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Neuralink: O que Faz a Empresa que Promete Mudar o Futuro e Seu Cérebro


Neuralink é uma empresa de neurotecnologia fundada por Elon Musk em 2016. Sua principal missão é desenvolver interfaces cérebro-computador (BCIs) que permitam uma conexão direta entre o cérebro humano e dispositivos eletrônicos.  


A ideia é criar uma tecnologia que ajude no tratamento de doenças neurológicas, como paralisia, Alzheimer, e Parkinson, e futuramente possibilitar a interação entre humanos e máquinas de forma mais direta. Porem, o inicio e a historia da empresa não é bem essa. 


Tudo começou com Dr. Pedram Mohseni, professor da Case Western Reserve University, e seu parceiro científico, Dr. Randolph Nudo, do Kansas University Medical Center, que eram donos da marca registrada "NeuraLink" desde 2015, após criarem sua própria startup. 



A partir de 2011, Mohseni, um bioengenheiro, e Nudo, um especialista em cérebro, começaram a explorar uma ideia para um chip cerebral eletrônico para tratar lesões cerebrais traumáticas.


A ideia deles: restabelecer conexões danificadas gravando neurônios em uma parte do cérebro e, em seguida, transmitindo a conversa para outra. Em 2013, eles até demonstraram que seu protótipo poderia ajudar ratos com danos cerebrais. 


Foi quando a dupla formou a NeuraLink (que eles soletraram com "L" maiúsculo). Mas levantar dinheiro provou ser difícil. Qualquer dispositivo que vá acabar no cérebro humano precisa ser tão confiável quanto um relógio suíço e poderia facilmente levar US$ 200 milhões para desenvolver e testar.


A dupla de pesquisadores de neurotecnologia de longa data desenvolveu um dispositivo que pode ajudar pessoas com lesões cerebrais. Mas seus contatos iniciais com investidores não avançaram muito quando um estranho os abordou oferecendo dezenas de milhares de dólares pelo nome de sua empresa.


Eles aceitaram. Ninguém mencionou que Musk, cujo patrimônio líquido na época de US$ 14,7 bilhões de acordo com a Forbes, estava por trás disso.


"Eles nos abordaram, negociamos e agora Elon Musk será o legítimo dono da Neuralink", diz Mohseni.


Em vez de ressentimentos, Mohseni diz que está animado. ‘Finalmente, titãs da tecnologia estão investindo dinheiro em algumas ideias extravagantes que um pequeno número de neurocientistas há muito defende e busca obstinadamente promover’, disse ele.



A empresa Neuralink (agora com ’l’) de Musk foi criada em San Francisco, Califórnia e envolveu inicialmente engenheiros e cientistas de várias áreas, como neurociência, bioengenharia, robótica e software.


Os fundadores, além de Elon Musk, incluem Ben Rapoport, doutor em neurociência e cirurgião, Max Hodak, especialista em bioengenharia, e outros especialistas da área. Antes da Neuralink, muitos dos primeiros membros vinham de laboratórios e startups focadas em neurociência e biotecnologia.


O objetivo inicial da Neuralink é melhorar a qualidade de vida de pessoas com distúrbios neurológicos, desenvolvendo um dispositivo implantável no cérebro que possa monitorar e estimular neurônios. O projeto mais conhecido da empresa é o "Link", um chip implantado no crânio que pode registrar e influenciar a atividade cerebral.


A longo prazo, Elon Musk tem falado sobre objetivos mais ambiciosos, como a possibilidade de "combinar" a mente humana com a inteligência artificial (IA), criando uma simbiose entre humanos e máquinas. Musk vê essa integração como uma forma de garantir que os humanos possam acompanhar o avanço da IA, evitando que se tornem "obsoletos" perante o desenvolvimento de sistemas superinteligentes.


Os experimentos da Neuralink ainda estão na fase inicial e têm sido conduzidos principalmente em animais, como macacos e porcos. Em 2020, a empresa demonstrou um porco com um chip Neuralink implantado, que transmitia dados sobre a atividade neural do animal.


Em 2021, eles divulgaram um vídeo de um macaco jogando um videogame usando apenas sua mente, controlando o jogo através de sinais neurais transmitidos para um computador, também no mesmo ano anunciaram investimentos de mais 200 milhões de dólares.



Em dezembro de 2022, abriram inscrições para pacientes com lesões medulares voluntários. No final de 2023, após aprovação recorde da FDA, eles começaram os primeiros implantes em humanos. 


Para o estudo, os critérios de elegibilidade incluem indivíduos que:


  • Tenham tetraplegia (função limitada em todos os 4 membros) devido a lesão na medula espinhal ou esclerose lateral amiotrófica (ELA) e estejam há pelo menos 1 ano após a lesão (sem melhora)


  • Tenham pelo menos 22 anos


  • Tenham um cuidador consistente e confiável


O estudo levará aproximadamente 6 anos para concluir. Durante o estudo, os pacientes terão acompanhamentos regulares com a equipe de especialistas para monitorar seu progresso e garantir que o Neuralink BCI continue funcionando conforme o esperado.


