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A Ansiedade Faz Você Não Ver Seus Próprios Triunfos

  • Foto do escritor: Lidi Garcia
    Lidi Garcia
  • há 6 dias
  • 4 min de leitura

O estudo investigou como a ansiedade e a depressão afetam a forma como as pessoas formam sua confiança, especialmente ao receber feedback sobre seu desempenho. Os pesquisadores descobriram que, em comparação com pessoas sem esses sintomas, indivíduos com ansiedade e depressão tendem a focar mais nas críticas do que nos elogios. Isso faz com que sua confiança seja mais afetada por feedback negativo, mesmo quando têm um bom desempenho.


Nos últimos anos, pesquisadores têm feito grandes progressos em entender como as pessoas formam a confiança em si mesmas e nos outros, especialmente quando se trata de tomar decisões sobre o futuro. A formação dessa confiança envolve uma série de cálculos mentais, mas ainda não está claro como esses processos funcionam em pessoas que apresentam sintomas de ansiedade e depressão. 


Uma ideia interessante é que, para essas pessoas, a confiança pode ser influenciada por uma tendência a focar mais nas informações negativas do que nas positivas quando fazem previsões sobre o futuro, especialmente no que diz respeito a si mesmas. Ou seja, elas podem ter uma visão mais negativa sobre suas habilidades e sobre o que esperar das situações, o que pode afetar sua confiança.


Estudos recentes descobriram que pessoas com sintomas de ansiedade e depressão tendem a se concentrar mais em experiências negativas do que em positivas, especialmente quando estão tentando aprender com o que aconteceu no passado ou quando recebem feedback sobre seu desempenho.  

Essa tendência pode fazer com que elas distorçam o feedback que recebem, sendo mais impactadas por críticas do que por elogios. Em outras palavras, ao formar uma ideia geral sobre sua própria confiança, essas pessoas podem ser mais influenciadas por comentários negativos do que por positivos, o que pode afetar a confiança que elas têm em si mesmas. 


Além disso, isso pode interferir em como elas veem sua autoestima, que é uma crença mais ampla sobre seu valor pessoal. Essas influências podem ultrapassar tarefas específicas e afetar sua visão geral de si mesmas.


Neste estudo, os pesquisadores da University College London queriam entender como as pessoas com sintomas de ansiedade e depressão formam sua confiança geral, especialmente em comparação com aqueles que não têm esses sintomas. Eles manipularam o feedback que as pessoas recebiam sobre seu desempenho para ver como isso afetava a confiança delas.  

Usando um modelo computacional, os pesquisadores conseguiram identificar diferentes maneiras pelas quais os sintomas de ansiedade e depressão alteram a forma como as pessoas respondem ao feedback e como isso afeta sua confiança. 


Por exemplo, as pessoas com sintomas de ansiedade e depressão poderiam ser mais sensíveis a feedback negativo, ou poderiam ter um viés geral de resposta mais negativa, o que significa que elas tendem a interpretar os feedbacks de maneira mais desfavorável, mesmo quando o feedback não é tão negativo assim.


Esses mecanismos foram testados em dois experimentos distintos, usando tarefas que envolviam diferentes tipos de habilidades cognitivas, como percepção e memória. O objetivo era ver se o impacto do feedback sobre a confiança das pessoas se aplicava não apenas a uma tarefa específica, mas também a áreas mais amplas da autoavaliação afetiva, ou seja, como elas se sentem sobre si mesmas após receber esse feedback. 


A primeira parte do estudo foi realizada com um grupo de 230 pessoas, enquanto a segunda parte envolveu um grupo de 278 pessoas. Antes de iniciar os experimentos, os pesquisadores já haviam registrado suas hipóteses e planos de análise para garantir a transparência e a validade dos resultados.

Os resultados dos dois experimentos mostraram que o feedback teve um grande impacto na  confiança global das pessoas e também afetou suas autoavaliações emocionais posteriores. 


Em termos simples, isso significa que as pessoas mudaram a forma como viam sua própria confiança depois de receberem feedback sobre seu desempenho. No entanto, uma descoberta importante foi que as pessoas com sintomas mais intensos de ansiedade e depressão mostraram uma resposta diferente ao feedback. 


Embora elas ainda fossem sensíveis ao tipo de feedback (positivo ou negativo), elas tinham menos sensibilidade a aumentos na confiança local, ou seja, mesmo quando o feedback foi positivo, elas não aumentaram tanto sua confiança.


Esses resultados ajudam a explicar por que pessoas com ansiedade e depressão muitas vezes continuam inseguras, mesmo quando têm um bom desempenho. Em outras palavras, elas podem não se beneficiar tanto de feedback positivo como as pessoas sem esses sintomas, o que pode contribuir para a sensação persistente de insegurança e falta de confiança.



LEIA MAIS:


Distorted learning from local metacognition supports transdiagnostic underconfidence

Sucharit Katyal, Quentin JM Huys, Raymond J. Dolan & Stephen M. Fleming 

Nature Communications, volume 16, Article number: 1854 (2025)


Abstract


Individuals experiencing symptoms of anxiety and depression have been shown to exhibit persistent underconfidence. The origin of such metacognitive biases presents a puzzle, given that individuals should be able to learn appropriate levels of confidence from observing their own performance. In two large general population samples (N = 230 and N = 278), we measure both 'local' confidence in individual task instances and 'global' confidence as longer-run self-performance estimates while manipulating external feedback. Global confidence is sensitive to both local confidence and feedback valence—more frequent positive (negative) feedback increases (respectively decreases) global confidence, with asymmetries in feedback also leading to shifts in affective self-beliefs. Notably, however, global confidence exhibits reduced sensitivity to instances of higher local confidence in individuals with greater subclinical anxious-depression symptomatology, despite sensitivity to feedback valence remaining intact. Our finding of blunted sensitivity to increases in local confidence offers a mechanistic basis for how persistent underconfidence is maintained in the face of intact performance.

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