top of page

Novo Teste de Sangue Pode Diagnosticar e Monitorar a Esclerose Lateral Amiotrófica


A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença grave que afeta os neurônios responsáveis pelos movimentos do corpo, levando à perda progressiva da força muscular. O diagnóstico pode ser difícil, mas pesquisadores descobriram que a proteína NfL, encontrada no sangue, pode ajudar a identificar a doença com mais precisão e prever sua progressão. 


A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa grave que afeta os neurônios motores, responsáveis por controlar os movimentos do corpo.


Com a progressão da doença, os pacientes perdem gradualmente a capacidade de mover os músculos, o que leva a fraqueza, dificuldades para falar, engolir e, eventualmente, respirar. Infelizmente, a ELA tem uma evolução rápida e impacta significativamente a expectativa de vida.


O diagnóstico da Esclerose Lateral Amiotrófica pode ser bastante difícil, pois seus sintomas iniciais podem se parecer com os de outras doenças neuromusculares. 


Em alguns casos, os pacientes são diagnosticados erroneamente com Esclerose Lateral Amiotrófica e depois descobrem que têm uma condição de progressão mais lenta. Por isso, é fundamental que o diagnóstico seja o mais preciso possível para evitar erros e garantir o melhor tratamento desde o início.

Os biomarcadores neurológicos são substâncias no corpo que ajudam os médicos a diagnosticar doenças, prever sua evolução e monitorar o efeito dos tratamentos. Nos últimos anos, grandes avanços científicos permitiram que esses biomarcadores fossem detectados diretamente no sangue, sem a necessidade de exames mais invasivos, como a punção lombar. 


Esse avanço é especialmente útil para doenças neurodegenerativas como a Esclerose Lateral Amiotrófica, onde encontrar métodos de diagnóstico menos agressivos é essencial.


Um biomarcador promissor para a Esclerose Lateral Amiotrófica é a proteína da cadeia leve do neurofilamento (NfL), que faz parte da estrutura dos neurônios e é liberada no sangue quando há danos no sistema nervoso.


Níveis elevados da proteína da cadeia leve do neurofilamento indicam sofrimento dos neurônios, o que pode ocorrer não apenas na Esclerose Lateral Amiotrófica, mas também em outras doenças neurológicas, como Alzheimer, esclerose múltipla e lesões cerebrais traumáticas.  

Estudos mostraram que a medição da proteína da cadeia leve do neurofilamento no sangue pode ajudar a diferenciar a Esclerose Lateral Amiotrófica de outras condições e também prever a velocidade da progressão da doença. Comparada a outros biomarcadores usados para avaliar a degeneração dos neurônios, a proteína da cadeia leve do neurofilamento tem demonstrado um desempenho superior.


Apesar de sua utilidade, ainda existem desafios para a adoção da proteína da cadeia leve do neurofilamento como exame padrão no diagnóstico da Esclerose Lateral Amiotrófica.


Diferentes laboratórios utilizam métodos variados para medir essa proteína, e ainda não há um consenso sobre quais seriam os valores exatos que definem se um paciente tem Esclerose Lateral Amiotrófica ou não. 

Para resolver essa questão, estudos estão comparando diferentes técnicas de medição para garantir que os resultados sejam confiáveis e possam ser aplicados na prática médica diária.


Pesquisadores já compararam dois métodos avançados para medir a proteína da cadeia leve do neurofilamento no sangue, conhecidos como Simoa e Ella, e descobriram que ambos são eficazes para diagnosticar e prever a progressão da Esclerose Lateral Amiotrófica.  


No entanto, o método Simoa, apesar de ser muito sensível, ainda não está pronto para ser usado rotineiramente como exame clínico. 


Para tornar essa análise mais acessível aos médicos e pacientes, novos estudos incluíram outros dois métodos: Lumipulse e Elecsys, que são tecnologias mais compatíveis com o uso em hospitais e laboratórios convencionais. 

Analisador de imunoensaio automatizado Lumipulse


Além da proteína da cadeia leve do neurofilamento, os pesquisadores testaram dois outros biomarcadores: GFAP (proteína ácida fibrilar glial) e pTau181 (tau 181 fosforilada). O GFAP está relacionado à inflamação no cérebro e pode ser um marcador útil para doenças neurodegenerativas. 


Já o pTau181 é uma proteína associada à doença de Alzheimer, e alguns estudos sugerem que seus níveis podem ajudar a diferenciar a Esclerose Lateral Amiotrófica de outras doenças que afetam os neurônios motores.


Para testar esses biomarcadores, foi realizado um estudo com 139 pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica e 70 pacientes sem a doença, com idades em torno de 66 anos. Os participantes foram acompanhados por mais de 40 meses, e os pesquisadores analisaram a relação entre os níveis dessas proteínas e a evolução da doença.  