O paciente  será convidado a participar das sessões de pesquisa BCI durante o Estudo Primário, com um compromisso mínimo de 2 sessões por semana, por 1 hora por sessão durante os primeiros 18 meses. O acompanhamento de longo prazo começa imediatamente após a conclusão do Estudo Primário e ocorre ao longo de 5 anos, com um total de 20 visitas.


Os implantes da Neuralink são realizados por um robô cirúrgico, desenvolvido pela própria empresa, que é capaz de inserir fios extremamente finos no cérebro de forma precisa. Cada fio contém eletrodos capazes de detectar a atividade cerebral com alta resolução.


Durante o estudo, o robô R1 é usado para colocar cirurgicamente o implante N1 em uma região do cérebro que controla a intenção do movimento. Os participantes serão solicitados a usar o implante N1 e o aplicativo do usuário N1 para controlar um computador e fornecer feedback sobre o sistema.

Robot R1 que realiza a implantacao dos dispositivos N1 


Uma vez colocado cirurgicamente, o implante (Link) N1 é cosmeticamente invisível. Ele registra e transmite a atividade cerebral com o objetivo de permitir que você controle um computador.


O implante N1 registra a atividade neural por meio de 1024 eletrodos distribuídos em 64 fios, cada um mais fino que um fio de cabelo humano. 

O aplicativo N1 decodifica a intenção de movimento dos sinais cerebrais registrados pelo implante N1, permitindo que você controle um computador com seus pensamentos.

Aplicativo N1 da Neuralink


A ultima atualização desse projeto foram de Agosto de 2024. Alex, o ​​segundo participante do estudo recebeu seu implante Neuralink (Link). A cirurgia, realizada no Barrow Neurological Institute, correu bem, Alex recebeu alta no dia seguinte, e sua recuperação foi tranquila.


Com o Link, ele tem melhorado sua habilidade de jogar videogames e começou a aprender como usar software de design auxiliado por computador (CAD) para projetar objetos 3D. 


Isso marca outro passo significativo para fornecer uma interface de alto desempenho que irá melhorar o controle de dispositivos digitais para pessoas com tetraplegia para ajudar a restaurar sua autonomia.


Desde o primeiro momento em que Alex conectou seu Link ao computador, levou menos de 5 minutos para ele começar a controlar um cursor com a mente. Em poucas horas, ele conseguiu superar a velocidade e a precisão máximas que havia alcançado com qualquer outra tecnologia assistiva em na tarefa Webgrid. Um tipo de game que o jogador deve colocar um circulo dentro de um cubo que se move em varias direções. 


Semelhante a Noland, o primeiro participante, Alex quebrou o recorde mundial anterior de controle de cursor de interface cérebro-computador (BCI) com um dispositivo não Neuralink no primeiro dia de uso do Link. Após a conclusão da primeira sessão de pesquisa, Alex continuou testando os recursos do Link de forma independente, usando-o para jogar o jogo de tiro em primeira pessoa Counter-Strike.


Alex gosta de construir coisas. Antes de sua lesão na medula espinhal, ele trabalhou como técnico automotivo, consertando e mexendo em vários tipos de veículos e máquinas grandes.


Desde então, ele queria aprender a projetar objetos 3D usando software de design auxiliado por computador (CAD) para poder trabalhar em projetos sem precisar depender muito de seu sistema de suporte. No entanto, o nível de controle oferecido por suas tecnologias assistivas tornou isso desafiador.


No segundo dia de uso do Link, Alex usou o software CAD Fusion 360 pela primeira vez e conseguiu projetar uma montagem personalizada para seu carregador Neuralink, que foi então impresso em 3D e integrado à sua configuração.  

Em Novembro de 2024, a empresa anunciou  o início da expansão dos testes, com a aprovação da Health Canada para lançar o Estudo CAN-PRIME, o primeiro teste internacional. Semelhante ao Estudo PRIME, o Estudo CAN-PRIME visa avaliar a segurança do implante do robô cirúrgico e avaliar a funcionalidade inicial do BCI para permitir que pessoas com tetraplegia controlem dispositivos externos com seus pensamentos. 


O teste está atualmente aberto a residentes canadenses com capacidade limitada ou nenhuma de usar as duas mãos devido à esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou lesão da medula espinhal cervical.


Em janeiro de 2025, Elon Musk anunciou a terceira pessoa a receber um implante de sua empresa, um dos muitos grupos que trabalham para conectar o sistema nervoso a máquinas.


“Temos... três humanos com Neuralinks e todos estão funcionando bem”, ele disse durante uma entrevista abrangente em um evento em Las Vegas transmitido em sua plataforma de mídia social X.


Desde o primeiro implante cerebral há cerca de um ano, Musk disse que a empresa atualizou os dispositivos com mais eletrodos, maior largura de banda e maior duração da bateria. Musk também disse que a Neuralink espera implantar os dispositivos experimentais em mais 20 a 30 pessoas este ano de 2025.


Os pesquisadores desse projeto esperam que, com o tempo, o Link ajude muitas pessoas a criar em suas áreas de interesse e especialização, e estamos animados para trabalhar com mais pessoas para ajudá-las a se reconectar com suas paixões.


