Resumo:
O p-tau217 emergiu como um biomarcador sanguíneo revolucionário para a doença de Alzheimer. Ele oferece uma maneira acessível e precisa de detectar alterações patológicas da DA em todos os estágios da doença. Com mais estudos e melhorias na disponibilidade de ensaios, o p-tau217 tem o potencial de transformar o diagnóstico e o tratamento da DA, beneficiando milhões de pessoas em todo o mundo.
A doença de Alzheimer (DA) é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Com o avanço das pesquisas, biomarcadores sanguíneos têm ganhado destaque como ferramentas importantes para melhorar o diagnóstico, o monitoramento e o tratamento dessa doença.
Um biomarcador é uma característica biológica mensurável que indica um processo normal, uma condição ou doença, ou a resposta do corpo a um tratamento. Pode ser detectado em fluidos corporais, tecidos ou exames de imagem.
Essas ferramentas prometem reduzir a necessidade de exames invasivos e caros, como a análise de líquido cefalorraquidiano (LCR) ou a tomografia por emissão de pósitrons (PET), que geralmente estão disponíveis apenas em centros especializados.
Biomarcadores sanguíneos oferecem uma maneira menos invasiva, mais acessível e escalável de avaliar a presença da doença de Alzheimer. Eles possibilitam uma identificação precoce e precisa da condição, especialmente em locais onde exames avançados não estão disponíveis.
Isso significa que mais pacientes poderão ser diagnosticados com rapidez e receber o tratamento adequado em estágios iniciais, quando as intervenções podem ser mais eficazes.
Entre os diversos candidatos a biomarcadores sanguíneos, a proteína tau fosforilada (p-tau) tem se destacado como a mais promissora. Em particular, a versão fosforilada na treonina 217 (p-tau217) mostrou resultados altamente precisos na identificação da DA e na distinção entre essa doença e outros distúrbios neurodegenerativos.
A proteína p-tau desempenha um papel fundamental no diagnóstico da DA porque está diretamente associada a dois dos principais processos patológicos da doença. A deposição de placas de amiloide beta (Aβ).
Essas placas se acumulam entre os neurônios e são uma característica marcante da DA. Alem disso, promove emaranhados neurofibrilares, que são formados por agregados anormais de tau, esses emaranhados causam a destruição das conexões neuronais e a morte celular.
Proteína tau interrompe o transporte molecular em neurônios na doença de Alzheimer
O p-tau217 tem demonstrado desempenho superior na identificação da DA, mesmo em estágios iniciais ou assintomáticos. Ele é especialmente útil porque se correlaciona com os níveis de Aβ e com a gravidade dos emaranhados neurofibrilares.
Estudos mostram que este biomarcador pode identificar alterações cerebrais relacionadas à DA com uma precisão superior a 90%.
Embora outros biomarcadores, como a proporção β amiloide 42/40 (Aβ42/40), também sejam usados, eles apresentam limitações quando avaliados no sangue. Já o p-tau217 oferece resultados mais consistentes e precisos.
Em comparação com outros subtipos de p-tau (como p-tau181 e p-tau231), o p-tau217 exibe mudanças mais significativas nos níveis sanguíneos, facilitando a detecção da doença, mesmo em casos de comprometimento cognitivo leve (MCI).
Pesquisas recentes analisaram a eficácia do p-tau217 em três grandes coortes (estudos) observacionais:
TRIAD: Incluiu 268 participantes, com um equilíbrio entre indivíduos sem comprometimento cognitivo e aqueles com DA ou outros tipos de demência.
WRAP: Reuniu 323 indivíduos, majoritariamente sem comprometimento cognitivo.
SPIN: Com 195 participantes, focou em indivíduos com DA e MCI devido à doença.
Os estudos confirmaram que o p-tau217 é altamente eficaz na detecção de patologia amiloide e tau, sendo comparável a métodos invasivos como análise de LCR ou PET.
Os avanços no uso do p-tau217 são especialmente importantes em um momento em que terapias anti-amiloide estão começando a ser usadas para tratar a DA.
Com um biomarcador sanguíneo confiável, é possível identificar os pacientes que se beneficiarão mais dessas terapias. Além disso, o uso de intervalos de referência padronizados para os níveis de p-tau217 pode reduzir a necessidade de testes confirmatórios, acelerando o diagnóstico.
