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Antidepressivos e o Coração: O Risco Invisível da Morte Súbita

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • 3 de abr.
  • 3 min de leitura

1 em cada 8 americanos usam medicamentos antidepressivos, descobriu-se que o uso por mais de seis anos tem um risco significativamente maior, com variações conforme a idade. O uso prolongado de antidepressivos pode aumentar o risco de morte cardíaca súbita, especialmente em pessoas com menos de 60 anos. As razões podem envolver efeitos diretos dos remédios no coração, a própria depressão ou fatores de estilo de vida. Mais pesquisas são necessárias para entender melhor essa relação.


O uso prolongado de antidepressivos pode estar associado a um risco maior de morte cardíaca súbita, especialmente entre pessoas com menos de 60 anos.


A morte cardíaca súbita acontece de forma inesperada devido a um problema no coração, geralmente dentro de uma hora após o início dos sintomas ou, em casos não testemunhados, dentro de 24 horas após a última vez que a pessoa foi vista viva. 


Em pessoas mais jovens, esse tipo de morte geralmente está ligado a problemas estruturais no coração, como o espessamento anormal do músculo cardíaco ou distúrbios elétricos que afetam os batimentos cardíacos. Já em adultos mais velhos, a causa mais comum é a doença arterial coronária, que dificulta a circulação do sangue pelo coração devido ao estreitamento dos vasos sanguíneos.


Estudos já mostraram que pessoas com transtornos psiquiátricos têm um risco maior de morte precoce, inclusive um risco dobrado de morte cardíaca súbita em todas as idades. No entanto, ainda não estava claro se os antidepressivos influenciavam diretamente esse risco.  

Uma nova pesquisa, apresentada no European Society of Cardiology, analisou dados de mortes ocorridas na Dinamarca em 2010 e descobriu que pessoas que usavam antidepressivos tinham uma probabilidade significativamente maior de sofrer morte cardíaca súbita em comparação com quem nunca havia tomado esses medicamentos. 


Esse risco variava de acordo com o tempo de uso: quem usou antidepressivos por 1 a 5 anos tinha um risco 56% maior, enquanto aqueles que tomaram por 6 anos ou mais apresentaram um risco 2,2 vezes maior.


Os pesquisadores analisaram grupos de diferentes faixas etárias e encontraram padrões preocupantes. Entre pessoas de 30 a 39 anos, o risco de morte cardíaca súbita foi três vezes maior em quem usava antidepressivos há até cinco anos e cinco vezes maior em quem os utilizava há seis anos ou mais.  

Em pessoas de 50 a 59 anos, esse risco dobrava com o uso de até cinco anos e quadruplicava com seis anos ou mais. Nos grupos mais velhos, o aumento do risco ainda era significativo, mas menos acentuado. Em pessoas de 70 a 79 anos, por exemplo, o uso prolongado de antidepressivos elevava o risco em cerca de 2,2 vezes.


Os cientistas ainda não sabem exatamente por que o uso prolongado de antidepressivos pode estar relacionado à morte cardíaca súbita. Uma possibilidade é que alguns desses medicamentos tenham efeitos adversos sobre o coração, influenciando os ritmos cardíacos ou afetando a pressão arterial. 


Outra explicação é que a depressão em si pode ser um fator de risco para doenças cardiovasculares, já que pessoas deprimidas tendem a ter hábitos menos saudáveis, como falta de exercícios, má alimentação e demora para procurar assistência médica. 


Também é possível que o tempo de uso dos antidepressivos sirva como um indicador indireto da gravidade da condição psiquiátrica do paciente e de outras doenças subjacentes.


Atualmente, os antidepressivos são amplamente utilizados, com milhões de pessoas ao redor do mundo dependendo deles para controlar transtornos como depressão e ansiedade. Entre as classes de antidepressivos mais comuns estão os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), que incluem medicamentos como fluoxetina (Prozac), sertralina (Zoloft) e escitalopram (Lexapro).

Embora considerados mais seguros do que as gerações mais antigas de antidepressivos, esses remédios ainda podem causar efeitos colaterais e interagir com outros medicamentos.


Os resultados desse estudo reforçam a importância de monitorar os efeitos a longo prazo do uso de antidepressivos e discutir com profissionais de saúde os benefícios e riscos de seu uso prolongado. Quem faz uso desses medicamentos não deve interrompê-los sem orientação médica, mas pode conversar com o médico sobre a possibilidade de ajustes na dose, mudança de tratamento ou estratégias complementares para a saúde mental. 


Mais pesquisas ainda são necessárias para entender melhor essa relação entre antidepressivos e a saúde do coração, mas o estudo já traz informações valiosas para médicos e pacientes tomarem decisões mais informadas sobre o uso desses medicamentos.


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Use of antidepressant medication linked to substantial increase in risk of sudden cardiac death 

ESC Press Office   

EUROPEAN SOCIETY OF CARDIOLOGY

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