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Concussões na NFL: Como Sintomas Persistem e Afetam o Cérebro Anos Após a Aposentadoria


Este estudo investigou a relação entre a exposição a concussões no futebol americano e o desempenho cognitivo a longo prazo em ex-jogadores. Os resultados mostraram que sintomas de concussão relatados pelos jogadores estavam associados a um pior desempenho cognitivo, enquanto outras variáveis, como concussões diagnosticadas ou anos jogados, não apresentaram essa relação.


Concussões são um tipo de lesão cerebral traumática leve causada por um impacto ou movimento brusco da cabeça, que faz o cérebro se mover rapidamente dentro do crânio. Isso pode resultar em danos temporários nas funções cerebrais.


Os sintomas imediatos podem incluir dor de cabeça, tontura, confusão, perda de memória e náusea. A longo prazo múltiplas concussões podem levar a problemas cognitivos persistentes, alterações de humor e doenças neurodegenerativas, como a encefalopatia traumática crônica (CTE).


Sem tratamento adequado, uma concussão pode aumentar o risco de lesões cerebrais mais graves, especialmente se novas concussões ocorrerem antes da recuperação completa.


Concussões são perigosas porque, mesmo que os sintomas possam ser sutis ou temporários, os danos cumulativos podem ter efeitos duradouros e impactar a qualidade de vida.


Este estudo publicado na Archives of Clinical Neuropsychology por pesquisadores do Institute for Technology in Psychiatry, USA teve como objetivo investigar a relação entre a exposição a esportes de contato, especificamente o futebol americano, e o desempenho cognitivo em ex-jogadores de futebol profissional. 

Os pesquisadores estavam particularmente interessados em entender como a exposição a concussões e o tempo jogando afetavam as funções cognitivas dos atletas em sua vida pós-carreira, com o foco no impacto a longo prazo dessas experiências.


O estudo incluiu 353 ex-jogadores profissionais de futebol americano, com idade média de 54,3 anos, que completaram dois tipos de avaliações:


  • Uma bateria de testes cognitivos realizados online, que mediu o desempenho cognitivo objetivo.


  • Uma pesquisa que coletou informações sobre a saúde atual dos participantes, incluindo dados sobre a quantidade e a natureza das concussões que sofreram durante a carreira. 


Os participantes também forneceram informações sobre o número de anos jogando futebol, a idade em que começaram a jogar e os sintomas de concussões que lembravam ter experimentado enquanto jogavam.


Além dos ex-jogadores, o estudo também comparou os dados de desempenho cognitivo com uma amostra de controle composta por 5.086 homens que não haviam jogado futebol profissional. 


O estudo foi realizado em média 29 anos após o último jogo de futebol dos ex-jogadores, permitindo que os pesquisadores analisassem o impacto de longo prazo da exposição a esse esporte de contato.

Os resultados mostraram que o desempenho cognitivo dos ex-jogadores estava significativamente associado aos sintomas de concussão que eles lembravam de ter experimentado durante a carreira. 


Esses sintomas foram correlacionados negativamente com o desempenho cognitivo, o que significa que quanto mais sintomas de concussão os jogadores relataram, piores eram os resultados nos testes cognitivos. 


A correlação foi de -0,19, o que indica uma associação moderada entre esses fatores. No entanto, não foi observada uma correlação significativa entre o desempenho cognitivo e outras variáveis, como o número de concussões diagnosticadas, os anos jogando ou a idade da primeira exposição ao futebol. 


Isso sugere que os sintomas subjetivos de concussões, lembrados pelos jogadores, tiveram um impacto maior no desempenho cognitivo do que outros aspectos relacionados à exposição ao futebol.


Uma possível explicação para os resultados observados é que os jogadores com piores desempenhos cognitivos podem ter tido um funcionamento cognitivo inferior já antes de sofrerem concussões, o que não pôde ser verificado devido à falta de dados sobre seu desempenho cognitivo prévio. 


Contudo, o estudo destaca que, entre as várias medidas de exposição ao futebol, os sintomas de concussão relatados pelos ex-jogadores foram mais sensíveis em relação ao impacto cognitivo do que as concussões diagnosticadas ou o tempo de exposição ao futebol.


O estudo sugere que, para futuras investigações sobre os efeitos a longo prazo da exposição a esportes de contato, é importante incluir medidas sobre os sintomas de concussão relacionados ao esporte, pois esses sintomas podem fornecer informações mais precisas sobre os impactos no desempenho cognitivo. 


Além disso, os pesquisadores enfatizam a necessidade de continuar explorando como as lesões cerebrais traumáticas e outros fatores contribuem para o declínio cognitivo ao longo do tempo em ex-atletas de esportes de contato.



LEIA MAIS:


Association of Retrospectively Reported Concussion Symptoms with Objective Cognitive Performance in Former American-Style Football Players 

Roger W Strong, Rachel Grashow, Andrea L Roberts, Eliza Passell, Luke Scheuer, Douglas P Terry, Sarah Cohan, Alvaro Pascual-Leone, Marc G Weisskopf, Ross D Zafonte and Laura T Germine

Archives of Clinical Neuropsychology, Volume 38, Issue 6, Pages 875–890.


Abstract:


Sustaining concussions has been linked to health issues later in life, yet evidence for associations between contact sports exposure and long-term cognitive performance is mixed. This cross-sectional study of former professional American-style football players tested the association of several measures of football exposure with later life cognitive performance, while also comparing the cognitive performance of former players to nonplayers. In total, 353 former professional football players (Mage = 54.3) completed both (1) an online cognitive test battery measuring objective cognitive performance and (2) a survey querying demographic information, current health conditions, and measures of past football exposure, including recollected concussion symptoms playing professional football, diagnosed concussions, years of professional play, and age of first football exposure. Testing occurred an average of 29 years after former players’ final season of professional play. In addition, a comparison sample of 5,086 male participants (nonplayers) completed one or more cognitive tests. Former players’ cognitive performance was associated with retrospectively reported football concussion symptoms (rp = −0.19, 95% CI −0.09 to −0.29; p < 0.001), but not with diagnosed concussions, years of professional play, or age of first football exposure. This association could be due to differences in pre-concussion cognitive functioning, however, which could not be estimated based on available data. Future investigations of the long-term outcomes of contact sports exposure should include measures of sports-related concussion symptoms, which were more sensitive to objective cognitive performance than other football exposure measures, including self-reported diagnosed concussions.

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