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Cítricos e Saúde Mental: O Segredo para Reduzir o Risco de Depressão em 20%


Uma área promissora de pesquisa sobre a depressão envolve a dieta. Estudos mostram que dietas com estilo mediterrâneo, que enfatizam a ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, estão associadas a um risco menor de desenvolver depressão. Esse estudo mostra que o consumo de frutas cítricas está associado a um menor risco de depressão e a mudanças em 15 espécies diferentes de microrganismos intestinais.


A depressão é uma condição mental comum e debilitante que afeta mais de 280 milhões de pessoas em todo o mundo. Essa doença é caracterizada por sentimentos persistentes de tristeza, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e uma série de outros sintomas que podem prejudicar o funcionamento diário das pessoas. 


Apesar de sua prevalência, as causas exatas da depressão ainda não são totalmente compreendidas, e muitos tratamentos disponíveis, como os medicamentos antidepressivos, nem sempre são eficazes. 


De fato, cerca de 70% dos pacientes que tentam tratamento com esses medicamentos não apresentam melhora significativa e, em alguns casos, enfrentam efeitos colaterais difíceis de lidar. Isso destaca a necessidade urgente de encontrar novas maneiras de abordar e tratar a depressão.

Uma área promissora de pesquisa sobre a depressão envolve a dieta. Estudos mostram que dietas com estilo mediterrâneo, que enfatizam a ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, estão associadas a um risco menor de desenvolver depressão, com uma redução de até 35% nesse risco. 


Além disso, a dieta mediterrânea parece ter um efeito positivo nos sintomas de humor. Embora não esteja completamente claro quais alimentos específicos são responsáveis por esses benefícios, a ingestão de frutas cítricas, como laranjas e toranjas, foi recentemente associada a uma diminuição no risco de depressão.


No entanto, ainda precisamos entender como exatamente a dieta e a depressão estão interligadas.


Um fator importante a ser considerado nessa relação é o microbioma intestinal, que é a comunidade de microrganismos que vivem em nosso sistema digestivo. Pesquisas sugerem que a saúde intestinal pode influenciar nossa saúde mental, por meio de um sistema de comunicação chamado "eixo intestino-cérebro". 

Esse eixo envolve a interação entre o sistema nervoso do intestino e o cérebro, onde compostos químicos produzidos no intestino podem afetar a função cerebral. Por exemplo, o microbioma pode produzir substâncias que ajudam na produção de neurotransmissores, como a serotonina, que é importante para regular o humor. 


Apesar de existirem muitas evidências sobre essa conexão, ainda não há muitos estudos que investiguem como o microbioma intestinal pode afetar a relação entre dieta e depressão.


Para abordar essas lacunas no conhecimento, pesquisadores da Harvard Medical School, USA, uma pesquisa com mais de 32.427 participantes para examinar como o consumo de frutas cítricas pode interagir com o microbioma intestinal e influenciar o risco de depressão. 


Essa investigação analisou a ingestão de frutas cítricas ao longo do tempo, bem como a composição das comunidades microbianas intestinais dos participantes.


Este estudo é um dos primeiros a explorar em profundidade como o microbioma pode afetar a relação entre dieta e depressão, integrando uma vasta quantidade de dados sobre alimentação, saúde mental e genética. 

Para coletar dados sobre a dieta, utilizaram questionários de frequência alimentar, onde os participantes informavam com que frequência consumiam diferentes tipos de alimentos, incluindo frutas cítricas. Os dados foram coletados a cada quatro anos, permitindo uma análise cuidadosa das mudanças na dieta e na saúde mental ao longo do tempo. 


Durante o acompanhamento, também foram registrados outros fatores alimentares, como consumo de energia, álcool e outros tipos de frutas e vegetais, para obter uma imagem completa dos hábitos alimentares dos participantes.


Durante a pesquisa, observaram que o consumo de frutas cítricas está associado a um menor risco de depressão e a mudanças em 15 espécies diferentes de microrganismos intestinais. Um desses microrganismos, conhecido como Faecalibacterium prausnitzii, mostrou estar mais presente em pessoas que consumiam mais frutas cítricas. 

Faecalibacterium prausnitzii


Por outro lado, aqueles que apresentavam sintomas de depressão tinham níveis mais baixos desse microrganismo. Essa bactéria está envolvida em processos metabólicos que podem influenciar a produção de substâncias químicas importantes para a saúde mental.


Nessa análise, identificaram que as mulheres que consumiam mais frutas cítricas apresentavam um menor índice de massa corporal (IMC), praticavam mais atividades físicas e consumiam mais calorias em comparação com aquelas que comiam menos cítricos. 


Além disso, no decorrer da pesquisa, identificaram mais de 2.173 casos de depressão entre os participantes que, inicialmente, não apresentavam sintomas dessa condição.

Aqueles que estavam no grupo com maior consumo de frutas cítricas apresentaram um risco 22% menor de desenvolver depressão ao longo do tempo, mesmo após ajustar outros fatores que poderiam influenciar essa relação.


Esses resultados enfatizam a importância da dieta na prevenção da depressão e oferecem insights sobre como o microbioma intestinal pode modular os efeitos benéficos dos alimentos cítricos na saúde mental.


A pesquisa indica que adotar uma dieta rica em frutas cítricas pode ser uma estratégia útil para reduzir o risco de depressão e melhorar a saúde mental de forma geral.



LEIA MAIS:


F. prausnitzii potentially modulates the association between citrus intake and depression

Chatpol Samuthpongtorn, Allison A. Chan, Wenjie Ma, Fenglei Wang, Long H. Nguyen, Dong D. Wang, Olivia I. Okereke, Curtis Huttenhower, Andrew T. Chan and Raaj S. Mehta

Microbiome, 14 November 2024DOI: 10.1186/s40168-024-01961-3


Abstract:


The gut microbiome modulates the effects of diet on host health, but it remains unclear which specific foods and microbial features interact to influence risk of depression. To understand this interplay, we leveraged decades of dietary and depression data from a longitudinal cohort of women (n = 32,427), along with fecal metagenomics and plasma metabolomics from a substudy (n = 207) nested in this cohort, as well as an independent validation cohort of men (n = 307). We report that citrus intake and its components are prospectively associated with a lower risk of depression and altered abundance of 15 gut microbial species, including enriched Faecalibacterium prausnitzii. In turn, we found a lower abundance of F. prausnitzii and its metabolic pathway, S-adenosyl-L-methionine (SAM) cycle I in participants with depression. To explore causality, we found that lower SAM production by F. prausnitzii may decrease intestinal monoamine oxidase A gene expression implicated in serotonin and dopamine synthesis. These data underscore the role of diet in the prevention of depression and offer a plausible explanation for how the intestinal microbiome modulates the influence of citrus on mental health.

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