Menos Pressão, Mais Memória: Controlar a Pressão Reduz Risco De Demência
- Lidi Garcia
- 3 de jun.
- 3 min de leitura

Pessoas com pressão alta têm mais risco de desenvolver demência, porque o excesso de pressão pode danificar os vasos sanguíneos do cérebro. Isso afeta a saúde dos neurônios e pode levar à perda de memória e outras dificuldades cognitivas. Controlar a pressão, especialmente na meia-idade, pode ajudar a proteger o cérebro e prevenir esse tipo de problema.
A pressão arterial elevada, especialmente quando não é tratada adequadamente, tem sido associada a um risco maior de desenvolver demência, incluindo a doença de Alzheimer e outras formas de comprometimento cognitivo.
Isso acontece porque a hipertensão (ou seja, a pressão do sangue nas artérias) pode danificar os vasos sanguíneos do cérebro ao longo do tempo, prejudicando o fornecimento de oxigênio e nutrientes essenciais às células cerebrais.
Esse processo pode levar à morte de neurônios, à formação de lesões microscópicas e à redução da conectividade entre diferentes regiões cerebrais, fatores que contribuem para o declínio da memória, da atenção e de outras funções mentais.

Nos últimos anos, estudos têm mostrado que controlar a pressão arterial, principalmente na meia-idade, pode ser uma estratégia eficaz para proteger o cérebro e reduzir o risco de demência no envelhecimento.
A demência é uma das doenças que mais causam morte e perda de autonomia em todo o mundo, especialmente entre pessoas idosas. Nesse estudo, pesquisadores da UT Southwestern Medical Center, USA, quiseram descobrir se controlar melhor a pressão arterial poderia ajudar a prevenir casos de demência.
Eles fizeram isso em uma população de quase 34 mil pessoas com mais de 40 anos que viviam em áreas rurais da China e que tinham pressão alta mal controlada.
Para testar a ideia, os pesquisadores dividiram 326 vilarejos em dois grupos: em metade deles (163 vilarejos), moradores participaram de um programa especial com acompanhamento de profissionais de saúde da comunidade (não médicos) que foram treinados para ajudar as pessoas a tomarem seus remédios corretamente e para ajustar o tratamento conforme necessário.

Considerando como pressão normal estabelecida em sistólica 120mmHg e diastólica 80mmHg (12/8), o objetivo era baixar a pressão máxima (sistólica) para menos de 130 mmHg e a mínima (diastólica) para menos de 80 mmHg, com supervisão de médicos locais. A outra metade dos vilarejos continuou com o atendimento normal, como já era feito antes.
Depois de acompanhar essas pessoas por quatro anos (48 meses), o estudo mostrou que o grupo com o tratamento intensivo teve uma queda significativa na pressão arterial: a pressão máxima caiu, em média, 22 mmHg, e a mínima caiu 9 mmHg em comparação com o grupo que manteve o tratamento habitual.
E o mais importante: menos pessoas desenvolveram demência nesse grupo com pressão melhor controlada, uma redução de 15% no risco de demência em comparação com o outro grupo.

Além disso, o grupo da intervenção intensiva também teve menos complicações graves relacionadas ao tratamento, mostrando que a abordagem foi não só eficaz, mas também segura.
Esses resultados indicam que baixar a pressão arterial de forma mais rigorosa pode ser uma maneira eficiente de prevenir a demência em pessoas com hipertensão, especialmente em regiões com acesso limitado a serviços médicos.
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Blood pressure reduction and all-cause dementia in people with uncontrolled hypertension: an open-label, blinded-endpoint, cluster-randomized trial
Jiang He, Chuansheng Zhao, Shanshan Zhong, Nanxiang Ouyang, Guozhe Sun, Lixia Qiao, Ruihai Yang, Chunxia Zhao, Huayan Liu, Weiyu Teng, Xu Liu, Chang Wang, Songyue Liu, Chung-Shiuan Chen, Jeff D. Williamson, and Yingxian Sun
Nature Medicine. 21 April 2025
Abstract:
Dementia is a leading cause of death and disability worldwide. Here we tested the effectiveness of blood pressure (BP) reduction on the risk of all-cause dementia among 33,995 individuals aged ≥40 years with uncontrolled hypertension in rural China. We randomly assigned 163 villages to a non-physician community healthcare provider-led intervention and 163 villages to usual care. In the intervention group, trained non-physician community healthcare providers initiated and titrated antihypertensive medications according to a simple stepped-care protocol to achieve a systolic BP goal of <130 mm Hg and a diastolic BP goal of <80 mm Hg, with supervision from primary care physicians. Over 48 months, the net reduction in systolic BP was 22.0 mm Hg (95% confidence interval (CI) 20.6 to 23.4; P < 0.0001) and that in diastolic BP was 9.3 mm Hg (95% CI 8.7 to 10.0; P < 0.0001) in the intervention group compared to usual care. The primary outcome of all-cause dementia was significantly lower in the intervention group than in the usual care group (risk ratio: 0.85; 95% CI 0.76 to 0.95; P = 0.0035). Additionally, serious adverse events occurred less frequently in the intervention group (risk ratio: 0.94; 95% CI 0.91 to 0.98; P = 0.0006). This cluster-randomized trial indicates that intensive BP reduction is effective in lowering the risk of all-cause dementia in patients with hypertension. ClinicalTrials.gov: NCT03527719.
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