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Otimismo e Pessimismo: As Duas Lentes que Moldam Nossa Jornada de Superação


Estudar o otimismo de forma geral pode ser uma maneira eficiente de compreender a relação entre traços de personalidade e saúde mental. No contexto da pandemia, pesquisas mostraram que tanto ter um olhar positivo quanto evitar pensamentos excessivamente negativos foram fatores relevantes para lidar melhor com a situação.


A neurociência investiga como as emoções e os traços de personalidade, como o pessimismo e o otimismo, influenciam a nossa percepção do mundo e o funcionamento do cérebro.


O otimismo é frequentemente associado a uma atividade maior nas regiões cerebrais ligadas à recompensa, como o núcleo accumbens, promovendo uma visão positiva do futuro e impulsionando comportamentos proativos. 


Por outro lado, o pessimismo está relacionado a uma maior ativação da amígdala, responsável pela resposta ao medo e ao estresse, resultando em uma visão negativa e defensiva da realidade. 


Esses dois estados emocionais não apenas moldam nossas reações a situações cotidianas, mas também têm impactos significativos na saúde mental e física, demonstrando como a neurobiologia pode influenciar a maneira como encaramos a vida.

Durante a pandemia da COVID-19, pesquisadores buscaram entender como esses traços psicológicos influenciaram o comportamento das pessoas e seu bem-estar. 


O estudo analisou dados de um grande grupo de adultos mais velhos para investigar se aqueles que eram mais otimistas antes da pandemia apresentaram respostas diferentes daqueles que eram mais pessimistas. 


O grupo usou dados do Health and Retirement Study, um grande estudo que analisa a vida de americanos com 50 anos ou mais. Esse estudo inclui uma amostra que representa bem a população dos Estados Unidos. Em 2016, os participantes foram convidados a responder a algumas perguntas sobre como eles se sentiam em relação ao futuro. 


Por exemplo, perguntaram se, em momentos difíceis, eles costumavam esperar o melhor ou se raramente acreditavam que as coisas sairiam como desejavam. Essas respostas ajudaram os pesquisadores a entender melhor os níveis de otimismo e pessimismo dos participantes.

Durante a pandemia da COVID-19 (entre março e maio de 2020), os entrevistados responderam a perguntas sobre comportamentos relacionados à saúde que aumentaram ou reduziram o risco de  transmissão da COVID, incluindo frequência de uso de máscaras, hábitos de viagem e a probabilidade de ficar em casa.


Os resultados sugerem que o otimismo esteve ligado a comportamentos que ajudaram a reduzir a transmissão do vírus e a uma melhor saúde mental durante esse período difícil.


Um dos achados do estudo foi que o pessimismo, mais do que a falta de otimismo, teve um papel importante na adoção de medidas de proteção contra a COVID-19. Isso significa que pessoas menos pessimistas podem não ter seguido tanto as precauções recomendadas, enquanto aquelas com maior pessimismo foram mais cautelosas. 

No entanto, quando se trata de bem-estar psicológico, tanto o otimismo quanto o pessimismo tiveram influência, especialmente por meio de mudanças nos contatos sociais e na prática de atividades físicas.


Além disso, os pesquisadores sugerem que estudar o otimismo de forma geral pode ser uma maneira eficiente de compreender a relação entre traços de personalidade e saúde mental. No contexto da pandemia, perceberam que tanto ter um olhar positivo quanto evitar pensamentos excessivamente negativos foram fatores relevantes para lidar melhor com a situação. 


Isso reforça a ideia de que, além de cultivar o otimismo, reduzir o pessimismo pode ser um caminho importante para promover comportamentos saudáveis e melhorar a qualidade de vida.



LEIA MAIS:


Optimism and pessimism were prospectively associated with adaptation during the COVID-19 pandemic

Jeewon Oh, Emily N. Tetreau, Mariah F. Purol, Eric S. Kim, and William J. Chopik

Journal of Research in Personality. Volume 113, December 2024, 104541


Abstract:


Using longitudinal data from the Health and Retirement Study, we examined the association between optimism/pessimism before the pandemic and adaptation during the COVID-19 pandemic. Overall, optimism was associated with behaviors that reduce COVID-19 transmission and higher psychological well-being (βs>|.196|) through changes in social contacts (indirect effect βs> |.004|) and/or increases in physical activity (βs=|.01|). Separating optimism and pessimism, we found that only pessimism was associated with behaviors that reduce risk, but both optimism and pessimism were associated with psychological well-being. By investigating them in the context of new public health challenges, we found that while the presence of optimism and absence of pessimism may both be resources for well-being, the absence of pessimism may be particularly important for health-relevant behaviors.

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