to 0.51]) and most weakly compared with other GLP-1RAs (HR, 0.59 [95% CI: 0.37 to 0.95]). Similar results were seen across obesity status, gender, and age groups. These findings support further studies to assess semaglutide's potential in preventing AD.







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