Os resultados mostraram que todos os métodos testados para medir a proteína da cadeia leve do neurofilamento apresentaram alta precisão para diagnosticar a Esclerose Lateral Amiotrófica, enquanto o proteína ácida fibrilar glial e o pTau181 tiveram um desempenho menos eficaz.


Além disso, os pesquisadores observaram que níveis elevados de proteína da cadeia leve do neurofilamento estavam diretamente associados a uma expectativa de vida mais curta nos pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica. 


Em casos onde os valores da proteína eram muito altos, as chances de sobrevivência após 50 semanas eram praticamente nulas. Também foi identificado que a idade e o índice de massa corporal dos pacientes influenciavam nos níveis dessas proteínas, o que pode ser um fator a ser considerado ao interpretar os resultados dos exames.


Em resumo, o estudo demonstrou que a proteína da cadeia leve do neurofilamento no sangue pode ser um biomarcador confiável para diagnosticar e prever a evolução da Esclerose Lateral Amiotrófica, permitindo que médicos identifiquem a doença com mais rapidez e precisão. 


Isso pode ser um grande avanço para pacientes, que terão um diagnóstico mais certeiro e poderão se preparar melhor para o tratamento e os desafios da doença. Os pesquisadores sugerem que as plataformas Lumipulse e Elecsys podem ser incorporadas na prática médica, tornando esse exame mais acessível para o uso clínico.



LEIA MAIS:


Comparative Performances of 4 Serum NfL Assays, pTau181, and GFAP in Patients With Amyotrophic Lateral Sclerosis

Etienne Mondesert, Constance Delaby, Elisa De La Cruz, Jens Kuhle, Pascal Benkert, Nicolas Pradeilles, Marie Duchiron, Mehdi Morchikh, William Camu, Jean-Paul Cristol, Christophe Hirtz, Florence Esselin and Sylvain Lehmann

Neurology. 104 (6). 26 February 2025.

DOI: 10.1212/WNL.0000000000213400


Abstract:


Selecting the most appropriate blood tests is crucial for the management of patients with amyotrophic lateral sclerosis (ALS). This study evaluates the diagnostic and prognostic performance of neurofilament light chain (NfL), glial fibrillary acidic protein (GFAP), and phosphorylated tau 181 (pTau181) biomarkers in ALS to establish their clinical relevance and cutoff values. In a cohort of patients from the ALS center in Montpellier, we conducted a head-to-head comparison of 4 different technologies and 3 distinct serum analytes: NfL was tested using the ultrasensitive Simoa and the microfluidic Ella platforms, along with 2 assays recently set up on clinical-grade platforms: Lumipulse and Elecsys. We also used Elecsys to assess serum GFAP and pTau181. Our cohort included 139 patients with ALS and 70 non-ALS patients, with a mean age of 66.1 ± 11.4 years and 47.4% of women. The mean follow-up was 42 ± 26.3 months for patients with ALS and 141.6 ± 106.3 months for non-ALS patients, with a mortality rate of 85.5% vs 7.7%. There was a high correlation between all methods tested for serum NfL quantification (R2 = 0.939 to 0.963). The area under the curve (AUC) for ALS diagnosis was 0.889 (0.827–0.932) for NfL Simoa, 0.906 (0.847–0.944) for Ella, 0.912 (0.853–0.948) for Lumipulse, and 0.910 (0.851–0.946) for Elecsys. Serum pTau181 and GFAP showed poor diagnostic performance with AUCs of 0.565 (0.472–0.649) and 0.546 (0.461–0.636), respectively. Kaplan-Meier survival analysis revealed significant hazard ratios (4.4–5.4) for blood NfL. Patients with ALS had a 40%–50% chance of surviving 50 weeks below the prognostic cutoff values while survival rates dropped to near zero above. NfL and GFAP levels were associated with age and body mass index, considered confounding factors. pTau181 levels varied significantly in patients with ALS depending on the site of onset. This study demonstrates the consistent performance of 4 immunoassays for serum NfL quantification in ALS. NfL showed high diagnostic and prognostic accuracy, making it suitable for individual assessment, unlike GFAP or pTau181. We propose diagnostic and prognostic cutoff values for serum NfL, providing a basis for wider implementation, especially with the clinically accredited Lumipulse and Elecsys platforms, which are becoming standard practice. This study provides Class II evidence that serum NfL levels are useful in identifying over 80% of patients with ALS and predicting survival in patients with ALS compared with pTau181 and GFAP levels.

Commentaires


© 2020-2025 by Lidiane Garcia

bottom of page