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Ansiedade sob controle? Cientistas Descobrem um "Botão liga/Desliga" no Cerebelo


O estudo mostra que a serotonina no cerebelo atua como um “freio” para a ansiedade, ajudando a controlar estados emocionais. Os resultados podem ter implicações clínicas, sugerindo que terapias baseadas na serotonina, como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), usados para tratar a ansiedade em humanos, podem atuar não apenas em regiões cerebrais tradicionalmente associadas à ansiedade, mas também no cerebelo.


A ansiedade é uma resposta natural do organismo a situações de perigo ou estresse, mas quando excessiva ou persistente, pode se tornar um transtorno debilitante. A serotonina (5-HT) é um neurotransmissor fundamental na regulação do humor e das emoções, desempenhando um papel chave na modulação da ansiedade. 


Níveis reduzidos de serotonina em certas áreas do cérebro estão frequentemente associados a maior vulnerabilidade à ansiedade, o que levou ao desenvolvimento de tratamentos como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), usados para reduzir sintomas ansiosos ao aumentar a disponibilidade desse neurotransmissor no sistema nervoso. 

Entender como os circuitos cerebrais regulam a ansiedade é essencial para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e direcionados.


Pesquisas anteriores já haviam identificado que tanto a serotonina (5-HT) quanto o cerebelo desempenham papéis na regulação da ansiedade, mas a conexão entre os dois ainda era pouco compreendida. 


Para investigar essa relação, Pei Chin, da Universidade da Pensilvânia, e George Augustine, do Temasek Life Sciences Laboratory, realizaram um estudo para analisar como a serotonina no cerebelo influencia o comportamento ansioso em camundongos.


Os pesquisadores implantaram um sensor fluorescente no lóbulo VII do cerebelo para medir, em tempo real, os níveis de serotonina enquanto os camundongos exploravam um ambiente que provoca ansiedade, o labirinto zero elevado. 

Os cientistas medem a ansiedade dos roedores observando quanto tempo eles passam nas seções fechadas ou expostas do labirinto zero. Como camundongos e ratos evitam instintivamente áreas abertas para se protegerem de predadores, passar mais tempo nas partes expostas indica menor ansiedade. Diferente de outros testes, como o labirinto em cruz elevado, esse método elimina a influência da indecisão, pois os roedores escolhem apenas entre áreas claras e escuras. Fonte: By AndrewS


Os resultados trouxeram uma descoberta inesperada: ao contrário do que se pensava, os camundongos mais ansiosos apresentavam níveis reduzidos de serotonina no cerebelo, enquanto aqueles que demonstravam menor ansiedade tinham níveis mais altos. 


Esse achado contrasta com estudos anteriores, que sugeriam que níveis elevados de serotonina estariam associados ao aumento da ansiedade.


Para testar se a serotonina cerebelar realmente influencia o comportamento ansioso, os pesquisadores usaram técnicas de optogenética para estimular ou inibir artificialmente a liberação de serotonina no lóbulo VII do cerebelo. 


Quando aumentavam a liberação de serotonina nessa região, os camundongos apresentavam menos comportamentos ansiosos. Por outro lado, ao reduzir a serotonina, os camundongos demonstravam maior ansiedade. Isso sugere que a serotonina no cerebelo atua como um “freio” para a ansiedade, ajudando a controlar estados emocionais.


Essas descobertas fornecem uma nova perspectiva sobre o papel do cerebelo na regulação emocional e podem abrir caminho para o desenvolvimento de tratamentos mais precisos para transtornos de ansiedade.  

A possibilidade de modular diretamente a serotonina nessa região do cérebro pode levar a terapias inovadoras que vão além dos tratamentos convencionais, como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), ampliando as opções para o controle da ansiedade.


Esses achados fornecem novas evidências de que o lóbulo VII do cerebelo tem um papel fundamental na regulação da ansiedade e que a serotonina é um elemento-chave nesse processo. 


Além disso, os resultados podem ter implicações clínicas, sugerindo que terapias baseadas na serotonina, como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), usados para tratar a ansiedade em humanos, podem atuar não apenas em regiões cerebrais tradicionalmente associadas à ansiedade, mas também no cerebelo.



LEIA MAIS:


Serotonergic input into the cerebellar cortex modulates anxiety-like behavior

Pei Wern Chin and George J. Augustine

Journal of Neuroscience. 10 February 2025, e1825242024 


Abstract:


Because of the important roles of both serotonin (5-HT) and the cerebellum in regulating anxiety, we asked whether 5-HT signaling within the cerebellum is involved in anxiety behavior. Physiological 5-HT levels were measured in vivo by expressing a fluorescent sensor for 5-HT in lobule VII of the cerebellum, while using fiber photometry to measure sensor fluorescence during anxiety behavior on the elevated zero maze. Serotonin increased in lobule VII when male mice were less anxious and decreased when mice were more anxious. To establish a causal role for this serotonergic input in anxiety behavior, we photostimulated or photoinhibited serotonergic terminals in lobule VII while mice were in an elevated zero maze. Photostimulating these terminals reduced anxiety behavior in mice, while photoinhibiting them enhanced anxiety behavior. Our findings add to evidence that cerebellar lobule VII is a topographical locus for anxiety behavior and establish that 5-HT input into this lobule is necessary and sufficient to bidirectionally influence anxiety behavior. These results represent progress toward understanding how the cerebellum regulates anxiety behavior and provide new evidence for a functional connection between the cerebellum and the serotonin system within the anxiety circuit.

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