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Foram identificados 14 genes associados à perda de peso, sendo 5 deles também presentes na depressão


Resumo:

Um estudo recente identificou 14 genes ligados à perda de peso aprimorada quando combinados com exercícios moderados, como correr por 30 minutos três vezes por semana. O gene PARGC1A influenciou sozinho 62% do peso perdido nos participantes. Os participantes com o maior número desses "genes magros" perderam até 5 kg em oito semanas, enquanto outros perderam cerca de 2 kg. O gene PARGC1A influenciou sozinho 62% do peso perdido nos participantes. Esta pesquisa apoia a necessidade de uma abordagem equilibrada, combinando genética com exercício e dieta para melhores resultados.


Por décadas, o aumento da obesidade e do peso não saudável tem sido um desafio crescente, causando impacto tanto na saúde pública quanto na economia. No Reino Unido, por exemplo, cerca de 64% dos adultos estão acima do peso ou obesos, condições que aumentam o risco de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e morte prematura.


Perder peso, mesmo que seja apenas 5% do peso corporal, pode trazer grandes benefícios à saúde, como melhorar os indicadores metabólicos e reduzir os riscos associados à obesidade. Por isso, as diretrizes médicas recomendam que pessoas acima do peso busquem ativamente reduzir seu peso. A atividade física (AF) desempenha um papel importante nessa redução, ajudando não só na perda de peso, mas também em mitigar os efeitos negativos da obesidade, como problemas cardiovasculares.


No entanto, muitas pessoas enfrentam dificuldades em se engajar em exercícios regulares, seja por falta de acesso a academias, falta de tempo ou outros fatores. Mesmo assim, há muitas atividades que podem ser feitas em casa ou em espaços públicos, como correr ao ar livre. Apesar dos benefícios bem documentados da AF, muitas pessoas ainda encontram dificuldades para perder peso de maneira duradoura. 

A perda de peso acontece quando o corpo gasta mais energia do que consome, seja comendo menos ou se exercitando mais. Além disso, a AF tem benefícios para a saúde que vão além da balança. Níveis mais altos de condicionamento físico estão ligados a uma menor mortalidade e a uma saúde metabólica melhor, independentemente do peso.


Estudos mostram que mesmo exercícios moderados podem resultar em uma perda de peso modesta (cerca de 2 a 3 kg) ao longo de algumas semanas ou meses. Além disso, exercícios ajudam a reduzir a gordura visceral (ao redor dos órgãos) e a preservar massa muscular durante a perda de peso.


No entanto, as respostas ao exercício variam bastante entre as pessoas. Enquanto algumas perdem muito peso, outras quase não veem mudanças, mesmo seguindo o mesmo regime de atividades físicas. Esse fator pode ser influenciado pela genética de cada indivíduo. Fatores genéticos afetam não só o apetite e o metabolismo, mas também a forma como o corpo responde à atividade física.


Um estudo recente, conduzido por pesquisadores da University of Essex, investigou como diferentes perfis genéticos podem afetar a perda de peso após um programa de exercícios de 8 semanas. No estudo, um grupo de 17 pessoas participaram de um programa de corrida, enquanto outro grupo de 21 participantes não fizeram exercícios, os participantes tinham idades entre 20 e 40 anos. As dietas dos participantes não foram alteradas, apenas o regime de exercícios foi manipulado para isolar os efeitos.


O grupo de exercícios completou um programa de corrida periodizado consistindo de 20 a 30 minutos, em uma rota acordada, três vezes por semana, enquanto os grupos de controle se abstiveram de exercícios diários. Os participantes foram examinados no final do estudo para 1.000 variantes genéticas usando um kit de teste de DNA.

No final, os participantes que correram perderam peso, mas a quantidade variou bastante. A análise genética revelou que certas variações genéticas, conhecidas como SNPs (polimorfismos de nucleotídeo único), estavam associadas a uma maior perda de peso. Indivíduos com essas variantes genéticas perderam até 5 kg, enquanto aqueles sem essas variantes perderam em média 2 kg. 


O gene PARGC1A, em particular que codifica PGC-1-a, foi identificado como crucial para a perda de peso. O PPARGC1A interage com uma ampla gama de fatores de transcrição que modulam o gasto de energia, a queima de gordura, o controle de peso e a obesidade. Os pesquisadores descobriram que 62% da variação na perda de peso estavam relacionados aos genes, enquanto os outros 38% estavam ligados à atividade física e ao estilo de vida.


Apesar dessa descoberta, o Dr. Henry Chung, que liderou o estudo, enfatizou que a genética sozinha não é suficiente: os genes precisam ser combinados com exercício e mudanças no estilo de vida para alcançar os melhores resultados.


Alem do PARGC1A, os pesquisadores identificaram outros 13 genes também associados ao emagrecimento. Curiosamente, os SNPs identificados neste estudo se dividem em dois grupos distintos: 


  1. Aqueles associados a genes (PPARGC1A; COL1A; CPT1B; BDNF; HCP5; SOD2; FGF5; SMAD3; TBX3) envolvidos no controle da dieta, adiposidade e/ou metabolismo energético


  2. Aqueles associados a genes (CHRNA5; VRK2; LIN28B; TDRD9; POU3F2) envolvidos na inteligência e/ou condições psicológicas, particularmente doenças depressivas

A tabela mostra a lista alfabética de Genes associados a reduções no IMC.