A Neuralink busca avançar seus experimentos, com o objetivo de tratar diversas condições neurológicas, alem de lesões na medula espinhal. No entanto, existem desafios técnicos, éticos e regulatórios para levar essa tecnologia à prática clínica. Além disso, a ideia de uma interface cérebro-computador levanta questões sobre privacidade, segurança dos dados e os limites da bioengenharia.


Alem da Neuralink, outras empresas também despontam na area de implantes cerebrais. Além de Musk, o empreendedor de pagamentos online Bryan Johnson está investindo US$ 100 milhões em uma empresa chamada Kernel, que também está desenvolvendo implantes cerebrais.


Fundadores da Synchron: Thomas Oxley e Nicholas Opie; Ano de fundação: 2012; Financiamento total: US$ 134 milhões


Em 2012, Thomas Oxley e Nicholas Opie fundaram a Synchron, uma empresa de neurotecnologia com sede nos EUA, focada no desenvolvimento de interfaces cérebro-computador (BCIs) endovasculares para restaurar a funcionalidade de indivíduos com paralisia severa. O principal dispositivo da empresa, o Stentrode, é um BCI minimamente invasivo que é implantado nos vasos sanguíneos próximos à superfície do córtex motor. Utilizando essa tecnologia inovadora, a Synchron permite que pacientes controlem dispositivos digitais de forma hands-free, ao captar e transmitir sem fio as intenções motoras diretamente do cérebro.


Fundadores da Cognixion: Andreas Forsland; Ano de fundação: 2014; Financiamento total: $17,3 milhões


Fundada com o apoio da Amazon em 2014, a Cognixion dedica-se ao desenvolvimento de soluções inovadoras que combinam realidade aumentada (RA) e interfaces cérebro-computador (BCIs) para melhorar a acessibilidade de pessoas com deficiências. Com sede na Califórnia, a empresa tem sido amplamente reconhecida por suas contribuições pioneiras, recebendo prêmios renomados como o Red Dot Best of the Best e o Edison Award Gold.


Fundadores da Inbrain: Carolina Aguilar e José Garrido; Ano de fundação: 2020; Financiamento total: $75M


Um destaque no vibrante ecossistema biomédico de Barcelona, a Inbrain Neuroelectronics foi fundada em 2020, emergindo do Instituto Catalão de Nanociência e Nanotecnologia (ICN2) e do ICREA. A empresa utiliza tecnologia avançada de grafeno para desenvolver interfaces neurais de última geração, focadas no tratamento de distúrbios neurológicos como epilepsia e doença de Parkinson. Seu impacto potencial já foi reconhecido pela FDA, que concedeu à Inbrain a designação de Breakthrough Device, destacando a promessa de suas inovações no tratamento de condições neurológicas.


Fundadores da Precision Neuroscience: Benjamin Rapoport e Michael Mager; Ano de fundação: 2021; Financiamento total: $ 147 milhões


Fundada em 2021 pelo neurocirurgião Benjamin Rapoport (Harvard Medical School) e pelo engenheiro Michael Mager (University of Cambridge), a Precision Neuroscience está desenvolvendo uma interface cérebro-computador (BCI) minimamente invasiva de última geração. Seu principal produto, a Layer 7 Cortical Interface, utiliza uma matriz de microeletrodos de película fina que se ajusta à superfície do cérebro, permitindo a captação de dados neurais com alta precisão, sem os danos ao tecido frequentemente associados aos eletrodos penetrantes tradicionais.


Apenas alguns tipos de implantes cerebrais eletrônicos chegaram ao mercado. O mais amplamente empregado e vendido pela gigante de dispositivos médicos Medtronic é um "estimulador cerebral profundo" capaz de parar os tremores de pessoas com doença de Parkinson. Mais de 140.000 pacientes receberam versões do estimulador da Medtronic, e a divisão de modulação cerebral da empresa tem cerca de US$ 500 milhões em vendas anuais.


Mais recentemente, uma empresa chamada NeuroPace começou a vender o primeiro implante cerebral de “circuito fechado” para pacientes com epilepsia. Isso é um salto à frente porque o dispositivo pode detectar uma convulsão chegando e então eletrocutar o cérebro para pará-la, criando um circuito de controle automático. É um neuralink, se preferir.


Mas outros empreendimentos não foram tão bem. A lista de empresas de interface cerebral fracassadas inclui BrainGate e Northstar, uma empresa que se liquidou em 2009 após gastar US$ 132 milhões em uma tentativa de ajudar pacientes de derrame a se recuperarem com um implante cerebral.



LEIA MAIS:


  1. Neuralink : https://neuralink.com


  2. MIT Technology Review. Meet the Guys Who Sold “Neuralink” to Elon Musk without Even Realizing It What’s in a name? Neuralink is a lot sweeter now that a billionaire is behind it. By Antonio Regaladoarchive. https://www.technologyreview.com/2017/04/04/152788/meet-the-guys-who-sold-neuralink-to-elon-musk-without-even-realizing-it/


  3. https://techfundingnews.com/elon-musks-neuralink-vs-the-rivals-is-the-future-of-ai-enhanced-human-brains-here/

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