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Coração e Mente: Como Genes de Depressão Afetam a Saúde Cardíaca das Mulheres


Resumo:

O estudo investigou como a predisposição genética para transtornos psiquiátricos, especialmente a depressão maior (DM), está relacionada ao risco de doenças cardiovasculares (DCVs) em homens e mulheres. Os resultados mostraram que mulheres com maior predisposição genética para DM apresentam um risco significativamente maior de desenvolver fibrilação atrial, doença arterial coronária e insuficiência cardíaca, mesmo sem diagnóstico clínico de depressão. Esse aumento de risco não foi observado nos homens.


Estudos têm mostrado que pessoas com transtornos psiquiátricos enfrentam um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares (DCVs), como fibrilação atrial (FA), doença arterial coronária (DAC) e insuficiência cardíaca (IC). 


No entanto, as diferenças de risco entre homens e mulheres têm gerado resultados inconsistentes, levantando questões sobre os fatores que podem influenciar essa relação.


Este estudo, realizado na The University of Queensland, Australia, investigou como a predisposição genética para três transtornos psiquiátricos, depressão maior (DM), esquizofrenia e transtorno bipolar, se associa ao risco de doenças cardiovasculares, considerando possíveis diferenças de gênero.

Os pesquisadores analisaram dados de 345.169 pessoas de ascendência europeia do UK Biobank, complementados por uma coorte independente de 49.057 indivíduos da base BioVU. 


Para estimar o risco genético de cada transtorno psiquiátrico, foram usados escores poligênicos (PGSs), que refletem a predisposição genética com base em variantes genéticas conhecidas.  


Os pesquisadores examinaram como esses riscos se associavam ao desenvolvimento de DCVs em homens e mulheres. Além disso, buscaram determinar se fatores tradicionais de risco cardiovascular, como hipertensão, obesidade e tabagismo, poderiam explicar as diferenças observadas.

Os resultados mostraram que mulheres com maior predisposição genética para depressão maior tinham riscos significativamente aumentados para todas as três DCVs analisadas: fibrilação atrial, doença arterial coronária e insuficiência cardíaca.


Por exemplo, um aumento nos valores do gene para depressão maior foi associado a um aumento de 4% no risco de fibrilação atrial, 7% no risco de doença arterial coronária e 9% no risco de insuficiência cardíaca nas mulheres. Curiosamente, essa associação não foi observada nos homens.


Essas associações específicas para mulheres permaneceram evidentes mesmo quando excluídas pessoas com diagnóstico de depressão ou que usavam medicamentos psiquiátricos, sugerindo que o risco maior era impulsionado pela predisposição genética e não por fatores externos, como a manifestação do transtorno.  

Além disso, embora fatores como obesidade, hipertensão, colesterol alto e tabagismo tenham sido identificados como mediadores parciais, eles não explicaram completamente por que as mulheres com predisposição genética para DM estavam em maior risco comparadas aos homens.


A análise também revelou diferenças associadas à menopausa. Enquanto o risco de DAC foi consistente em mulheres antes e depois da menopausa, o risco de fibrilação atrial e insuficiência cardíaca foi observado apenas em mulheres na pós-menopausa.


Por outro lado, os escores genéticos para esquizofrenia e transtorno bipolar não apresentaram associações significativas com o risco de DCVs, indicando que a relação observada era específica para a predisposição genética à depressão maior.


Os achados sugerem que a predisposição genética para depressão maior é um fator de risco mais forte para doenças cardiovasculares em mulheres do que em homens, independentemente de elas terem desenvolvido depressão clínica ou não. 


Isso reforça a necessidade de incluir a avaliação genética e as diferenças de gênero no planejamento de estratégias de prevenção e tratamento de DCVs.


Além disso, investigar se essa predisposição genética pode melhorar a previsão de risco cardiovascular em mulheres é um próximo passo importante para a medicina personalizada e preventiva.



LEIA MAIS:


Sex-Specific Association Between Genetic Risk of Psychiatric Disorders and Cardiovascular Diseases

Jiayue-Clara Jiang, Kritika Singh, Rachana Nitin, Lea K. Davis, Naomi R. Wray, and Sonia Shah

Circulation: Genomic and Precision Medicine. Originally Published 29 November 2024


Abstract:


Though epidemiological studies show increased cardiovascular disease (CVD) risks among individuals with psychiatric disorders, findings on sex differences in comorbidity have been inconsistent. This genetic epidemiology study examined the sex-specific association between the genetic risk of 3 psychiatric disorders (major depression [MD], schizophrenia, and bipolar disorder), estimated using polygenic scores (PGSs), and risks of 3 CVDs (atrial fibrillation [AF], coronary artery disease [CAD], and heart failure [HF]) in 345 169 European-ancestry individuals (UK Biobank), with analyses replicated in an independent BioVU cohort (n=49 057). Mediation analysis was conducted to determine whether traditional CVD risk factors could explain any observed sex difference. In the UK Biobank, a 1-SD increase in PGSMD was significantly associated with the incident risks of all 3 CVDs in females after multiple testing corrections (hazard ratio [HR]AF-female=1.04 [95% CI, 1.02–1.06]; P=1.5×10−4; HRCAD-female=1.07 [95% CI, 1.04–1.11]; P=2.6×10−6; and HRHF-female=1.09 [95% CI, 1.06–1.13]; P=9.7×10−10), but not in males. These female-specific associations remained even in the absence of any psychiatric disorder diagnosis or psychiatric medication use. Although mediation analysis demonstrated that the association between PGSMD and CVDs in females was partly mediated by baseline body mass index, hypercholesterolemia, hypertension, and smoking, these risk factors did not explain the higher risk compared with males. The association between PGSMD and CAD was consistent between females who were premenopausal and postmenopausal at baseline, while the association with AF and HF was only observed in the baseline postmenopausal cohort. No significant association with CVD risks was observed for the PGS of schizophrenia or bipolar disorder. The female-specific positive association of PGSMD with CAD risk was replicated in BioVU. Genetic predisposition to MD confers a greater risk of CVDs in females versus males, even in the absence of any depression diagnosis. This study warrants further investigation into whether genetic predisposition to depression could be useful for improving cardiovascular risk prediction, especially in women.

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