Em resumo esses foram todos os genes:


PPARGC1A (PGC-1α): Este gene regula o metabolismo energético, controlando processos como a biogênese mitocondrial (produção de mitocôndrias), metabolismo de carboidratos e lipídios, além do desenvolvimento de fibras musculares. Ele está associado a condições como obesidade e diabetes.


SMAD3: Este gene atua na regulação de glicose e lipídios, sendo um fator importante na biogênese mitocondrial em células de gordura. Ele também reprime a expressão de PPARGC1A, influenciando como o corpo responde ao exercício.


HCP5: Trata-se de um RNA não codificante (LncRNA) que promove a formação de células de gordura e aumenta a oxidação de ácidos graxos.


CPT1B: Esse gene é crucial para o transporte de ácidos graxos para a mitocôndria, onde são usados como energia, o que pode influenciar o sucesso de programas de exercícios focados na queima de gordura.


BDNF: Está associado ao controle do apetite e ao peso corporal. Variações neste gene foram ligadas à obesidade, sugerindo que a menor atividade do BDNF pode levar ao ganho de peso, independentemente dos níveis de exercício.


SOD2: Este gene protege as células do estresse oxidativo. Pessoas com certas variantes do SOD2 tendem a ter uma redução significativa no índice de massa corporal (IMC) em resposta a programas de exercícios, sugerindo que a atividade antioxidante pode influenciar o controle de peso.


FGF5: Associado à adiposidade (acúmulo de gordura) e à pressão alta, o FGF5 também está ligado ao risco de obesidade. Variações nesse gene podem influenciar como o corpo armazena gordura e responde a fatores de risco metabólicos.


TBX3: Este gene está envolvido na detecção e controle do estado energético no cérebro. Deficiências em TBX3 foram associadas à obesidade, e ele é considerado um fator importante no desenvolvimento de neurônios que regulam o apetite e o controle de peso.

COL1A1: Embora principalmente envolvido na formação de colágeno, este gene também foi associado ao aumento da massa corporal em estudos que investigaram lesões musculares, sugerindo uma possível conexão com a composição corporal e o metabolismo energético.


CHRNA5: Este gene está relacionado ao comportamento de fumar, afetando o controle do peso corporal. A nicotina, ao influenciar o apetite, pode reduzir o índice de massa corporal (IMC) em fumantes. Variações têm sido associadas a IMC reduzido em fumantes, e maior facilidade para parar de fumar, especialmente em indivíduos sem depressão.


VRK2: Variações neste gene foram fortemente associadas a transtornos psiquiátricos, como a depressão maior. O SNP mostrou uma correlação significativa com depressão e também com obesidade, sugerindo uma ligação genética entre o risco de depressão e a regulação do peso corporal.


LIN28B: Este gene está envolvido no desenvolvimento e crescimento, e também associado à depressão maior.


TDRD9: Este gene tem uma forte sobreposição genética com a depressão e a mudança na massa corporal. A regulação do gene TDRD9 está relacionada à obesidade e ao diabetes tipo 2.


POU3F2: Variações neste gene estão associadas a inteligência e nível educacional. Isso correlaciona a uma menor probabilidade de obesidade em indivíduos com alta inteligência. Isso sugere que fatores genéticos que influenciam a cognição também podem afetar escolhas de estilo de vida, como dieta e exercícios.


Este estudo destaca a importância de abordagens personalizadas para a perda de peso, levando em conta tanto os fatores genéticos quanto o estilo de vida. Isso pode abrir caminho para tratamentos mais eficazes e individualizados no futuro.




LEIA MAIS:


Genotypic Variations Associated with Changes in Body Mass in Response to Endurance Training

Henry C. Chung,Don R. Keiller,Sally P. Waterworth,Chris J. McManus,Justin D. Roberts & Dan A. Gordon


Abstract:


This study investigates the extent to which different genotypes can explain changes in body mass following an 8-week running program, in a UK population. Participants were randomly assigned to either a training (n = 17) or control group (n = 21). Participants’ diets were not altered, only the exercise regime was manipulated to isolate effects. The exercise group completed a periodized running program consisting of 20–30 min, over an agreed route, three times per-week, whilst the control groups refrained from daily exercise. Participants were screened at the end of the study for 1,000 gene variants using a DNA test kit. Results demonstrated a significant reduction in body mass, within the exercise, compared to the control group (p = .002). This reduction in body mass varied significantly (p = .024) between individuals within the exercise group. Moreover, genetic analysis identified 17 single nucleotide polymorphisms (SNPs) associated with this variation (r2 = .74; p < .001). These findings indicate that individuals with specific alleles are better predisposed to weight-management, compared to their counterparts, following an exercise program. This study helps to bridge the gap between population health and exercise science and can inform research in the application of genetics to help develop individually tailored health interventions.

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