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Leqembi: Medicamento Promissor Para Alzheimer Pode Não Beneficiar Igualmente Homens e Mulheres

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 31 de mar.
  • 4 min de leitura

Pesquisadores analisaram a eficácia do lecanemab, um medicamento para Alzheimer, e descobriram que ele reduziu o declínio cognitivo em 27%. No entanto, os resultados sugerem que o efeito pode ser menor em mulheres do que em homens. Simulações indicaram que essa diferença não ocorreu por acaso, mas ainda não se pode concluir que o medicamento seja ineficaz para mulheres. Mais estudos são necessários para entender melhor essa variação.


A doença de Alzheimer (DA) afeta homens e mulheres de forma diferente. Cerca de dois terços dos pacientes diagnosticados são mulheres, e o risco de desenvolver a doença ao longo da vida é aproximadamente o dobro para elas em comparação com os homens.


Pesquisadores acreditam que fatores genéticos, hormonais e outras diferenças biológicas podem influenciar tanto a progressão da doença quanto a eficácia dos tratamentos.


Diante disso, especialistas recomendam que novos estudos clí­nicos analisem os resultados separadamente para homens e mulheres. Embora isso ainda não tenha sido feito especificamente para a doença de Alzheimer, muitos ensaios clínicos já realizam análises de subgrupos, avaliando se um determinado medicamento funciona melhor em um grupo do que em outro. 


No entanto, essas análises não têm o objetivo de comprovar a eficácia em cada subgrupo isoladamente, e sim levantar hipóteses para pesquisas futuras.

Uma maneira comum de apresentar esses dados é por meio de gráficos chamados "gráficos de floresta", que mostram o impacto do medicamento em diferentes subgrupos. No entanto, interpretar esses gráficos corretamente exige conhecimento estatístico, pois eles podem levar a conclusões equivocadas caso os dados não sejam analisados com cuidado.


Isso pode ter ocorrido no estudo CLARITY AD, um ensaio clínico de fase 3 que avaliou a eficácia do lecanemab, um novo medicamento contra o Alzheimer.


O Lecanemab (vendido como Leqembi) é um medicamento desenvolvido para tratar o Alzheimer em estágios iniciais. Ele funciona atacando uma proteína chamada beta-amiloide, que se acumula no cérebro e forma placas associadas à progressão da doença.


O medicamento é um anticorpo monoclonal, ou seja, um tipo de proteína projetada para identificar e remover essas placas. Estudos mostram que o Lecanemab pode retardar o declínio cognitivo em cerca de 27%, ajudando os pacientes a manter a memória e o raciocínio por mais tempo. 


No entanto, ele não é uma cura e pode causar efeitos colaterais, como inchaço e sangramento no cérebro, sendo necessário acompanhamento médico rigoroso. 

O estudo CLARITY AD demonstrou que o lecanemab reduziu a progressão da doença em média 27% em relação ao placebo. No entanto, ao analisar separadamente os efeitos do medicamento em homens e mulheres, observou-se uma diferença significativa: nos homens, a redução no declínio cognitivo foi de 43%, enquanto nas mulheres foi de apenas 12%, uma diferença de 31%. 


Essa aparente variação levantou questionamentos sobre se o lecanemab realmente funciona para mulheres.


Contudo, é importante destacar que o CLARITY AD não foi projetado para avaliar a eficácia do medicamento separadamente por sexo. Ou seja, a amostra de participantes pode ter sido pequena demais para tirar conclusões definitivas sobre esse aspecto. 


Além disso, sabe-se que mulheres com Alzheimer tendem a ter uma progressão mais rápida da doença do que os homens, o que pode ter influenciado os resultados.


Outra possibilidade é que a diferença observada tenha ocorrido por acaso devido à forma como os participantes foram distribuídos entre os grupos.

Para esclarecer essa questão, pesquisadores da McGill University, Canada, realizaram simulações computacionais utilizando dados de um grande banco de informações sobre Alzheimer (Alzheimer's Disease Neuroimaging Initiative – ADNI).  

Eles compararam a taxa de declínio cognitivo natural entre homens e mulheres e analisaram se a diferença de 31% no estudo CLARITY AD poderia ter sido causada pelo acaso. 


Os resultados mostraram que uma diferença tão grande ocorreu aleatoriamente em apenas 12 de 10.000 simulações, sugerindo que essa variação provavelmente não foi fruto do acaso.


Isso significa que o lecanemab pode ser menos eficaz em mulheres do que em homens. No entanto, os dados não permitem concluir que o medicamento seja totalmente ineficaz para mulheres. Mais estudos são necessários para entender melhor essas diferenças e garantir que os tratamentos sejam eficazes para todos os pacientes.



LEIA MAIS:


The higher benefit of lecanemab in males compared to females in CLARITY AD is probably due to a real sex effect

Daniel Andrews, Simon Ducharme, Howard Chertkow, Maria Pia Sormani and D. Louis Collins for the Alzheimer’s Disease Neuroimaging Initiative, 

Alzheimer’s & Dementia. Volume21, Issue1, January 2025. e14467

DOI: 10.1002/alz.14467


Abstract: 


The phase 3 trial CLARITY AD found lecanemab slowed cognitive decline by 27%. However, subgroup analyses indicated a significant 31% sex difference in the effect and suggested no or limited effectiveness in females. We used simulations constrained by the trial design to determine whether that difference reflects a pre-existing sex difference in Alzheimer's disease progression or was a random event. Simulations were generated using linear mixed models of cognitive decline fit to data from Alzheimer's Disease Neuroimaging Initiative participants satisfying CLARITY AD inclusion criteria. The statistically non-significant 7.9% smaller cognitive decline rate in our cohort's males versus females does not explain CLARITY AD's 31% sex difference in lecanemab's effect. A ≥ 31% difference occurred randomly in only 12 of our 10,000 simulations (0.0012 probability). CLARITY AD's sex difference was probably not random. Lecanemab is likely less effective in females than males, but we cannot conclude the drug is ineffective in females.

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