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Neurociência das Gangues: Como o Estresse Redefine Nossas Conexões Sociais


A preferência sociossexual dos camundongos é modulada por uma complexa interação entre necessidades inatas e ameaças externas, mediada por circuitos cerebrais que regulam a liberação de dopamina. Nesse estudo, portanto, introduz um mecanismo neural para entender como as decisões sociais podem ser determinadas convergentemente pelo equilíbrio entre requisitos inatos e ameaças externas à sobrevivência.


O comportamento sociossexual refere-se às interações sociais entre indivíduos de diferentes sexos, que são fundamentais para processos como acasalamento e reprodução. Além dessas interações, também há relações importantes entre indivíduos do mesmo sexo, que oferecem suporte social e colaboração. 


A forma como os animais escolhem com quem interagir, especialmente em situações de ameaça, é influenciada tanto por necessidades inatas quanto pelo ambiente externo. No entanto, os mecanismos cerebrais que regulam essas decisões ainda não são completamente compreendidos.

Pesquisadores da Universidade de Xi’an Jiaotong investigaram como camundongos machos e fêmeas escolhem entre interações com outros machos ou fêmeas em situações normais e sob ameaças externas. 


O estudo se concentrou na área tegmentar ventral (VTA) do cérebro, onde neurônios dopaminérgicos (neurônios VTADA) desempenham um papel crucial na modulação dessas preferências.


A atividade dos neurônios foi monitorada usando fotometria de fibra de duas cores, uma técnica que mede os níveis de cálcio, um indicador de atividade neuronal.

A imagem acima mostra um exemplo de um filme neuronal criado usando imagens de cálcio. Fonte: Professora Dorit Hochbaum. UC Berkeley


Eles também utilizaram manipulações Quimiogenéticas e Optogenéticas. Essas técnicas permitiram os cientistas controlarem a atividade dos neurônios VTADA. A quimiogenética envolve o uso de substâncias químicas para ativar ou inibir neurônios específicos, enquanto a optogenética utiliza luz para o mesmo fim.


Para estudar as reações a ameaças, os camundongos foram expostos a diferentes ameaças, como odores de predadores (trimetiltiazolina - TMT), condicionamento de medo visual e auditivo, para simular situações de risco. 

Ferramentas optogenéticas sem fio como esses pequenos implantes em camundongos vivos estão permitindo que cientistas mapeiem a estimulação de certos neurônios do cérebro para respostas específicas. FONTE: J. Rogers/Northwestern Univ.


Os resultados mostra que tanto machos quanto fêmeas preferem interações com fêmeas em condições normais.


Quando expostos a ameaças, ambos os sexos mudaram sua preferência para interagir com machos. Isso sugere que as decisões sociais podem ser ajustadas em resposta a perigos externos.


A ativação dos neurônios dopaminérgicos na área tegmentar ventral estava correlacionada com a mudança de preferência sexual sob estresse. Quando esses neurônios foram ativados quimiogeneticamente, a preferência por machos aumentou; quando inibidos, a resposta ao TMT foi bloqueada, confirmando o papel desses neurônios na mudança de preferência.


As projeções dos neurônios VTADA para diferentes áreas cerebrais, como o nucleus accumbens (NAc) e a área pré-óptica medial (mPOA), mostraram padrões distintos em machos e fêmeas. 


Em machos, a preferência feminina era promovida em condições normais pela atividade do NAc, enquanto ameaças aumentavam a atividade na mPOA, promovendo a preferência masculina. Em fêmeas, o padrão de disparo dos neurônios para o NAc determinava a preferência sexual.

Circuitos de dopamina sexualmente dimórficos determinam a preferência sociossexual. Indivíduos do sexo masculino usam a competição entre as vias de projeção VTADA-NAc (promovendo a preferência feminina) e as vias de projeção VTADA-mPOA (promovendo a preferência masculina em estresse de sobrevivência) para determinar suas decisões sociais. Por outro lado, a alteração do padrão de disparo da projeção VTADA-NAc é utilizada por mulheres para determinar suas preferências sociossexuais, mediando a preferência feminina por meio da transmissão do receptor de dopamina do tipo 1 (DA-D1R) dominada por disparo fásico e a preferência masculina por meio da transmissão do receptor de dopamina do tipo 2 (DA-D2R) facilitada por disparo tônico quando confrontada com estresse de sobrevivência. nucleus accumbens (NAc). área pré-óptica medial (mPOA)


A liberação de dopamina variou entre os sexos. Em machos, a liberação sustentada de dopamina em resposta a ameaças levou à preferência masculina.


Em fêmeas, uma liberação mais rápida e intensa  de dopamina promoveu a preferência feminina.


Este estudo revela como a interação entre circuitos neurais, neurotransmissores e contextos ambientais pode influenciar as decisões sociais. A preferência sociossexual dos camundongos é modulada por uma complexa interação entre necessidades inatas e ameaças externas, mediada por circuitos cerebrais que regulam a liberação de dopamina, moldando o comportamento social de forma sexualmente dimórfica.



LEIA MAIS:


Sexually dimorphic dopaminergic circuits determine sex preference

Anqi Wei et al. ,

Science, VOL. 387, NO. 6730, (2025).

DOI:10.1126/science.adq7001


Abstract:


Sociosexual preference is critical for reproduction and survival. However, neural mechanisms encoding social decisions on sex preference remain unclear. In this study, we show that both male and female mice exhibit female preference but shift to male preference when facing survival threats; their preference is mediated by the dimorphic changes in the excitability of ventral tegmental area dopaminergic (VTADA) neurons. In males, VTADA projections to the nucleus accumbens (NAc) mediate female preference, and those to the medial preoptic area mediate male preference. In females, firing-pattern (phasic-like versus tonic-like) alteration of the VTADA-NAc projection determines sociosexual preferences. These findings define VTADA neurons as a key node for social decision-making and reveal the sexually dimorphic DA circuit mechanisms underlying sociosexual preference.

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© 2024 by Lidiane Garcia

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