Os dados também mostram que os níveis de p-tau217 aumentam ao longo do tempo em indivíduos com alta carga de Aβ, refletindo a progressão da doença. Isso indica que o p-tau217 pode ser usado não apenas para o diagnóstico inicial, mas também para monitorar a evolução da DA.
Apesar do potencial promissor, a disponibilidade de ensaios comerciais para medir o p-tau217 ainda é limitada. Um dos objetivos atuais é expandir o acesso a esses testes para pesquisa e prática clínica. Estudos futuros continuarão a explorar a utilidade do p-tau217 em diferentes populações e sua integração com outras ferramentas de diagnóstico.
O p-tau217 emergiu como um biomarcador sanguíneo revolucionário para a doença de Alzheimer. Ele oferece uma maneira acessível e precisa de detectar alterações patológicas da DA em todos os estágios da doença.
Com mais estudos e melhorias na disponibilidade de ensaios, o p-tau217 tem o potencial de transformar o diagnóstico e o tratamento da DA, beneficiando milhões de pessoas em todo o mundo.
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Diagnostic Accuracy of a Plasma Phosphorylated Tau 217 Immunoassay for Alzheimer Disease Pathology
Hanna Huber, Laia Montoliu-Gaya, Wagner S. Brum, Jakub Vávra, Yara Yakoub, Haley Weninger, Silke Kern, Barbara Borroni, Anne Corbett, Oskar Hansson, Xavier Morató, Henrik Zetterberg, Kaj Blennow, and Nicholas J. Ashton
JAMA Neurol. 2024;81(3):255-263.
doi:10.1001/jamaneurol.2023.5319
Abstract:
Phosphorylated tau (p-tau) is a specific blood biomarker for Alzheimer disease (AD) pathology, with p-tau217 considered to have the most utility. However, availability of p-tau217 tests for research and clinical use has been limited. Expanding access to this highly accurate AD biomarker is crucial for wider evaluation and implementation of AD blood tests. To determine the utility of a novel and commercially available immunoassay for plasma p-tau217 to detect AD pathology and evaluate reference ranges for abnormal amyloid β (Aβ) and longitudinal change across 3 selected cohorts. This cohort study examined data from 3 single-center observational cohorts: cross-sectional and longitudinal data from the Translational Biomarkers in Aging and Dementia (TRIAD) cohort (visits October 2017–August 2021) and Wisconsin Registry for Alzheimer’s Prevention (WRAP) cohort (visits February 2007–November 2020) and cross-sectional data from the Sant Pau Initiative on Neurodegeneration (SPIN) cohort (baseline visits March 2009–November 2021). Participants included individuals with and without cognitive impairment grouped by amyloid and tau (AT) status using PET or CSF biomarkers. Data were analyzed from February to June 2023. Magnetic resonance imaging, Aβ positron emission tomography (PET), tau PET, cerebrospinal fluid (CSF) biomarkers (Aβ42/40 and p-tau immunoassays), and plasma p-tau217 (ALZpath pTau217 assay). Accuracy of plasma p-tau217 in detecting abnormal amyloid and tau pathology, longitudinal p-tau217 change according to baseline pathology status. The study included 786 participants (mean [SD] age, 66.3 [9.7] years; 504 females [64.1%] and 282 males [35.9%]). High accuracy was observed in identifying elevated Aβ (area under the curve [AUC], 0.92-0.96; 95% CI, 0.89-0.99) and tau pathology (AUC, 0.93-0.97; 95% CI, 0.84-0.99) across all cohorts. These accuracies were comparable with CSF biomarkers in determining abnormal PET signal. The detection of abnormal Aβ pathology using a 3-range reference yielded reproducible results and reduced confirmatory testing by approximately 80%. Longitudinally, plasma p-tau217 values showed an annual increase only in Aβ-positive individuals, with the highest increase observed in those with tau positivity. This study found that a commercially available plasma p-tau217 immunoassay accurately identified biological AD, comparable with results using CSF biomarkers, with reproducible cut-offs across cohorts. It detected longitudinal changes, including at the preclinical stage.
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